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Tecnologia

O Delicioso Retorno dos Clássicos Jogos Adventure de Point-and-Click

A Sierra foi ressuscitada, e o gênero que tinha perdido espaço está voltando de vez. E isso é ótimo.
Cena de Gabriel Knight

Você pode colocar a culpa numa nostalgia crescente por parte de gamers mais velhos ou até mesmo no ao cansaço causado pelo lançamento de incontáveis jogos de tiro em primeira pessoa, mas os adventures point-and-click – um nome surgido numa época em que o clicar de um mouse ainda era um conceito inovador – estão no seu ano mais agitado em décadas.

O gênero nunca se foi de vez, claro. Empresas de games e desenvolvedores indies continuaram criando esses jogos ano após ano, alguns seguindo os moldes mais clássicos, enquanto outros apenas usavam uma leve inspiração do passado. De fato, os últimos anos contaram com diversos títulos que deram nova vida ao gênero, de The Walking Dead e outros jogos episódicos da Telltale Games até a ousada e inovadora narrativa de Gone Home. Mas este ano parece ser diferente.

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Esta sensação não era mais evidente que na semana passada, quando a Activision revelou estar reativando a marca Sierra, nome que você pode achar levemente familiar ou lembrar com carinho dependendo da sua idade e proximidade com os games nos anos 80 e 90. No auge, a única marca tão sinônima de adventures quanto a Sierra era a Lucasfilm, lançando clássicos como Quest e suas várias sequências até a série Gabriel Knight, que muitos consideram seu ponto alto.

Nesta semana a Activision confirmou que a reavivada Sierra terá "foco exclusivo em desenvolvimento de jogos independentes" e produzirá uma gama de novos títulos e "versões contemporâneas de amados clássicos Sierra", incluindo aí um novo título de King's Quest para 2015.

Provavelmente a Activision não traria este nome de volta das profundezas se não achasse que é a época certa (e que poderia ganhar uma graninha com isso), e a empresa tem muitas razões para pensar desse jeito. Uma delas surgiu no começo deste ano, quando uma das campanhas do Kickstarter mais bem-sucedidas de 2013 foi entregue aos seus apoiadores.

Percebendo que haveria um revival do adventure clássico, Tim Schafer (conhecido por seu trabalho em Grim Fandango), recorreu ao site de crowdfunding para levantar 400 mil dólares com o objetivo de criar um jogo que até então era conhecido apenas como Double Fine Adventure. Ao final do período de financiamento, 87.142 apoiadores haviam contribuídos com mais de 3,3 milhões de dólares para o projeto, e o jogo completo, Broken Age, agora encontra-se disponível em diversas plataformas.

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Como resultado não tão indireto deste sucesso, Schafer agora trabalha em uma versão remasterizada de Grim Fandango, com apoio da Sony para lançamento nas plataformas Playstation 4 e Vita, além de versões para Mac e PC.

Não é só este adventure clássico que está recebendo um revival. O primeiro game da série Gabriel Knight mencionada ali em cima também conta com uma versão remasterizada à caminho, na esteira de um novo título de sua criadora, a pioneira Jane Jensen – Moebius: Empire Rising, lançado em abril deste ano.

E uma das mais conhecidas séries do subgênero de aventures em full-motion video (ou FMV), a pós-apocalíptica e bem-humorada Tex Murphy também ganhou uma antecipada sequência em 2014. Ela também foi financiada de forma bem-sucedida pelo Kickstarter, onde sequências de The Longest Journey e Broken Sword superaram, com facilidade, seus objetivos iniciais, bem como outros títulos menores que também conseguiram seu financiamento.

Até mesmo as versões clássicas e não remasterizadas recebem sua chegada chance de chegar ao público graças a sites como o GOG.com, que prontamente (e a preços baixos) disponibilizam os jogos, tirando qualquer dificuldade na hora de rodá-los em computadores modernos.

Se isto realmente será um revival genuíno ou apenas trata-se de algo que nem era mesmo tido como um mercado transformando-se em um nicho é algo que teremos que esperar pra ver. Mas não é difícil entender o motivo de os gamers e criadores de games estarem vendo o gênero com outros olhos. Enquanto atualmente a maioria dos jogos populares continua girando em torno de muita ação e armas, há mais experimentação acontecendo do que nunca. Serviços como Steam e Xbox Live, sem contar lojas de aplicativos de smartphones e tablets, facilitaram a vida de desenvolvedores independentes que buscam um público mais amplo, e já vimos caso após caso que existe um público em busca de algo diferente.

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Para quem busca novas formas de se contar uma história, o adventure é algo diferente – amplo e flexível o bastante enquanto gênero para permitir o máximo em experimentação, algo que começamos a ver no final dos anos 90 e começo dos 2000 quando os desenvolvedores mergulharam os pés em ambientes completamente tridimensionais.

Na época não deu muito certo, geralmente resultando em uma interface que atrapalhava a narrativa de uma história ao invés de dar novas oportunidades para contá-la. Agora, cenários tridimensionais completamente interativos são a regra, a ponto de até mesmo uma equipe pequena de desenvolvedores conseguir produzir um game tão atrativo e acessível quanto Gone Home.

A mecânica de cliques natural ao adventure tradicional acaba por ser ideal para tablets e smartphones, o que já resultou em atualizações de alguns clássicos para estas plataformas, algo que oferece novas possibilidades por si só em termos de narrativa e exploração.

Talvez vejamos algo nesse sentido da recém-revivida Sierra. Caso contrário, há diversas oportunidades para que outros assumam o trono.

Tradução: Thiago "Índio" Silva