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Estas formas geométricas no Mato Grosso foram criadas por civilização até então desconhecida

Milhares de pessoas viviam no sul da Amazônia antes da colonização e, ao que parece, usavam figuras precisas para rituais.

A floresta amazônica já inspirou incontáveis contos de civilizações perdidas. Quanto mais arqueólogos exploram a região, mais confirmamos sua lendária reputação.

Recentemente, uma equipe de arqueólogos e especialistas em imagens de satélite descobriram os restos de uma civilização até então desconhecida que viveu entre 1250 e 1500, pouco antes da colonização europeia.

A descoberta foi descrita em paper publicado nesta terça no periódico Nature Communications, chefiada pelo arqueólogo da Universidade de Exeter, na Inglaterra, Jonas Gregório de Souza, e conta com cativantes imagens de formas geométricas no solo.

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Crédito: Universidade de Exeter

“Os resultados mostram que 1.800 quilômetros da porção sul da Amazônia eram ocupados por culturas construtoras de terra que residiam em vilarejos fortificados”, concluiu a equipe de Souza no texto publicado. Segundo o time de pesquisa, a descoberta pede “por uma reavaliação do papel desta região no desenvolvimento cultural pré-colombiano e seu impacto ambiental”.

Estes povos viviam afastados dos principais rios no estado de Mato Grosso. Estima-se que até um milhão de indivíduos pode ter vivido espalhado ao longo de mil pequenos vilarejos espalhados pela região, muito mais do que se pensava anteriormente.

O habitát “interfluvial” foi “negligenciado arqueologicamente”, de acordo com os pesquisadores, com base na ideia predominante de que sociedades pré-colombianas se manteriam próximas de cursos de água importantes.

Tais comunidades não só se firmaram em regiões relativamente inexploradas, mas também preencheram o local com padrões geométricos conhecidos como “geóglifos”, que seguem até hoje.

Imagens de satélite de sítios recém-explorados na Bacia do Tapajós revelaram 104 exemplos destas obras em formatos que variam, entre círculos, hexágonos e quadrados, com diâmetro entre 30 a quase 400 metros. Alguns se sobrepõe aos outros; tantos outros contam com formas menores em seu interior.

Crédito: Universidade de Exeter

Não se sabe ao certo a função dos geóglifos, mas muitos parecem não ter sido ocupados, o que sugere um uso cerimonial ou ritualístico. Expedições a alguns destes pontos revelaram ainda que os povoados, por vezes, ficavam dentro ou em torno destas demarcações.

Com base nas descobertas, a equipe de Souza questiona “a ideia dominante de que grandes cursos de água seriam as principais rotas de comunicação na Amazônia”. Eles indicam que boa parte das regiões interfluviais inexploradas contava com uma rede gigantesca de vilarejos, com população variando entre 20 e 2.500 indivíduos, o que reforça a noção de que os mistérios arqueológicos da região mal começaram a ser descobertos e resta muito a aprender sobre a história humana dentro deste bioma essencial.

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