​O vibrador do futuro não vibrará
O vibrador SaSi, da Je Joue. GIF: Lux Alptraum/Je Joue YouTube.

FYI.

This story is over 5 years old.

Tecnologia

​O vibrador do futuro não vibrará

Toys com língua, de estimulação elétrica, de penetração. Compilamos aqui novos e tecnológicos aparelhinhos que ocuparão o mercado – e seu quarto – daqui a alguns anos.

A ascensão dos vibradores é, de certa forma, um acidente. Era, de início, um dispositivo médico que promovia "alívio manual" (leia-se: siririca) para as mulheres que supostamente sofriam de histeria. Os artefatos se popularizaram ao longos dos anos não pelos trunfos científicos, mas porque eram a melhor alternativa para levar uma mulher ao orgasmo. Estava disponível, funcionava e era o que todas queriam.

Publicidade

Mesmo quando os produtos para a masturbação começaram a sair das sombras – ocuparam as prateleiras da sex shop, digamos assim –, os fabricantes permaneceram com os vibradores como principal meio de estimulação porque, bem, se ele não quebra, não é necessário consertá-lo. Ou, se preferimos uma analogia mais esportiva, em time que está ganhando não se mexe.

A partir de conversas com as fabricantes de sex toys, ficou claro para mim que os brinquedos não são lucrativos o suficiente para que a pesquisa e o desenvolvimento constantes façam sentido, então a maioria das empresas prefere fazer melhorias sutis no formato já existente em vez de aparecer com algo totalmente novo.

Entretanto, conforme esse mercado se torna cada vez mais volumoso, o velho bordão "aquele brinquedinho de que você gosta, mas um pouco diferente!" está emplacando cada vez menos. Como resultado, cada vez mais empresas estão se distanciando do formato vibratório tradicional e explorando outras formas de estimulação sexual.

Estamos para ver se algum desses produtos vai substituir o vibrador. Velhos hábitos são difíceis de mudar, principalmente os masturbatórios. Segue, abaixo, um panorama de alguns modos com os quais você vai se deparar nos próximos anos:

Toys de pressão

Em 2008, uma empresa europeia conhecida como Je Joue lançou o SaSi, um vibrador tão diferente que Claire Cavanah, fundadora da Babeland, o chamou de "o vibrador mais inovador" já visto em seus 15 anos de experiência nos negócios da Babeland. Por que o SaSi é tão diferente? Além da vibração, o toy tem uma pequena protuberância na parte "de dentro" que pode se mover para frente e para trás (ou lado a lado, ou para cima e para baixo, ou em círculos), imitando a sensação criada por, digamos, um dedo ou língua massageando gentilmente o clitóris.

Infelizmente, a SaSi estava um pouco à frente de seu tempo e sofreu com interface complicada para a maioria das usuárias. Após anos no mercado, a Je Joue parou de vender o item, assim como a maioria de seus varejistas. Porém, sua inovação permanece com o LELO Ora, uma versão simplificada do mesmo conceito. Com sorte, ele encontrará seu rumo com outras ofertas (principalmente desde que o apoio ao LELO ficou menos interessante depois que colocaram o Charlie Sheen como porta-voz para o uso de camisinha).

Publicidade

Toys de sucção

Os toys de sucção estão por aí há algum tempo, rotulados de "bomba de clitóris" ou "bomba de boceta", e comercializados para um público fetichista que busca aumentar e prolongar a sensibilidade do clitóris e da vulva. Mas foi só recentemente que o mecanismo encontrou seu rumo, com produtos mais populares, dentre eles o Womanizer e o Fiera, que oferecem sucção clitoriana em vez da (ou além da) vibração clássica.

Ao levar em consideração que chupar as partes de uma mulher é tido há muito tempo como algo bastante excitante, é surpreendente que toys de sucção demoraram tanto para encontrar seu lugar em meio a um público numeroso. Porém, com sorte, a embalagem feminina do Fiera e do Womanizer (o qual, é importante observar, contém "elementos Swarovski") vai ajudar a transformar o favorito do fetiche em uma forma universalmente aceita de estimulação sexual.

Toys de penetração

Será que um toy é capaz de reproduzir fielmente a sensação da trepada? Se você se refere à conexão profunda e emocional de estar intimamente ligada com outra pessoa, não. Mas se você se refere à sensação física de um objeto duro sendo metido em movimentos para dentro e para fora… Talvez.

Ao longo dos anos, algumas empresas têm tentado recriar a sensação do sexo; a mais notável delas é a máquina de sexo Sybian. Porém, como muitos de nós não dispomos de orçamento (ou de espaço) para um dispositivo do tipo da Sybian, é complicado imaginar que uma máquina de sexo se torne popular. Então a Fun Factory apareceu com algumas opções que cabem no orçamento e que permanecem nos movimentos para frente e para trás.

Publicidade

A linha Stronic da Fun Factory utiliza ímãs para movimentar o toy para frente e para trás (e para frente e para trás). Embora não seja o mesmo que uma Sybian, os produtos são um bom alívio a todos que desejam um pouco mais do velho tira e põe do que simplesmente um zumbido genérico.

Toys de estimulação elétrica

A estimulação elétrica pode ser muito, muito fetiche para conseguir se popularizar, mas ao menos duas empresas – incluindo a Jimmyjane, mais conhecida por transformar sex toys de luxo em coisas importantes – têm produtos que combinam choques elétricos com a vibração. A oferta da Jimmyjane é o Hello Touch X, um dedo vibrador com adicional. Tem também o Electric Eric, um vibrador de aspecto nada ameaçador com um modo de estimulação eletrônica.

O estigma da eletrocussão pode ser demais para que muitos usuários dos produtos mais tradicionais consigam superá-lo, porém, esses produtos estão, certamente, oferecendo um tipo de sensação a mais além do vibrador tradicional.

Toys com línguas

Por fim, temos toys como o Sqweel, que oferece às usuárias uma roda giratória de línguas que "lambem" o clitóris em uma rápida sucessão. Nunca fiquei impressionada com esse tipo de mecanismo (o giro das línguas tende a diminuir, ou mesmo parar, quando o toy é pressionado junto ao corpo, então quando você estiver superexcitada, pode acabar desligando o brinquedo), mas, definitivamente, é diferente. Quem sabe algum empresário do ramo descubra um jeito de aprimorar o conceito.

***

Por mais que esses produtos sejam promissores, vai levar algum tempo para derrubar a dominância do vibrador no mercado. Mas vamos enxergar pelo lado bom: se o vibrador nunca foi muito a sua praia, pelo menos você contará, cada vez mais, com mais opções nas prateleiras das sex shops.

Tradução: Amanda Guizzo Zampieri