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Tecnologia

Quanto Mais Escandaloso o Macaco, Menores Suas Bolas

Estudo de Cambridge atesta que bugios boludos são calmos e não gritam muito alto.
Crédito: Mariana Raño

Bugios são os animais terrestres mais barulhentos do planeta. Se você nunca cruzou com um, sorte sua. Os bichos são capazes de urrar a 140 decibéis – o mesmo que tiros ou fogos de artifício. Os piores são os machos. Eles usam suas habilidades para anunciar boa condição sexual e mandam uns xavecos para as fêmeas de estourar os tímpanos.

Mas se liga nessa: em uma belíssima reviravolta científica, pesquisadores acabam de descobrir que quanto mais ruidoso o chamado do símio, menores são seus testículos. O estudo é sério. Saiu há pouco no periódico Current Biology.

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Os autores da descoberta são cientistas da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, que compararam o tamanho de dezenas de testículos de macacos com os ossos hioides localizados em suas cordas vocais. A revelação foi que há uma correlação negativa entre o dote testicular e o volume do rugido.

"Descobrimos que machos com hioides maiores, que conseguem fazer vocalizações mais graves, possuem testículos menores e vivem em grupos com um só macho e algumas fêmeas", afirmou Leslie Knapp, antropóloga e uma das principais autoras da pesquisa, em nota. "Machos com hioides menores vivem em grupos com vários machos e possuem testículos maiores."

De acordo com a equipe, esta é a primeira evidência de que há relação entre voz e produção de espermatozoides, o que ajuda a explicar por que os bugios desenvolvem estruturas sociais contrastantes.

Bugios dando uma de bugios. Crédito: CostaRicaColor/YouTube

Como mencionado por Knapp acima, um macaco com voz mais alta e bolas menores tende a ter um harém para chamar de seu. Os macacos mais calmos e bem dotados, por outro lado, são propensos a fazer parte de grupos maiores com vários machos e fêmeas que copulam livremente. Neste grupo não-exclusivo, os machos competem pela paternidade. Quanto maior a contagem de espermatozoides de um macho, maior a probabilidade de superar os que copulam com as mesmas fêmeas. Em resumo: maior o saco, maior a responsa.

Segundo os cientistas, os bugios desenvolveram duas estratégias sexuais excludentes. Os macacos mais barulhentos precisam de acesso exclusivo às fêmeas já que, por terem bolas menores, enfrentariam problemas ao competir com os mais boludos, que tem maior produção de espermatozoides e são mais férteis. Macacos mais silenciosos têm menos sucesso na atração de fêmeas com seus urros, mas estão bem amparados naquilo que mais importa. Bolas grandes.

Mas não pense em mandar essa notícia para algum amigo de voz fina ou grossa para fazer uma brincadeira. Knapp alerta contra a antropomorfização destas descobertas e está certíssima. Há um mundo de diferença entre bugios e seres humanos, sobretudo em termos de seleção sexual.

(Ainda assim, vamos lá, permitam uma divagação: o estudo conjura uma série de visões de caras que andam em motos excessivamente barulhentas ou que xavecam mulheres na rua. Muito longe de parecerem masculinos, este tipo de ato remete a uma compensação de áreas mais, digamos, sensíveis. É como diz o ditado: cão que ladra não morde. Ou ainda: quanto maior o ruído do motor, menor o… Bom, deixa pra lá. Sem antropomorfizar, né?)

Tradução: Thiago "Índio" Silva