A Netflix Não Vai Abandonar o Serviço de DVDs Tão Cedo
Selecionando DVDs manualmente em 2003. Crédito: AP.

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Tecnologia

A Netflix Não Vai Abandonar o Serviço de DVDs Tão Cedo

A empresa ainda ganha milhões de dólares entregando DVDs e Blu-Rays.

Ei, lembra de quando a Netflix começou como um serviço de DVDs por e-mail?

No Brasil, poucos devem recordar.

A história começou em 1997, quando a Netflix passou a usar a internet para enviar cópias físicas de filmes para os americanos. A missão era substituir as locadoras de bairro. (A Blockbuster recusou comprar a empresa por US$ 50 milhões em 2000 e, vale dizer, fechou sua última porta em 2013.) Para muitos videófilos, o serviço por e-mail foi uma ponte curta para o futuro de streaming por demanda.

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Para tantos outros, o negócio tinha acabado anos atrás. Mas nós descobrimos que a Netflix ainda envia DVDs às caixas de correio de 5,5 milhões de norte-americanos e ganha dinheiro com isso. A empresa teve US$ 85 milhões de lucro com seu serviço de DVD e Blu-ray nos três primeiros meses de 2015, de acordo com a apresentação dos resultados mais recente.

No mesmo período, a Netflix gastou US$ 22,9 milhões para reforçar sua biblioteca de conteúdo físico, que ostenta mais de 93 mil filmes, programas e séries de TV. O serviço de aluguel funciona em um depósito gigante em Fremont, na Califórnia, no qual um sistema computadorizado acompanha o registro dos discos e os trabalhadores se certificam de que estão limpos e prontos para o envio pelo correio. A empresa tem cópias de "praticamente todos os filmes já feitos", de acordo com seu relatório financeiro do quarto trimestre de 2013.

O negócio de aluguel de DVDs pode trazer hoje uma bolada para a Netflix, mas a empresa percebeu que não vai poder mantê-lo para sempre. O serviço foi responsável por apenas 11% da receita da empresa no último trimestre. "Sempre dissemos que o negócio de DVDs estava em declínio", afirmou Cliff Edwards, diretor de comunicações corporativas da empresa, ao Motherboard. "A equipe trabalha para se certificar de que não seja uma queda brusca. Muitas pessoas ainda querem assistir DVDs."

"Não há planos de desativar o serviço de uma vez", afirmou Edwards. "Será um declínio gradual. Ainda veremos o serviço funcionando por mais dez anos ou mais."

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Os DVDs compõem fração cada vez menor dos negócios totais da Netflix. No fim de março, a empresa tinha 50 milhões de assinantes pagos nos Estados Unidos e mais 19 milhões usuários internacionais. O serviço de DVD perdeu cerca de 1,2 milhões de assinantes, quase 20% do total, no ano passado.

A Netflix trata dos negócios dos DVDs em separado do streaming desde 2011. Antes disso, os assinantes podiam acessar os dois serviços por um preço único. A empresa não acompanha os dados demográficos de cada serviço ou quantas pessoas são clientes de ambos, afirmou Edwards.

Segundo o diretor de comunicações da empresa, os assinantes de DVDs têm acesso a mais lançamentos em DVD e filmes antigos; já os assinantes on-line têm acesso exclusivo ao conteúdo original da Netflix, como as séries House of Cards e Unbreakable Kimmy Schmidt, afirmou. A desativação do serviço de DVDs, diz, vai depender de quando e se os estúdios decidirem parar a produção de DVDs e Blu-rays para os filmes novos.

"Nosso foco está 100% no crescimento do negócio de streaming", afirmou Edwards. E a estratégia, que envolve injetar bilhões de dólares em conteúdo exclusivo, parece funcionar. As ações da empresa continuam atingindo o topo: valem US$ 620 no momento em que escrevo a matéria, um aumento de 70% em comparação com o ano passado.

Há jovens de 20 anos hoje que não conheceram o mundo antes da tecnologia do DVD. Como eles vão consumir vídeos quando tiverem 40 anos? É difícil afirmar, mas, certamente, haverá muitos empresários por aí competindo entre si para ver quem vai descobrir primeiro.

Tradução: Amanda Guizzo Zampieri