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Tecnologia

Ainda Vai Demorar para Fabricarem uma Vacina Contra a Dengue

Cientistas britânicos encontraram anticorpos que conseguem dar uma surra no vírus da dengue, mas isso não significa que amanhã mesmo teremos uma vacina pra nos despreocupar com a doença.
​O Aedes aegypti carrega más notícias e alguns vírus. Crédito: ​Marc AuMarc/Flickr

​O noticiário dos trópicos e sub-trópicos se aqueceu um pouco mais ontem com a notícia de que um grupo de cientistas do Imperial College of London havia descoberto anticorpos capazes de eliminar o vírus da dengue. A história é verdade, mas ainda vai levar um tempo para que deixemos de nos preocupar com a doença que, só no Brasil, matou 1.348 pessoas no ano passado — Gavin Screaton, líder da pesquisa, confirmou isso pra gente.

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"Vão demorar muitos anos para termos uma vacina. A sua construção ainda leva tempo para se desenvolver, depois ela é acompanhada por um extenso teste pré-clínico para então entrar em testes clínicos", disse o professor Gavin em uma conversa rápida com a gente. "Existem quatro tipos de vírus da dengue diferentes 30-35% uns dos outros. Uma vacina precisa oferecer proteção contra os quatro."

O trunfo da pesquisa liderada por Gavin está em abrir possibilidade para que a ação dos quatro tipos de vírus seja bloqueada. Ele e sua equipe descobriram isso ao estudar a atividade das células responsáveis pela imunidade em pessoas portadoras da doença. "Isolamos linfócitos de pacientes infectados com dengue e, depois, isolamos os anticorpos que essas células estavam expressando", explicou ele.

Existem quatro tipos de vírus da dengue diferentes 30-35% uns dos outros

A solução parece simples, mas levou mais de dez anos para que fosse desenvolvida, aplicada e, enfim, compreendida. O grupo de Gavin identificou 145 anticorpos capazes de bloquear, em maior ou menor medida, o ataque dos quatro tipos de vírus às celulas do corpo. "Existe interesse em estratégias de controle do vetor e remédios anti-dengue, mas eu acredito que será necessária uma vacina para causar um impacto real", disse o cientista.

Confiante na ideia da prevenção tradicional, o doutor Gavin também não está tão certo que medidas como o mosquito transgênico produzido aqui no Brasil possam ser tão eficiente como a boa e velha vacina aplicada a gotinhas ou injeções. "Vacinas boas como a vacina contra febre amarela duram por muitos anos. O objetivo seria criar uma vacina tão boa quanto pra dengue."