​E-commerce da deep web proíbe vendas de opiáceo sintético após mortes recentes
Há leis nas profundezas da internet, sim. Crédito: Shutterstock

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​E-commerce da deep web proíbe vendas de opiáceo sintético após mortes recentes

Há leis nas profundezas da internet, sim.

A deep web muitas vezes é retratada como uma terra sem dono onde vale tudo: encomendar assassinatos, traficar pessoas, hackear qualquer ser vivo e comercializar o que bem quiser. Como já dissemos outras vezes por aqui, tal anarquia não é verdade. No último mês isso ficou bem claro ao sabermos que um famoso e-commerce da deep web proibiu as vendas de uma substância – a fentanil – após uma série de mortes causada por ela.

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"Diante das recentes mortes e ameaças ao bem-estar de clientes, tomamos a decisão de que a partir de hoje (19/08/2016) não mais permitiremos a venda de fentanil e demais análogos no mercado", dizia um anúncio de "SeriousSam", o administrador do site Darknet Heroes League (DHL). "Demos a todos os comerciantes deste produto 48 horas para que o removam de seus anúncios ou perderão seus privilégios de venda. Pedimos desculpas por quaisquer inconveniências e agradecemos pela compreensão."

O fentanil é um opiáceo sintético muito mais forte que a morfina. Ele é especialmente perigoso porque seus usuários podem exagerar na dose utilizada ou os próprios comerciantes passam a droga adiante como outra coisa. A Drug Enforcement Administration (DEA), nos EUA, disse que a substância está ligada a mais de 700 overdoses fatais ocorridas entre o final de 2013 e 2014, e dezenas de mortes foram ligadas à substância e demais opiáceos sintéticos este ano.

Em maio, as autoridades em Connecticut, também nos EUA, apreenderam 2,5 kg de fentanil, que afirmaram terem vindo da China, vendidos por sites da web. A VICE News inclusive descobriu que um comerciante especialmente prolífico faturou 500.000 dólares só com essa droga.

Há vários anúncios de fentanil no AlphaBay, possivelmente o maior e mais popular site do momento. Alguns até incluem "bônus", tais como 50 mg extra em cada compra.

Alguns dos usuários do DHL reagiram positivamente à notícia, enquanto outros seguiram céticos com a eficácia da tal proibição:

"Desculpe, mas vocês não impedirão a venda de fentanil no DHL até que os anúncios de heroína, opiáceos e opioides sejam removidos, já que grande parte deles contém ou são fentanil vendido como outra coisa", disse o usuário "herewegoagain" no fórum do site. "Remover os anúncios de fentanil como uma declaração ou postura diante do assunto é como banir chumbo e permitir a venda de munições e armas."

Não é a primeira vez que um e-commerce da deep web bane produtos de modo tão explícito. Muitos sites das profundezas da internet proíbem a venda de armas de fogo, e tantos outros permitem apenas anúncios de mercadorias específicas, tais como um e-commerce dedicado somente à maconha.

Tradução: Thiago "Índio" Silva