​A Invisível Economia Trabalhista Por Trás dos Quadrinhos Japoneses Pirateados
A scanlation de Berserk de EvilGenius, traduzida por Mune do japonês para o inglês. Crédito: Mune

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Tecnologia

​A Invisível Economia Trabalhista Por Trás dos Quadrinhos Japoneses Pirateados

Entre as editoras e os scanlators, quem vencerá a batalha dos mangás?

Com um pano de fundo de demônios gritando em batalha contra as forças humanas, Mune digita o texto nos balões vazios. "Eles já foram homens", escreveu. "Mas por uma tenacidade incomum renasceram por meio da causalidade."

Ninguém transforma pirataria em poesia como Mune. Oito anos trabalhando para traduzir os diálogos em japonês do mangá arrasa-quarteirões Berserk para o inglês conferiram a Mune o respeito no cenário subterrâneo digital dos otaku, termo japonês que descreve o fanático por anime e mangá. Sua prosa, de acordo com seus admiradores, é vívida e ao mesmo tempo linguisticamente precisa. Ele consegue traduzir kanjis arcaicos e floreados no formato de diálogo em inglês rico. As páginas digitais de Berserk que levam suas palavras são nítidas, com linhas negras profundas.

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Mune, 26 anos, é um scanlator, um entusiasta de mangás underground que escaneia, traduz, edita e divulga quadrinhos japoneses para o público estrangeiro, não-oficialmente e sem o consentimento dos editores. Este tipo de pirataria exige mais tempo que qualquer outra; imediatamente após o lançamento de um capítulo de Berserk, ele e sua equipe de cinco scanlators começam seu trabalho diante do Photoshop, acompanhados por dicionários de japonês. Escanear e traduzir um capítulo de mangá pode levar mais de 30 horas. Antes, Mune, que lidera o grupo de scanlation EvilGenius, ficava acordado enquanto um projeto não fosse finalizado. Ele nunca recebeu nada por seu trabalho. Além disso, é tudo ilegal.

Desde meados dos anos 90, quando os mangás começaram a entrar no radar do ocidente, facções de scanlator tem editado e espalhado de forma ilícita as HQs japonesas pelo resto do mundo. Os enredos épicos, que vão do açucarado ao torture porn, atraem desde desajustados a nerds das artes e amantes da literatura. Comunidades de fãs extremamente próximas se formaram em torno dos mangás, um bolsão cultural exótico cuja ocasional violência desmedida e foco em calcinhas deixaria qualquer mãe preocupada. Mas como poucas séries foram lançadas em inglês, os norte-americanos não tinham jeito de conseguir estes materiais.

A arte meticulosa do scanlantion surgiu a partir do desejo dos fãs norte-americanos de lerem mangás japoneses sem ter que esperar – provavelmente para sempre – por traduções oficiais de seus quadrinhos favoritos.

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Agora, com cada vez mais mangás sendo lançadas para o público norte-americano, os scanlators seguem sua produção em parte para compensar pelo que creem ser traduções ruins produzidas pelas editoras. Scanlators, por conta de seu amor puro e simples mangás, acreditam firmemente que sua operação pode fazer bem à economia do mangá – como as pessoas poderia descobrir suas preferências por artefatos de mangá como monstros cheios de tentáculos e histórias de amor cheias de flores de cerejeira? As scanlations, argumentam scanlators como Mune, aumentam a base de fãs, que eventualmente leva estas pessoas a comprarem as HQs oficiais e demais produtos de merchandising.

Editoras e autores, por sua vez, afirmam que a scanlation não tem nada de bom, reduzindo a qualidade e até mesmo a viabilidade destes quadrinhos.

Entre editoras e piratas, quem sai na frente?

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No decorrer da última década, a relação entre editoras de mangá e scanlators tem ficado cada vez mais tensa. Em 2010, o autor de mangás Rei Hiroe, mais conhecido por sua série Black Lagoon disse aos seus seguidores no Twitter que gostaria que o otaku que pirateava seu mangá "contraísse câncer pancreático" após descobrir que alguém "orgulhosamente" havia postado sua arte na rede, em um arquivo compactado. Em resposta, o criador do famoso mangá Hellsing, Kouta Hirano, comentou que esperava que os piratas pegassem uma doença tão desconhecida e incurável que os médicos se "cagariam de rir" da morte do pobre coitado.

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O projeto MAG (Guardiões do Anime-Mangá) do Ministério da Economia, Comércio e Indústria japonês divulgou que mais de 50% dos fãs de anime e mangá nos EUA consomem material pirateado. O custo estimado da pirataria online, dizem, chega perto dos 20 bilhões de dólares. O MAG não respondeu às nossas tentativas de contato.

Autores e artistas de mangá no Japão estão de mãos atadas ao passo em que a scanlation rouba os consumidores dos produtos oficiais. O processo demorado e meticuloso de criação de mangás não é compensado pelos milhões de fãs que, sem esforço algum, acessam o material na internet. Na pior das hipóteses, este déficit financeiro causa o cancelamento de uma série e deixa seu criador sem um centavo. Ninguém ganha.

Mas aí entra "Gum", espécie de historiador da scanlation, que acredita que a prática ajudou a tornar os mangás mais conhecidos no mundo dos falantes de inglês. Em 2009, ele documentou cuidadosamente a história completa por trás do fenômeno em seu site InsideScanlation.com.

De acordo com seu relato, um dos primeiros grandes projetos de scanlation aconteceu em 1996, três anos após Ranma ½ de Rumiko Takashi (editado pela Viz, de propriedade da Shueisha) ter sido lançado em inglês em um ritmo que os fãs consideraram frustrantemente lento. Para acalmar os ânimos do otaku falante de inglês, um homem chamou Jason Satoru Doyama foi pioneiro na criação de um projeto de tradução chamado "The Ranma ½ Project". Logo, mais projetos foram surgindo para atender a demanda dos fãs de mangá que demoravam muito a ser traduzidos, ou que alguns acreditavam que nunca nem seriam traduzidos.

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Sites primitivos como o GeoCities e AngelFire hospedavam versões americanizadas dos primeiros mangás amplamente traduzidos, os clássicos Dragon Ball, Naruto, e Love Hina. Fãs editavam os quadrinhos originais com ajuda do Paint e lançavam suas scanlations em canais do IRC como o #MangaScans. Mas a qualidade dos scans e traduções, tão cobiçada e amada pelos otakus ao redor do mundo, era das piores. Traços finos que indicavam músculos pulsantes se borravam. O primeiro beijo entre dois amantes perdia todo seu impacto por conta do espaço em branco que antes era preenchido por caracteres japoneses.

"Eu quero manter um nível de qualidade, ainda mais por estar trabalhando em algo do qual sou fã."

Agora nos voltamos para Mune, que passou a liderar o processo de scanlation de Berserk por abominar a péssima qualidade das demais scanlations e também a tradução oficial. Na sua opinião, era um desserviço à obra original. Otaku de carteirinha, Mune agora detém um dos padrões mais altos dentro do subterrâneo da tradução de mangás.

"Queremos fazer jus à fonte", disse-me. "Eu quero manter um nível de qualidade, ainda mais por estar trabalhando em algo do qual sou fã."

Durante o ensino médio em sua terra natal, Suécia, Mune começou a fazer aulas de japonês após descobrir uma afinidade por games nipônicos. Logo chegou a um grau razoável de proficiência e pegou uma cópia japonesa de Naruto, longevo mangá sobre um jovem ninja louro.

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"Uau", pensou ao passar os olhos sobre o texto, "isso é muito fácil".

Em 2004, Mune encontrou na rede sua primeira "versão raw" – termo no jargão dos scanlators para páginas de mangá não-traduzidas – e se juntou a outros estudantes da aula de japonês em um chat no MSN. Seus amigos abriram as páginas no Photoshop, mexeram em níveis de preto, "limparam" as páginas (o papel de baixa qualidade é basicamente "papel higiênico que foi reciclado 15 vezes", disse) e apagaram o texto japonês.

Enquanto isso, Mune decifrava a língua e a transformava em inglês inteligível. Ele então enviava suas traduções via MSN. Seus amigos as incluíam nos balões de texto vazios das páginas digitais. Depois, o material foi postado nos fóruns do site NarutoFan.com e todos celebraram um trabalho bem feito.

Oito anos após Mune ter tomado para si o esforço de scanlation de Berserk, ele se tornou uma pessoa amplamente respeitada por suas scanlations que superam a qualidade do original. A marca da maestria do EvilGenius, revelou-me um fã, é seu esforço de "redesenho": como se lê japonês da direita para a esquerda e de baixo para cima, os scanlators ajustam os balões para acomodar a prosa em inglês, que basicamente lê-se de forma oposta. Mas ao reformatar estes balões, resta um espaço em branco na página. Então Mune e sua equipe de cinco scanlators fodões "redesenham" os quadrinhos, completando braços cortados e cenário de fundo no estilo do mangá original (eles até mesmo preenchem o espaço em branco onde ficaria a dobra de um quadrinho escaneado), assim:

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Uma tradução do EvilGenius para uma ilustração de página inteira em Berserk. Crédito: Mune

Apesar da obstinação de Mune e outros scanlators em sacrificarem horas em nome da perfeição, as editoras argumentam que a scanlation cria um ambiente em que não se valoriza o material. Em sua opinião, a scanlation define um padrão de qualidade menor para os quadrinhos. Os scanners utilizados podem ter décadas de idade. Linhas negras profundas evaporam em cinza. E pior, argumentam, as traduções são dignas de um novato.

Kurt Hassler, diretor editorial da editora de mangás norte-americana Yen Press, tem lutado contra scanlators por 15 anos. (No passado, Hassler era o comprador de mangás da finada Borders Books.) Além de encorajar conteúdo de baixa qualidade, ele me disse, os scanlators "cooptam [as] intenções do autor pela qualidade e produção de seu material".

Até alguns anos atrás, as scanlations não chegavam aos pés da qualidade dos quadrinhos impressos. Parte dos textos em scanlation até hoje são péssimos, acompanhados de imagens com resolução horrorosa. Mas cada um dos scanlators entrevistados para esta matéria afirmaram continuar sem trabalho em parte por não estarem satisfeitos com o que está sendo feito com as edições oficiais. Eles reclamam que as traduções oficiais muitas vezes americanizam artefatos da cultura japonesa de forma a facilitar o consumo de seu produto. "Lamen" vira "macarrão" enquanto os editores transformam nomes japoneses em genéricos como "Derek" e "Serena". Em outras ocasiões,, sexualidade descarada ou uso de drogas ilícitos são censurados por completo. Mune reclama que as tentativas de redesenho das editoras são terríveis.

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Em 2007, Jessica Wolf, administradora do site de scanlation Freelance-Manga, escreveu à Viz, a editora por trás do "conto de fadas feudal" de magia-e-espadas Inuyasha, exigindo que eles "parassem de tratar a série como lixo". Ela detalhou seu descontentamento com as traduções oficiais da Viz em dois emails após pesquisa com fãs de Inuyasha.

"Muitas pessoas citaram a prática de passar páginas para ler da esquerda para a direita como o maior problema em ler mangás da Viz… [isso] muda a arte original e é um desserviço tanto para a obra de Rumiko Takahashi quanto para seus fãs", escreveu Wolf. "Muitas pessoas gostariam de ver mais da fala japonesa típica do mangá de Inuyasha." Ela também mencionou a falta de títulos de honra em japonês, que na sua opinião, comprometiam a integridade do mangá. Ela encerra o email com uma lista com mais de 22 erros de tradução compilados por fãs de Inuyasha.

Na resposta ao email, Ian Robertson, da Viz, ex-editor supervisor de Inuyasha, supostamente disser a Wolf que ele havia conversado "com o editor dos livros de Inuyasha e corrigiremos os erros mencionados em nossa segunda tiragem. Farei o mesmo com o mangá". Um representante da Viz me disse que eles sempre buscam melhorar seus mangás, mas não revelou o quanto disso é por conta dos pedidos de piratas.

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A interação da Viz com o Freelance-Manga é algo fora do comum, levando em conta que editoras geralmente comunicam-se com webmasters de sites de scanlation por meio de notificações judiciais. O antagonismo, e não a cooperação, comanda as relações entre scanlators e editoras.

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Hassler aponta 2006 como o ponto de virada nesta relação. Antes, disse, os scanlators não passavam de grupos inofensivos de nerds compartilhando seus títulos favoritos com outros otakus. Mas quando agregadores de scanlation como o MangaHelpers.com surgiram, em meados dos anos 2000, "as scanlations começaram a ter um impacto direto e significativo na indústria dos mangás como um todo".

Por volta de 2007, quando estes agregadores explodiram em popularidade, os mangás vendidos nos EUA atingiram seu valor máximo de mercado nos EUA, 200 milhões de dólares ao ano. Gum estima que houve um aumento de 100% em esforços de scanlation após isso, inchando de 50 mangás diários para 100. O valor só caiu até 2013, quando acredita-se que o mangá Attack on Titan, com seus quinze tediosos volumes de gigante usando humanos como lanchinho, o tenha feito crescer de novo.

"Não é exatamente uma coincidência que as vendas de mangás nos EUA tenham caído após agregadores terem começado a surgir, ganhando tanto tráfego", disse Hassler. "Antes disso, as vendas só cresciam, diferente de tudo que acontecia no mercado na época."

"Aí surge uma nova onda de leitores cujo primeiro contato com os mangás veio das scanlations, o que fez com que a indústria sentisse bastante", continuou. "Você via diversos mangás nos EUA deixarem de ser publicados, e as editoras japonesas viram seus lucros com licenciamento internacional cair bastante. Foram necessários anos para que o segmento se recuperasse, mas mesmo agora, tudo é apenas uma fração se comparado ao período anterior ao surgimento dos agregadores."

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(O analista do mercado editorial e CEO da ICv2 Milton Griep calcula que a quantidade de mangás publicados na América do Norte tenha despencado de 1.500 em 2007 para 695 em 2011. Enquanto é difícil provar definitivamente que o surgimento de agregadores levou diretamente ao colapso do mangá norte-americano, um dos mil sites mais acessados no final dos anos 2000, era, de fato, o agregador Onemanga.com.)

O MangaHelpers.com, que já foi um dos maiores agregadores de scanlation, desde 2005 tem facilitado de forma ilícita o escaneamento, tradução e divulgação de tais páginas para o público que tem inglês como sua língua. O site funcionava como uma espécie de fonte tudo-em-um para scanlators e leitores. Seus fóruns eram repletos de mangás ainda crus prontos para serem editados e traduzidos por grupos de scanlation que se reuniam e coordenavam suas ações naquela interface. Após as scanlations estarem completas, elas eram hospedadas no próprio MangaHelpers.com.

"NJT," fundador de 31 anos do site, o criou para tornar as scanlations acessíveis para pessoas que não estavam dispostas a irem aos confins do IRC para sua dose de mangá.

"É toda uma briga sobre quem fornece o melhor serviço", disse NJT. "Quem consegue oferecer o serviço mais rápido e de melhor qualidade? É tornar o conteúdo o mais agradável possível para o usuário."

Os esforços de NJT de espalhar este amor pelo mangá foi encerrado em 2009 após o recebimento de uma notificação da Kodansha Comics. O MangaHelpers, que até hoje auxilia nas traduções, tirou do ar seu conteúdo. Um ano depois, em um surto de pânico causado por uma coalizão recém-formada de 36 editoras de mangá, o MangaHelpers anunciou que não mais hospedaria scans pirateados de mangás. Hoje, o site ainda é a maior fonte dos textos traduzidos que povoam os balões de falas nas scanlations de outros sites.

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Uma década possibilitando atividades clandestinas de scanlation mudou a abordagem de NJT quanto à pirataria. Ele disse que queria fazer tudo às claras – ou seja, conduzir estas atividades legalmente. NJT agora aspira atuar como intermediário de traduções de qualidade de mangás para editoras. O MangaHelpers, ele crê, tem o potencial de funcionar como uma espécie de Napster otaku, inovando a forma de editar mangás ao criar o conteúdo da forma mais acessível e voltada ao fã possível. Em alguns anos, ele espera, a coisa poderia virar um Spotify otaku.

"Conseguir a benção das editoras para fazer aquilo que gostamos enquanto eles se beneficiam certamente seria um passo para diminuir a distância entre fãs e editoras", declarou NJT a Gum em uma entrevista, "no fim das contas criando mais oportunidades e melhores relações. O futuro do MH é tentar criar um espaço em que as scanlations não sejam motivo de cara feia, e onde as editoras possam trabalhar abertamente com seu público para criar uma experiência melhor de leitura (de mangás) para todos".

"Temos pirateado seu material para muita gente… Tudo bem?"

Durante uma manhã de outono em Tóquio, NJT deixou seu teclado para trás de forma a tentar levar adiante o potencial do MangaHelpers como um Napster para mangás. Seu objetivo? Diminuir a distância entre editora e pirata.

De terno e carregando uma maleta, NJT nervosamente deixou a estação de Jimbocho e entrou no prédio de oito andares de escritórios da Shueisha, a editora que supostamente detém 30% do mercado de mangás japoneses. As páginas de clássicos como Naruto, Bleach e One Piece haviam sido montadas ali. (De acordo com NJT, o MangaHelpers recebia 6,5 milhões de visitantes em 2010; naquele mesmo ano a Shueisha divulgava sua primeira perda anual: cerca de 49 milhões de dólares.) NJT e um colega do MangaHelpers haviam memorizado a apresentação com a qual esperavam convencer a Shueisha a se juntar a eles em seu empreendimento ilícito. Seria uma reunião tensa.

"Já havíamos colocado nossas cabeças na guilhotina", lembra NJT. "Era isso que sentíamos com essa situação."

Mais de uma dezena de funcionários da Shueisha se juntaram para ouvir NJT, cuja ambiciosa apresentação propunha um esforço combinado para tratar indiretamente os descontentamentos – demora e erros nas edições oficiais – que serviam como motivação para os scanlators. Seu objetivo era abolir a necessidade para sua economia ilegal de mangá digital. Com esta nova proposta, os scanlators atuariam como fornecedores e o site bloquearia scanlations de mangás que já haviam sido traduzidos "oficialmente". O MangaHelpers seria o arauto do declínio da pirataria de HQs japonesas.

"Lá estávamos nós, uns piratas, indo ao escritório da Shueisha pra dizer 'Temos pirateado seu material para muita gente… Tudo bem?'" brincou NJT, desconfortável.

No final das contas, a Shueisha recusou a proposta. A editora não queria se envolver em nada suspeito, citando o longo histórico de pirataria do MangaHelpers. Hoje, o site ainda prospera no underground, sobrevivendo a partir de uma economia trabalhista de fãs que não recebem um centavo com um sorriso na rosto. NJT segue pessimista sobre qualquer empreendimento.

Mas Mune e outros scanlators insistem que a prática ajuda a aumentar o público dos mangás, cimentando o caminho para que o otaku gaste mais nas franquias das editoras. Mune disse ter descoberto um sem-fim de mangás em sites de scanlation. Os fãs de Berserk o levaram a comprar os volumes editados – que de acordo com os scanlators é uma situação em que todos saem ganhando.

Hoje, as edições oficiais de Berserk estão na estante de Mune, intocadas em suas embalagens originais. Quando lhe perguntei como fica a sua tradução em relação a essa, ele para um instante e responde "Ainda não conferi."

Tradução: Thiago "Índio" Silva