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Quatro razões científicas para abraçar seu lado introvertido

Senta lá, extrovertidos.
Crédito: Unsplash / Javier Díez.

Numa sociedade extrovertida que alimenta personalidades que buscam atenção e discutem por qualquer coisa, introvertidos têm uma tendência de se perderem no meio do barulho. A dicotomia extroversão-introversão busca explicar diferenças de personalidade de maneira linear: extroversão tradicional é tipicamente caracterizada por comportamento social e energético, enquanto introversão tradicional tende a estar mais ligada a comportamento reservado e solitário.

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Mas mesmo que introvertidos sejam menos barulhentos na hora de falar trivialidades, esses observadores silenciosos têm seu próprio conjunto de qualidades. Aqui vão quatro benefícios de ser introvertido:

Introvertidos são mais observadores

Segundo estudo recente de psicólogos de Yale, nos EUA, introvertidos propensos à melancolia são os melhores psicólogos sociais amadores. Em outras palavras, acredita-se que introvertidos julgam o mundo de maneira mais precisa do que seus colegas mais sociáveis. “É a ideia de 'mais triste, mas mais sábio'”, diz Anton Gollwitzer, estudante do terceiro ano e coautor do estudo. “Pode ser por que pessoas melancólicas e introvertidas passam mais tempo observando a natureza humana do que aqueles ocupados com interagir com outras pessoas, ou são mais precisos na introspecção porque têm menos vieses motivacionais.” Enquanto esses tipos de introvertidos não podem substituir psicólogos profissionais, Gollwitzer tem a hipótese de que eles podem ter um papel em prever e interpretar mudanças na nossa sociedade.

Introvertidos são mais criativos

Enquanto introvertidos tendem a ser mais observadores, esse processo de vigilância está longe de ser passivo. Esse tipo de observação muitas vezes leva a pessoas expressarem de maneira criativa seus pensamentos por meio de escrita e pintura, por exemplo. “Pessoas altamente criativas nas artes e ciências precisam refletir, pensar, criar, o que tipicamente é feito sozinho”, explica Gregory Feist, professor de psicologia de personalidade e desenvolvimento adulto da San Jose State University. “Introvertidos não se importam em ficar sozinhos, na verdade eles buscam isso.” Essa inclinação natural para a solidão permite autorreflexão e observação necessárias que costumam alimentar a criatividade. Jonathan Cheek, professor de psicologia de personalidade do Wellesley College, se refere a esse elemento da introversão como “vida interna mais rica”. Basicamente, é um cultivo de pensamentos e ideias internos para criar significado e propósito, muitas vezes levando a tendências imaginativas, sonhar acordado e uma apreciação maior pelas artes.

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Introvertidos são mais autoconscientes

Introvertidos têm mais chances de ter um senso forte de autoconsciência introspectiva, diz Cheek. “Introvertidos geralmente são definidos por um temperamento de parar e refletir”, ele acrescenta. “Se eles podem fazer isso de maneira produtiva, então isso não é apenas uma característica pessoal, mas pode funcionar como uma força, um dom ou contribuição em dado contexto.” Pessoas que param para refletir têm menos chances de tomar decisões impulsivas, como mandar uma mensagem de texto às 3 da madrugada e se arrepender depois. Autoconsciência também leva a mais tempo pensado na trajetória de decisões pessoais e que mudanças podem ser feitas para melhorar sua persona. Gollwitzer especula que o elemento de autorreflexão leva em si a observar os outros, em vez de interagir com eles. É essa introspecção que permite que os introvertidos determinem de maneira mais precisa como se sentem em situações específicas e, ao projetar suas ideias em outros, explicam comportamentos sociais específicos sem realmente participar deles.

Introvertidos são mais independentes

Na nossa sociedade hiperconectada, muitos acham difícil ficar sozinho. Na verdade, um quarto das mulheres e dois terços dos homens num estudo de 2014 preferiam se sujeitar a choques elétricos do que passar tempo sozinhos com seus pensamentos. Mas, para introvertidos, a solidão é prazerosa. Enquanto a sociedade tende a associar extroversão com felicidade, isso não quer dizer que introvertidos são menos felizes que pessoas mais sociáveis. “Introvertidos têm seus próprios prazeres”, explica Cheek. “Tem gente que fica muito mais feliz com uma noite ficando em casa lendo um livro, ou desenhando, ou assistindo seus filmes favoritos sozinho. Essas não são coisas infelizes.” Feist explica que, para muitos introvertidos, esse tempo pessoal longe de colegas de trabalho faladores ou de seu melhor amigo dramático pode levar a uma independência de pressões sociais, além de períodos de maior produtividade. E que às vezes ser produtivo significa fazer maratona de uma temporada de The Office pela quarta vez.

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