Falamos com o hacker que invadiu o Partido Democratas dos EUA
Crédito: John Williams RUS/Shutterstock and Wikimedia Commons

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Falamos com o hacker que invadiu o Partido Democratas dos EUA

E ele nega ser um espião da Rússia.

Na semana passada, um misterioso hacker sob a alcunha "Guccifer 2.0" assumiu a responsabilidade pela invasão aos servidores do Comitê Nacional Democrata dos Estados Unidos, depois que os próprios democratas e empresas de segurança cibernética atribuíram o hack a dois grupos russos ligados ao governo de Vladimir Putin.

O hacker, que afirma ter escolhido o nome em referência a outro hacker famoso que vazou as pinturas de George W. Bush, negou trabalhar para o governo russo, como acreditam diversos especialistas.

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"Não gosto de russos e sua política internacional. Odeio ser ligado à Rússia", disse, comentando ainda ser romeno, como o Guccifer original.

"Sou um hacker, administrador, filósofo, amante das mulheres", disse Guccifer 2.0 ao Motherboard na terça em chat no Twitter. "Também gosto da Gucci! Levo a luz às pessoas. Luto pela paz! Para que você possa escolher o que quiser!"

Ele também mantém sua ameaça de vazar mais documentos roubados dos servidores do Comitê e, pela primeira vez, concordou em responder a algumas perguntas.

"Não gosto de russos e sua política internacional. Odeio ser ligado à Rússia."

Guccifer 2.0 disse ter invadido o Comitê Democrata no verão de 2015, valendo-se de uma vulnerabilidade desconhecida do NGP VAN, provedor de software do Comitê, para assim invadir seus servidores, de arquitetura Windows.

"Então instalei meus Trojans em vários PCs. Tive que passar de um PC para outro a cada semana para que a CrowdStrike não me pegasse por um tempo", disse. "Sei que eles tem um sistema de detecção de intrusos bacana, mas meus algoritmos heurísticos são melhores."

Quando pedimos que nos explicasse como invadiu o Comitê em romeno, ele deu uma enrolada, dizendo que não queria "desperdiçar" seu tempo com isso. As curtas frases enviadas em romeno por ele estavam cheias de erros, de acordo com vários falantes nativos do idioma.

O hacker disse ainda ter deixado metadados em russo nos documentos como sua "marca" pessoal, além de mencionar ter sido expulso da rede em 12 de junho, quando o Comitê "reiniciou seu sistema".

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Um oficial senior do Comitê Democrata disse em nota enviada por email que "nossos especialistas estão confiantes na avaliação de que hackers do governo russo foram os responsáveis pela invasão detectada em abril, e acreditamos que as notícias e afirmações em torno desta podem ser parte de uma campanha de desinformação russa".

O co-fundador e responsável técnico da CrowdStrike, Dmitri Alperovitch, cuja empresa foi convocada assim que o Comitê soube da invasão, nos mostrou este post publicado por sua empresa na semana passada.

Guccifer 2.0 comentou ainda que o Comitê Democrata não foi a única vítima de suas invasões, mas se negou a citar alvos porque sua segurança depende disso.

Ao ser questionado do porquê atacar os democratas, Guccifer 2.0 disse apenas que o fez para seguir os passos de Marcel Lazar, o Guccifer original, e que não liga "nadinha" para Donald Trump. O hacker não revelou conhecer ou não pessoalmente o primeiro Guccifer, "pois me importo com Marcel".

"Creio que devemos lutar pela liberdade das mentes", escreveu. "Lutar por um mundo sem Illuminati."

Tradução: Thiago "Índio" Silva