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Uma Série de Fotos Marcantes das Consequências do Terremoto em Tōhoku, no Japão

O alemão Hans-Christian Schink expôs suas fotos feitas em 2012, mostrando um Japão devastado, mas ao mesmo tempo calmo, e se recuperando.

Ele fotografou estações de metrô pela Coreia do Norte em 1989, perdeu-se na selva vietnamita, bateu fotos de geleiras na Antártida e fez uma série sobre as piscinas de Leipzig. Agora, o fotógrafo alemão Hans-Christian Schink está mostrando suas fotos de Tōhoku, a região na costa leste do Japão que foi desolada pelo terremoto e pelo tsunami devastadores de 2011.

Foi só no início desse ano que um relatório confirmou que o terremoto causou mais de 15.000 mortes e aproximadamente 400.000 edificações a entrarem em colapso total ou “parcial”. Estimativas iniciais do Banco Central colocam os custos em 245 bilhões de dólares, enquanto o governo japonês estima ser 60 bilhões de dólares a mais;  em todo caso, o evento foi um dos desastres naturais mais destrutivos da história recente.

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Com isso em mente, Schink visitou Tōhoku em 2012 para fotografar a região um ano depois do desastre, mas não queria simplesmente focar em imagens de desordem e destruição. “Você não verá caos nas minhas imagens de Tōhoku”, disse o artista, cuja série de fotos de Tōhoku esteve em exibição na Fundação Alfred Erhadt, em Berlim.

Ogatsuch Ohama. Imagem: Hans-Christian Schink

Como sua outra série, tudo sempre tem uma sensação imóvel, pós-apocalíptica. “Sou fascinado pela atmosfera da imobilidade”, disse. “Talvez seja por isso que tento encontrá-la em todos lugares aonde vou”.

No início, Schink aterrissou no Japão numa residência artística de três meses em Kyoto, que estava marcando o primeiro aniversário do desastre. Não era seu plano inicial partir para o local do desastre, mas foi inevitável. “Todos com quem falei me encorajaram a ir até lá e ver com meus próprios olhos”, disse.

Ele disse que era “impossível imaginar a dimensão da devastação ao longo da linha costeira de quase 483 metros de comprimento que foi atingida pelo tsunami, na qual o aumento repentino da tempestade enxaguou até oito quilômetros em direção ao interior.

O terremoto e o tsunami produziram estimados 25 milhões de toneladas de destroços, e embora os esforços de limpeza tenham sido projetados para durarem três anos, os movimento para a reconstrução ainda continuam. “Certamente vai levar mais do que três anos. Não é só uma questão de fazer uma limpeza, mas em muitos lugares a questão é se as cidades e vilarejos devem ser reconstruídos novamente ou não”, disse Schink.

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Tanogashira, Utatsy, prefeitura de Miyahi. Imagem: Hans-Christian Schink

Naturalmente, a escala de destruição é evidente no trabalho do Schink, que mostra o poder arrebatador da natureza através das consequências do desastre. Nessa série, vemos lajes de concreto quebradas levadas pela água no litoral como se fossem migalhas de biscoito, ou casas caídas umas sobre as outras como dentes apinhados. Isso para não mencionar o silêncio nervoso capturado com os buracos lacunares onde toneladas de edifícios certa vez estavam de pé.

Mas mesmo em 2012, quando a série foi fotografada, a resiliência era um tema central. “Acho que as pessoas vão se assentar por ali novamente”, disse. “Isso te dá uma ideia do estado de mente quando você ouve alguém dizendo 'Minha família não deixou nossa vila durante a crise de fome de 1732, por que devemos deixá-la agora?' Mas essa persistência também me dá um sentimento muito ambíguo e talvez isso é algo que eu também quis mostrar”.

Schink visitou o Japão pela primeira vez em 2005, desenvolvendo uma relação forte com o país. Uma coisa que o fascinou, disse, era a forma estoica com que a população em geral parecia ver os desastres naturais. Mas à luz de outro desastre que seguiu o terremoto em Tōhoku – a fusão nuclear de Fukushima Daiichi – essa visão está mudando.

“O que é bem desafiador é a forma com as pessoas veem desastres causados pelo homem como em Fukushima. Elas estão se dando conta de que permitiram que a política fosse completamente influenciada pelo lobby da indústria nuclear”, disse Schink. “Será interessante ver se isso poderá ser modificado”.

Tradução: Julia Barreiro