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Tecnologia

A Previsão do Tempo de 2050: Ela Parece Bem Apocalíptica

O dia em que a Organização das Nações Unidas e o Weather Channel se juntaram para produzir ficção científica.

Parece uma perspectiva improvável que o Wheather Channel (canal especializado, bem, em tempo) e a equipe das Nações Unidas se juntariam para produzir uma ficção científica, mas é isso que estamos vendo: ficção especulativa na forma de previsão do tempo de TV entregue em 2050, não muito distante da nossa mudança climática futura.

Três das personalidades estrelas do canal – Sam Champion, Jim Cantore e Stephanie Abrams – contribui para um segmento que imagina os EUA sitiado pelo tipo extremo de clima no qual cientistas apostam que pode acontecer no meio do século. Com enchentes, a secas e a onda de calor desenfreadas.

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Miami está debaixo d'água, informa Cantore, com água da enchente de CGI até as canelas, apesar de a tempestade estar a centenas de quilômetros do mar – graças à mudança climática ter elevado o nível dos mares. Enquanto isso, é começo de outono e Chicago está perdida em uma megaseca e a economia do Ártico está bombando. A notícia é entregue, claro, com o estilo Minority Report, alternando efeitos visuais holográficos.

Tudo pode parecer distorcido e um pouco piegas, mas papo sério: é o máximo que eu esperaria de uma ficção científica produzida pelo canal do tempo que apresenta um anúncio do Secretário Geral da ONU Ban Ki. É efetivo, uma ferramenta amigável à internet, e assinantes de TV a cabo poderão ver rostos familiares apresentando a sombrio previsão do tempo do futuro.

"Esse vídeo do Weather Channel de uma previsão do tempo em 2050 pode ser a defesa mais atraente do clima que eu já vi", tuitou o repórter meteorológico Andrew Freedman. Ele também notou que o vídeo "representa um movimento de defesa quase agressiva da parte do Weather Channel, que começou a cobrir a mudança climática rotineiramente nos últimos dois anos, depois de ter ignorado isso por muito anos".

O vídeo é parte de um projeto com a Organização Meteorológica, que trabalha com as Nações Unidas para chamar atenção para o próximo Climate Week, em Nova York. O primeiro programa mostrou uma coleção de climas ficcionais do mundo e acumulou algumas centenas de milhares de visualizações no YouTube.

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Os eventos dramatizados nos dois programas estão completamente de acordo com o que os cientistas especializados em clima esperam ver enquanto os humanos soltarem carbono que saturam a atmosfera – porra, o sudoeste dos EUA pode estar no meio de uma seca agora mesmo, e Chicago está tomando providências para se preparar para a crescente onda de calor já pronta para varrer durante esses meses de verão. Em São Paulo, então, nem se fala.

A costa da Flórida ainda não está debaixo d'água, mas os cientistas acham que isso é só uma questão de tempo.

E esse é o benefício de uma ficção especulativa do futuro próximo repleta de celebridades como essa; nos ajuda a contextualizar a calamidade de um jeito mais visceral do que um relatório do IPCC ou um gráfico de temperatura ou um post de blog com uma imagem de uma geleira derretendo. Houve uma mudança geral na comunicação climática para focar nos impactos de médio prazo – o grande relatório de clima do Obama focado quase exclusivamente localmente – e essa produção reflete essa tendência.

É por isso que não há nada que deve parecer rebuscado aqui, pelo menos para alguém familiar com as últimas pesquisas de clima – variantes graves, mas um pouco menos mortais, desses eventos extremos estão se desenvolvemos enquanto conversamos e a mudança climática está incitando-as.