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Tecnologia

O Executivo do Google Deu Um Salto de Paraquedas Pela Ciência, Não Pelo Recorde

"Quando você parte em um empreendimento como esse, algumas pessoas se preparam para quebrar um recorde, outras estão determinadas para aprender alguma coisa."
Eustace em pleno voo. Crédito: Corporação Paragon de Desenvolvimento Espacial

Na semana passada, Alan Eustace, um executivo do Google,  viajou de balão até a estratosfera para saltar de uma altitude de mais de 40 quilômetros quebrando um recorde mundial. A marca foi alcançada sem nenhum aviso prévio, já que o projeto foi desenvolvido em sigilo.

Por quê? Bem, a resposta mais simples é que o projeto era uma experiência científica, e não parte de uma campanha publicitária, de acordo com a empresa que fez tudo acontecer. A experiência foi um sucesso triunfante, e pode nos levar a avanços como o conserto de balões e outras espaçonaves em plena estratosfera.

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Crédito: Corporação Paragon de Desenvolvimento Espacial/ YouTube

"O cliente se interessa pela ciência e tecnologia como ferramentas para expandir horizontes. Ele não queria lidar com a imprensa, ter milhares de câmeras amarradas ao corpo ou coisa do tipo", disse-me Grant Anderson, presidente da Corporação Paragon de Desenvolvimento Espacial, sobre a aventura de Alan Eustace.

(O cliente em questão era o próprio Eustace. O Google se ofereceu para financiar o projeto, de acordo com a revista Times, mas ele recusou, com medo de que o envolvimento da empresa transformasse o projeto em um circo midiático.)

"Nós executamos o projeto pelo conhecimento e pela ciência a ele associados", disse ele. "Algumas pessoas se envolvem em projetos como este para quebrar um recorde, enquanto outros tem como objetivo aprender algo e talvez quebrar um recorde durante o processo. Ambas motivações tem seu valor."

A empresa de Anderson está no ramo de mandar animais, plantas e humanos para lugares onde eles não deveriam estar: A Paragon projetou colméias e formigueiros que sobreviveram no espaço e mandou até peixes para lá.

Mas o objetivo do projeto era ver se a Paragon e suas empresas associadas poderiam desenvolver um sistema de suporte capaz de levar uma pessoa até a estratosfera e deixar ela curtir a vista por um tempo. No fim, Eustace permaneceu a 135.908 pés de altitude por cerca de meia hora; Felix Baumgartner, o recordista anterior, ficou na altitude de 127.852 pés por apenas um minuto.

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No momento, não existem muitos motivos para um humano querer ficar na estratosfera, onde qualquer um morreria instantaneamente sem um traje especial (por causa da falta de ar, do frio e do vácuo); mas no futuro, isso pode mudar.

A ideia de ter drones flutuando permanentemente em  altitudes altíssimas é algo que o Google e o Facebook já consideraramoutros acreditam que as naves estratosféricas podem ser instrumentos de vigilância, de monitoramento da atmosfera e até mesmo provedores de acesso à internet para os humanos daqui de baixo.

Se essas tecnologias forem para frente, um balão atmosférico ou drone em pleno voo poderá ser consertado por um humano, em de um robô.

"A ideia é que, se você pode construir um traje espacial, é melhor colocar alguém dentro dele do que tentar fazer algo remotamente", disse Anderson.

O salto de Eustace é diferente do salto de Baumgarten por alguns motivos além da ausência de jabá da Red Bull: Eustace utilizou um pequeno paraquedas de desaceleração para aumentar sua estabilidade. O paraquedas diminuiu as chances de Eustace girar rápido demais e desmaiar — algo que quase ocorreu com Baumgartner.

"A ideia deu certo, e estamos muito felizes com o resultado", disse Anderson.

A preparação do salto de Eustace já estava em andamento quando Baumgartner deu seu salto recordista, mas os idealizadores da experiência perceberam que sua ideia era diferente o bastante para seguir com o projeto.

"Queríamos usar uma forma diferente de ascenção. Não havia cápsula. Havia menos peso e menos tecnologia sendo utilizada", ele disse. "Havia menos chances de tudo dar errado."

Tradução: Ananda Pieratti