​Fumar maconha por tabela prejudica ratos. Mas e os seres humanos?
Uma nova pesquisa com ratos diz que a fumaça da maconha é mais danosa às artérias do que a do tabaco. O que podemos concluir disso? Crédito: Pixabay

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​Fumar maconha por tabela prejudica ratos. Mas e os seres humanos?

Uma nova pesquisa com ratos diz que a fumaça da maconha é mais danosa às artérias do que a do tabaco. O que podemos concluir disso?

Fumar perto dos amigos pode deixá-los chapados por tabela, mas será que é só isso mesmo? Será que eles não sofrem algum malefício? Parece que um pouco, sim. Pelo menos é o que sugere um novo estudo cuja conclusão é que a fumaça da droga pode ser pior que a do cigarro. Ao menos para os ratos.

Publicada na semana passada pela American Heart Association, a pesquisa revelou que, ao serem expostos ao equivalente a um minuto de fumaça de maconha, os ratinhos sofreram com alterações em seus vasos sanguíneos e, em comparação à exposição ao tabaco, demoraram muito mais para atuarem normalmente.

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Para sermos mais exatos: as artérias dos ratos transportavam o sangue de forma menos eficaz por 90 minutos após um único minuto de exposição à fumaça da cannabis – 30 minutos no caso do tabaco.

"Muitas pessoas evitam serem expostas à fumaça de tabaco, mas acreditam que a da maconha é benigna", afirmou o Dr. Matthew Springer, professor de medicina e principal autor da pesquisa. "Com uma legalização cada vez mais ampla da maconha, as oportunidades que as pessoas tem de fumo passivo também aumentarão, e quem fuma maconha por questões de saúde pode não perceber que suas famílias e vizinhos podem ser afetados pela fumaça."

Segundo o médico, efeitos na função arterial por causa da fumaça do cigarro podem ter impactos no longo prazo, então é possível que o mesmo valha com a maconha. As artérias que levam o sangue de forma menos eficiente acabam limitando a quantidade de oxigênio no coração, que pode aumentar as chances de um infarto ou parada cardíaca – especialmente se a pessoa tem uma saúde mais vulnerável.

Mas um estudo feito com ratos pode ser aplicado adequadamente a seres humanos?

Springer diz que sim. "Notavelmente, seres humanos e ratos reagem de forma semelhante à exposição à fumaça de cigarro e maconha (com maior duração para a maconha)", comentou. "Logo, faz sentido suspeitar que reajam da mesma forma".

O cardiologista Dr. John Pippin, diretor de assuntos acadêmicos do Comitê de Médicos em Prol da Medicina Responsável, discorda. Já é sabido que a inalação de fumaça faz com que os vasos sanguíneos se contraiam, disse Pippin, não importa se é maconha, cigarro, uma fogueira ou mesmo incensos.

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Pippin comenta também que as conclusões do estudo sobre ratos não nos dizem nada sobre os efeitos em seres humanos, já as comparações fisiológicas entre pessoas e ratos não são confiáveis. Além disso, ele cita sua própria pesquisa que afirma que 95% dos medicamentos bem-sucedidos em ratos acabam falhando em humanos.

"Do meu ponto de vista: não acenda aquele bong com seu ratinho de estimação ao lado."

"Por isso digo que esta é uma das pesquisas mais inúteis que já vi", comentou. "Do meu ponto de vista: não acenda aquele bong com seu ratinho de estimação ao lado."

Ao passo em que Pippin aponta que muitos participariam voluntariamente de um estudo que os expusesse à fumaça de maconha, Springer afirma que o status legal da maconha complica os experimentos envolvendo humanos.

"Mesmo assim, creio que no final das contas precisamos de mais pesquisas de como os seres humanos reagem à fumaça", sentencia Springer.

Tradução: Thiago "Índio" Silva