A Hidrelétrica de Três Gargantas na China É sua Própria Distopia Especial

​98,8 bilhões de quilowatts horas de eletricidade. Esse foi o resultado de 2014 da fortaleza mega industrial ameaçadora que é a hidrelétrica das Três Gargantas, a maior usina do mundo desse tipo. É um novo recorde mundial. O recorde anterior era da barragem brasileira-paraguaia Itaipu, que em 2013 produziu meros 98,6 bilhões de quilowatts horas. Isso sim que é competição.

As usinas das Três Gargantas geram energia equivalente a cerca de 50 milhões de toneladas de carvão todo ano, mais energia do que as três operações de hidrelétrica dos EUA combinadas. Os custos ainda são sentidos, no entanto, com o projeto da barragem e do reservatório que deslocou mais de um milhão de pessoas, milhares dos quais ainda são essencialmente refugiados que não receberam nada em troca, vítimas da indústria e da corrupção local.

As Três Gargantas são o que se conhece como barragem de gravidade. Sua força é resultante de um tipo de força brutal em que o peso e o esforço da própria barragem são o que mantêm a água no lugar. Se um pedaço da barragem arrebentar, o resto da estrutura não será afetado. Isso é um contraste à barragem em arco, como a Glen Canyon no Arizona, em que a força da estrutura vem de uma curvatura de montante. A pressão no reservatório empurra nessa curva, que, comprimida, ganha força.

Os planos da barragem datam de quase 1​00 anos atrás, de Sun Yat Sem, considerado o pai da China moderna. O projeto de 180 bilhões de dólares só foi finalmente aprovado em 1992, mas pelas finas margens. Continua a ser uma ferida política aberta.

Há dois conjuntos de eclusas que servem a barragem de Três Gargantas, levantando cerca de 182 metros verticais sobre cinco fases de elevação, como um tipo de escada de líquido. Baseado em estimativas do tráfego, o transporte através dos desfiladeiros ou antigos desfiladeiros aumentou em seis vezes.

Barragens geralmente recebem passe livre como uma energia alternativa ou verde, mas também podem ser consideradas torções bizarras na industrialização. É difícil lidar com dano ambiental quando todo o ambiente foi simplesmente obliterado e deixado sob um novo mar interior. Melhor do que o carvão, mas dificilmente livre de impacto ambiental.