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Tecnologia

O​ Jay Z Pegou as Táticas do Ativismo Online Para Lançar seu Aplicativo Tidal

Mesmo que o Tidal pague mais aos artistas, ainda não configuraria uma revolução.
​Crédito: Tidal

Existem poucas pessoas na face da terra mais adoradas que o Jay Z, mas o rapper e empresário ainda é capaz de grandes trapalhadas públicas: o que quer que tenha acontecido naquele elevador com a Solange, seu verso bobo para a faixa "Monster" do Kanye, e agora, pegar emprestadas técnicas e linguagem de guias de ativismo online para lançar seu caríssimo serviço de streaming de música.

Como o Pono do Neil Young, um tocador de música de alta fidelidade de US$ 400, o Tidal pretende ser o categoria de luxo dos serviços de streaming endossado por celebridades. Jay Z deu o lance de US$ 56 milhões pela companhia dona do Tidal em janeiro. Diferente do Spotify, não existe versão de teste grátis do Tidal; só existe uma assinatura mensal de US$ 19,95. Pelo dobro do custo do Spotify, os assinantes do Tidal ganham o catálogo da Taylor Swift e áudio sem perdas de alta qualidade.

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Mas para promover o lançamento do Tidal, artistas como Kanye West, Nicki Minaj, Rihanna e Madonna – assim como outros músicos menos associados aos illuminati, como Jack White e Coldplay – todos mudaram seus avatares nas mídias sociais para um quadrado na cor turquesa.

"The Tides They Are-A Changing" #TIDALforALL

— Mr. Carter (@S_C_) March 30, 2015

Depois que Jay Z postou uma variação do protesto pelos direitos civis de Bob Dylan à meia-noite, artistas participantes, ou suas equipes de redes sociais, colocaram uma mensagem similar, algo nas linhas de "Juntos, podemos virar a maré e fazer história na música. Comece fazendo sua foto de perfil ficar azul", seguido do hashtag #TIDALforALL.

Together, we can turn the tide and make music history. Start by turning your profile picture blue. #TIDALforALL

— NICKI MINAJ (@NICKIMINAJ) March 30, 2015

Não é incomum usuários do Twitter e Facebook mudarem seus avatares demonstrando apoio a diversas causas: Enquanto a Suprema Corte dos EUA estava debatendo o Ato de Defesa do Casamento em março de 2013, apoiadores do casamento igualmente mudaram suas fotos de perfil para o logo da Campanha de Direitos Humanos. Durante o Movimento Verde de 2009 no Irã, milhões de usuários do Twitter tingiram seus avatares de verde.

Diferente do Tidal, esses gestos era uma pequena forma de ativismo social. Você pode, e muitos o fizeram, debater se essa é uma forma efetiva de ativismo ou se isso deve sequer contar como ativismo, independentemente, #TIDALforALL é categorialmente diferente.

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Nós temos uma palavra para isso. Chama-se propaganda.

#TIDALforALL (people who can afford a $240 annual subscription)

— Tim Ingham (@musicbizworld) March 30, 2015

Usuários do Twitter notaram a similaridade logo de cara, e caracteristicamente expressaram seu descontentamento sobre a suposta apropriação. Que outra reação poderia ser esperada de pessoas que acreditam em – e defendem – o poder de ativismo do Twitter?

#TIDALforALL is an examples of big corporations/celebrities appropriating social justice/online activist ideas to make them money.

— Tatenda|Ubuntu (@NeoAfrican) March 30, 2015

Alguns apontaram que muitos dos artistas participantes são basicamente os mais bem sucedidos do planeta, e que qualquer mudança de maré que esse serviço começar apenas serviria para deixar os ricos mais ricos.

That moment you realize #TIDALforALL is not a movement for a good cause but jus to fill someone's pockets.

— Jill (@JillyPopTht) March 30, 2015

Outros apontaram que essa é uma causa autocentrada de mais para pessoas que não usaram suas plataformas para levantar a voz em um verão de ativismo de hashtag, que cresceu em resposta ao assassinato de Michael Brown em Missouri e Eric Garner em Nova York.

When the fans needed yee, nicki bey jay to comment on Trayvon, Mike,Eric. yall were silent. Now, you want us to support #TIDALforALL bye.

— Brown Sugar (@LAUU04) March 30, 2015

Man.. Hov, Rih, Ye, Usher, Nicki coming together for #TIDALforALL but not even peep about #BlackLivesMatter? Yikes…

— Leader The Follow (@DevineCarama) March 30, 2015

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Outros subservientemente seguiram a onda, ignorando que eram parte de uma manobra publicitária. Isso é um tipo diferente de falha de propaganda.

#TIDALforALL idk what this means but Kanye told me to do this so I'm rolling with it

— Anthony Capelli (@Anthony_Capelli) March 30, 2015

Que maré esta mudando aqui? Dado que o Tidal já está sendo chamado de um rival do Spotify, presumivelmente o serviço vai visar atingir a maior fraqueza pública do Spotify – o pouco dinheiro que repassa aos artistas.

Mesmo que o Tidal pague mais aos artistas, ainda não configuraria uma revolução. É um produto, talvez um produto ligeiramente mais ético, mas consideravelmente mais caro nesse sentido. #TIDALforALL é um modo de dizer "todos deveriam nos dar 20 mangos por mês" no menor número de caracteres possível.

Esta não é a primeira vez que a linguagem ou ferramentas de um movimento social foram apropriadas para vender algo. Mas talvez Tidal e Jay Z soubessem que isso iria atrair críticas, e aprenderam de Kanye que não existe algo como má publicidade. Talvez eles sejam profundamente cínicos em relação ao poder dos movimentos sociais do Twitter, e estão confiantes que sua marca possa abafar o ultraje.

Ou talvez o fato que nós recebermos propaganda, ativismo e #engajamento de celebridades através da mesma mídia, seja confuso. É claro que alguém ia tentar capitalizar essa confusão eventualmente.