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Seu Sofá Nunca Viu Tanta Ação Quanto em Towerfall

O maior ponto positivo de TowerFall é que ele é, simplesmente, divertido pra caralho. Seu objetivo é matar seus amigos dando flechadas neles com sua munição limitada ou pulando na cabeça deles.

No dia 25 de Junho de 2013, o console Ouya foi lançado para o público em geral. Um ano antes ele havia sido revelado em sua página do Kickstarter sendo um dos maiores sucessos da página de crowdfunding até hoje, atingindo 8.596.474 dólares, bem mais do que o objetivo inicial, de 950.000. A ideia do Oyua era criar um console barato baseado em uma plataforma de Android, feito para aproveitar o boom dos indie games e o número cada vez maior de desenvolvedores independentes. Quase um ano após o lançamento, como o console está indo das pernas? Bom, parece que tá mais ou menos, ainda mais agora que um dos melhores motivos para comprar o sistema, sem hipérboles, não é mais exclusividade do Oyua. No entanto, mais de um amigo me disse que Towerfall era motivo o bastante para adquirir o console e agora que eu consegui comprar e rodar o joguinho, entendo do que eles estavam falando.

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Mas do que se trata esse jogo afinal de contas?

Lembra quando você sentava com seus amiguinhos no sofá, e se empanturrava de biscoito de polvilho e dolly guaraná jogando Super Smash Bros? Bom, se você nunca fez isso, então não sabe o que é, possivelmente, a melhor experiência de multiplayer possível no mundo. A galera inventando apelidos que denigrem estética e moralmente o coleguinha, as piadas escatológicas, a humilhação de ser vencido 15 mil vezes pelo mesmo filho da puta que joga melhor do que todo mundo e a comemoração quando ele finalmente é deposto como reizinho do videogame do sofá do seu primo. Matt Thorston fez o jogo praticamente sozinho, somente com a ajuda de Alec Holowka na música e da galera brazuca do Studio MiniBoss na arte, que ele inicialmente fez sozinho, mas disse que tava um lixo.

O maior ponto positivo do jogo é que ele é, simplesmente, divertido pra caralho. Seu objetivo é matar seus amigos (o jogo aceita até quatro jogadores simultâneos) por meio de flechadas com sua munição limitada ou pulando na cabeça deles; a jogabilidade frenética e caótica irá gerar gostosas gargalhadas entre a galera. Inclusive, por ser um jogo rápido no qual os power ups podem fazer toda a diferença, a vibração geral é um gostoso caso de democracia, em que seu amiguinho mais viciado não necessariamente vai levar a melhor. Cada uma das fases que você escolhe pra porrada rolar solta tem suas particularidades e muitos níveis diferentes, inclusive, munido de suas flechas especiais como a com explosivos, arbustos espinhentos, flechas laser, etc., etc., cada um tem sua estratégia particular. A não ser que você pegue um power up de escudo, qualquer porrada mata o seu bonequinho; quem conseguir morrer menos, obviamente, vence a rodada. Com inúmeras combinações, que você pode alterar antes das partidas, é possível aumentar ou diminuir o numero de flechas iniciais, semear mais power ups espalhados pela fase ou deixar os personagens cabeçudos e, consequentemente, mais fáceis de atingir.

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Nada como juntar os amiguinhos para jogar um gamezinho no sofazinho.

Depois que o contrato de exclusividade de seis meses com o pessoal do Ouya expirou, o desenvolvedor pôde lançar o jogo para PC e, com certa ajudinha da galera da Sony, para o Playstation 4. Como já está se tornando comum entre os indies, quando o jogo foi adaptado para outras plataformas, ele não foi lançado da mesma forma que a inicial, mas ganhou um upgrade considerável, cheio de surpresas para a molecada e, apesar de ter certos problemas em rodar em alguns PCs (no meu computador zoado por exemplo) por meio da distribuição no Steam, ele chegou a muitos sofás ao redor do mundo que não tem um Ouya. O jogo teve aceitação quase universal a não ser por causa de uma crítica que até faria sentido, mas, na real não faz não, qual a crítica? Ele não tem multiplayer on-line. Vamos voltar nossos olhinhos agora para outro joguinho que tenho jogado um bocado nos últimos tempos, o recém saído do beta fechado, desenvolvido por uma das maiores empresas de videogames do mundo, o Hearthstone: Heroes of Warcraft desenvolvido pela Blizzard.

O Hearthstone é um jogo que simula os jogos de cartas preferidos dos nerds, como o meu queridinho Magic: The Gathering, nele, você entra em um ambiente virtual para construir baralhos e por meio das diferentes classes tiradas diretamente do World of Warcraft sair na porrada com um oponente on-line. Por que estou falando desse jogo agora se a matéria aparentemente era sobre o Towerfall? Por ser um jogo obrigatoriamente on-line no qual você joga com oponentes reais ao redor do mundo. No design do jogo, a Blizzard fez uma escolha, provavelmente sábia, tratando-se do tipo de jogo que estavam fazendo, de limitar ao máximo a interação dos jogadores. A curiosa ironia que se levanta ao observar esses dois jogos à luz do multiplayer é justamente essa: um não permite em absoluto o jogo on-line, e por isso mesmo força você a ter contato real com pessoas que estão na mesma sala que você, já o outro que é obrigatoriamente on-line e não permite que você tenha grandes interações com seus oponentes.

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A interação épica de Hearthstone.

Enquanto Towerfall obriga você a levantar sua bunda e ir à casa do seu amigo, o Hearthstone foi feito para você jogar sozinho e ligeiramente deprimido. Não estou dizendo absolutamente que o Hearthstone não é um bom jogo, pois ele é e, embora polido demais para meu gosto de moleque magiqueiro, ele trabalha muito bem com a premissa, mas a interação entre jogadores é a coisa mais asséptica da história da humanidade. É quase palpável a solidão e tristeza de seu oponente quando ele manda uma das seis mensagens padrão, que são a única interação possível entre os jogadores no meio das partidas, ou seja, você pode falar "Boa jogada!", ou "Olá!", ou "Ooops!" e só! Claro que depois você pode adicionar o cara como amiguinho em sua conta e xingar o filho da puta por ele ter vencido, prática que parece, inclusive, ser comum entre maus perdedores e adolescentes mal resolvidos, mas, no meio da partida, você está obrigado a seguir esse script limitado.

Uma coisa que por vezes esquecemos ao avaliar um jogo de videogame é, na verdade, uma pergunta que nos últimos tempos tem fugido um pouco ao crivo crítico da criançada, que é: esse jogo é divertido? E por divertido quero dizer: esse jogo me faz rir enquanto eu jogo, mesmo quando perco a partida? Towerfall é um jogo que faz você perder um dia inteiro junto com seus amigos jogando durante horas a fio sem ter noção do que está rolando lá fora. Pelo menos para mim, o fato de ele obrigar você a jogar com outra pessoa é um fato muito positivo, pois não é algo que você faz entre ler um texto e ver um vídeo de cachorrinho na internet; ele exige sua atenção total e acaba sendo divertido pra caralho. Agora, se você leu esta matéria até o fim, saia daqui, compre o jogo e chame algum amigo para jogar logo! Não tem como não amar um jogo que facilita você a salvar o final das partidas em um gif animado.

Siga o Pedro Moreira no Twitter: @pedrograca