​Lucy, nossa ancestral primitiva, morreu de forma trágica e repentina
Parece que os acidentes nos acompanham desde sempre. Crédito: Lee Roger Berger/Wikimedia

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​Lucy, nossa ancestral primitiva, morreu de forma trágica e repentina

Parece que os acidentes nos acompanham desde sempre.

Você já se perguntou como Lucy, nossa famosa ancestral fossilizada, morreu? Pois não se pergunte mais: tudo indica que ela caiu de uma árvore.

Um novo estudo da Universidade do Texas, nos EUA, revela que o úmero (o osso entre o ombro e o cotovelo) direito de Lucy foi fraturado de uma forma incomum para a maioria dos fósseis. John Kappelman, principal autor do estudo e professor de antropologia e ciências geológicas na Universidade do Texas em Austin, notou que as fissuras do fóssil eram limpas e afiadas, com pequenos fragmentos ósseos ainda no lugar.

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Lucy é o nome dado a várias centenas de pedaços de ossos que compõem 40% do esqueleto de uma Australopithecus afarensis fêmea que viveu há 3.18 milhões de anos, descoberta na Etiópia pelo paleoantropólogo Donald Johanson e o mestrando Tom Gray. Embora Lucy, uma "bípede terrestre", tenha sido capaz de ficar ereta e andar sobre dois pés, muitos cientistas discutem se ela e o resto de sua espécie ainda conservavam o hábito de viver sobre árvores.

"É irônico que o fóssil que está no centro do debate sobre o papel do arborealismo na evolução humana tenha, muito provavelmente, morrido em decorrência de ferimentos causados por uma queda de árvore", disse Kappelman em um comunicado.

Para estudar a ossada em seus mínimos detalhes, o corpo de Lucy foi digitalizado na Unidade de Tomografia Computadorizada de Alta Resolução da UT Austin. A máquina de tomografia computadorizada utilizada para escanear seu corpo pode atravessar materias sólidos como pedra e madeira. "Nós não digitalizamos Lucy para descobrir mais sobre sua morte. Queríamos descobrir como ela viveu, não como ela morreu", conta Richard Ketcham, geólogo e chefe da unidade. "Mas mesmo a morte de Lucy diz muito sobre sua vida, mostrando, mais especificamente, que ela passava parte de seu tempo em cima de árvores".

Os exames revelaram que a fratura no osso de Lucy foi causada por uma queda: quando sua mão tocou o solo, seu ombro foi afetado e seu úmero, fraturado. O Dr. Stephem Pearce, um cirurgião ortopédico da Austin Bone and Joint Clinic utilizou um modelo tridimensional de Lucy para confirmar que o ferimento aparenta ser uma fratura do úmero proximal em quatro partes, ocorrida quando Lucy caiu de uma certa altura com o braço estendido para armotecer a queda.

Kappelman também identificou outras fraturas menores em diferentes partes do corpo de Lucy, o que dá base à teoria da queda. Como tudo indica que essas fraturas nunca cicatrizaram, é provável que Lucy tenha morrido pouco tempo após o acidente.

"Quando a gravidade dos ferimentos de Lucy vieram à tona, sua figura invadiu minha mente, e fui tomado por um raio de empatia que ultrapassou o tempo e o espaço", diz Kappelman. "Lucy deixou de ser um punhado de ossos e se tornou uma pessoa de verdade: um corpo pequeno, fraturado e indefeso caído ao pé de uma árvore".

Tradução: Ananda Pieratti