​Novo vale descoberto em Mercúrio é maior, bem maior do que o Grand Canyon
O recém-descoberto vale de Mercúrio imaginado em azul-escuro com base nas observações feitas pela nave MESSENGER da NASA. Crédito: NASA/JHUAPL/Carnegie Institution of Washington/DLR/Smithsonian Institution

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​Novo vale descoberto em Mercúrio é maior, bem maior do que o Grand Canyon

Imagine aí a extensão da distância entre São Paulo e Brasília.

Cientistas descobriram um vale gigante em Mercúrio, de acordo com uma nova pesquisa da publicação americana Geophysical Research Letters.

Estendendo-se por 1.000 km pela cratera Rembrandt, no hemisfério sul do planeta, a fenda, ainda sem nome, é maior do que o Grand Canyon – cujas medidas são de 446 km de comprimento e 29 km de largura. Em termos de extensão, o valor é quase o mesmo que a distância entre a cidade de São Paulo e Brasília.

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Entretanto, diferentemente do desfiladeiro terráqueo, o vale recém-descoberto de Mercúrio não foi formado por erosões fluviais lentas. Em vez disso, os pesquisadores acreditam que o vale seja resultado da resistência do pequeno planeta enquanto ele se contrai em uma bola ainda menor.

"O grande vale de Mercúrio é resultado da contração de um planeta que se encolhe em uma placa", declarou Tom Watters, cientista sênior do Museu Nacional Smithsonian Air and Space e autor principal da pesquisa.

Há tempos que os cientistas suspeitam que Mercúrio seja um planeta que se "encolhe", para citar a NASA. Décadas de pesquisa e exploração revelaram que esse pequeno planeta, cerca de 1,4 vezes maior que a Lua, é dominado por um núcleo denso que ocupa 85% do raio do planeta (em comparação, o núcleo da Terra se estende por somente 50% de seu raio).

Animação em vídeo do novo vale de Mercúrio. Vídeo: NASA/JHUAPL/Carnegie Institution of Washington/DLR/YouTube

Desde a origem do sistema solar, o núcleo de Mercúrio tem esfriado e se contraído, o que fez todo o planeta se encolher. Como as entranhas de Mercúrio estão seladas dentro de uma única placa de litosfera, esse efeito de contração fez sua superfície se dobrar ao longo das falhas. De acordo com Watters e sua equipe, essa é a explicação mais plausível para a criação do vale gigante e das rugas massivas ao seu redor.

De fato, observações da nave MESSENGER da NASA sugerem que Mercúrio é cerca de 15 km menor em diâmetro do que era há quatro bilhões de anos. Não é de se impressionar que ele tenha essa característica retorcida em sua superfície. Assim como uma abóbora esquecida por muito tempo em cima da geladeira, o planeta mais ao centro de nosso sistema solar está entrando em si mesmo conforme seu interior gradualmente entra em colapso. E, assim, deixa seus restos à mostra.

Tradução: Amanda Guizzo Zampieri