Dezesseis ônibus queimados, 16 prédios públicos e privados atacados a tiros e 150 motocicletas queimadas no estacionamento do DETRAN: saldo de cinco dias de ataques na capital cearense no final do mês de julho. Os ataques foram considerados uma reação à morte de integrantes de uma facção criminosa durante uma troca de tiros com a polícia. Oito envolvidos foram presos.Os incidentes dão continuidade à narrativa crescente do índice de violência no Ceará. De acordo com dados da própria Secretaria de Segurança Pública do estado, houve 5.134 homicídios no ano passado, um aumento de 50,7% em relação a 2016. A disputa pelo controle do tráfico de drogas no estado é apontada como uma das causas para tanta violência.
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No ano passado, Fortaleza enfrentou uma onda de ataques a cerca de vinte ônibus, reivindicada pela facção Guardiões do Estado (GDE), que exigia a transferência de membros do grupo para uma unidade prisional onde eram maioria. Os ataques só foram encerrados por causa do clamor da população.O Ceará tem sido considerado um ponto estratégico para a venda de drogas. O próprio Ministro da Justiça, Torquato Jardim, declarou que o estado é geograficamente favorável para o crime, afirmando que quem o domina tem o controle do Nordeste nas mãos.Depois que o policiamento aumentou na tríplice fronteira do Paraná, especialmente no combate à drogas vindas do Paraguai, as quadrilhas começaram a explorar uma nova rota, pelo rio Solimões, conseguindo trazer produtos diretamente da Bolívia. Os entorpecentes vão para outros estados do Brasil e saem para a Europa através do Ceará, que se tornou um dos principais distribuidores de drogas do país.O Ceará é o estado brasileiro mais próximo da Europa, com voos diretos saindo de Fortaleza, o que chama atenção de grandes facções como o PCC, que tem ganhado cada vez mais território fora do estado de São Paulo. O PCC é aliado ao Guardiões do Estado, criado em 2016. Do outro lado, o Comando Vermelho buscou apoio de um grupo que possui forte influência na rota Solimões, a Família do Norte (FDN).O objetivo das facções é aumentar o número de filiados e o controle da distribuição de entorpecentes. O PCC tem buscado aumentar suas operações no estado, afrouxando suas leis de ‘batismo’ recrutar menores de idade.
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A rivalidade entre os grupos deu origem à maior chacina registrada na história do Ceará, em janeiro, com a morte de 14 pessoas na casa de shows “Forró do Gago”, em Fortaleza. O ataque foi comandado pelo GDE de dentro da prisão. O local era conhecido por ser frequentado por membros do Comando Vermelho.Três dias depois da chacina em Fortaleza, uma rebelião na Cadeia Pública de Itapajé deixou 10 mortos. O confronto foi entre membros do PCC, aliado do GDE, e do Comando Vermelho.Dois meses depois, a capital cearense foi palco de outra chacina, no bairro Benfica, onde sete pessoas foram assassinadas. Duas delas vendiam drogas na praça onde o ataque começou ataque foi motivado pelo controle do tráfico na região. Membros do Comando Vermelho estavam entre os mortos e o único suspeito preso até o momento pertence ao GDE.
Entre as duas chacinas, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, e o diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, estiveram no Ceará para lançar o Centro Regional de Inteligência Integrado da Polícia Federal no Nordeste, o primeiro do país.Parte do lucro obtido no tráfico é usado para ajudar as operações comandadas de dentro das prisões. O bloqueio do sinal para celulares nos presídios mostra-se uma questão estratégica no combate ao crime, e também é motivo de reações violentas de grupos criminosos no Ceará.A promessa do bloqueio no estado nasceu em 2002, mas sem sucesso. Em março de 2016, foi aprovada uma lei estadual que tentava aplicar a instalação dos bloqueadores, obrigando as operadoras de telefonia celular a criarem uma 'sombra' para impedir que o sinal chegasse aos estabelecimentos prisionais.
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Pouco mais de um mês depois da aprovação da lei, a página ‘Polícia Civil do Ceará em Ação’ recebeu uma mensagem endereçada a deputados com ameaças.“Não queremos saber o que o Sr. Governador irá fazer pra vetar essa lei que o senhor e seus amigos fizeram. Mas o senhor dê um jeito de vetar o mais rápido possível, pois caso contrário iremos tomar atitudes drásticas, o crime está muito bem preparado para uma guerra contra o seu governo”, dizia a carta mandada para página por um perfil falso.Ainda no mesmo dia, um carro com 48 bananas de dinamite e 13,3 quilos de explosivos foi encontrado estacionado próximo a Assembleia Legislativa do Ceará. Foram necessárias cinco horas para desativar as bombas e ninguém se feriu.Em agosto de 2016, o Supremo Tribunal Federal derrubou a lei, apoiando a ação contrária criada pela Associação Nacional das Operadoras Celulares. Leis similares em outros estados também perderam validade.
O governador do Ceará, Camilo Santana (PT-CE), continuou a apoiar publicamente o bloqueio de sinal, até que, em fevereiro deste ano, o Senado aprovou a lei do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), que obriga a instalação de bloqueadores em presídios e penitenciárias no Brasil.Dias depois da aprovação, a parede da casa de Eunício foi pichada com os dizeres “Presídio Mudo, Eunício Morto”. Já no mês de março, senador e o governador Camilo Santana receberam outra ameaça através de uma carta deixada por bandidos que tentaram invadir um prédio dos Correios em Fortaleza.
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“Vamos começar a mexer com a política, onde vocês não terão mais o direito de colocar nenhum cartaz, showmício e campanhas onde estiver o tráfico de drogas, influenciaremos nas eleições todas as vezes agora. Só candidatos que olham pelo povo entrarão nesses locais para fazer campanha. Os outros podem ir com a polícia colocar seus cartazes. Ao saírem, iremos tirar. Se mandarem distribuir panfletos, iremos atirar”No seguimento da carta com a ameaça, a sede da Secretaria da Justiça e Cidadania foi alvejada. A polícia estava à espera de um possível ataque e durante o confronto três criminosos morreram.
O primeiro semestre de 2018 registrou um aumento de 3,5% no número de assassinatos em relação ao mesmo período de 2017. Mas em julho deste ano, o estado apresentou uma redução de homicídios pelo quarto mês seguido: foram 378 registros, uma queda de 20,3% em relação a julho do ano passado.Questionada sobre a onda de violência no estado, a SSPDS afirmou à VICE Brasil que “não tem medido esforços para combater as mortes violentas e vem reforçando ações de enfrentamento à criminalidade em todo o território cearense.” De acordo com a secretaria a redução de homicídios nos últimos meses deve-se entre outras medidas a expansão das 16 bases de policiamento 24 horas em pontos estratégicos em periferias na capital cearense e a contratações de novos profissionais, aquisição de equipamentos e viaturas.Em resposta aos cinco dias de ataques a prédios públicos e coletivos no fim de julho, a SSPDS informa que quatro suspeitos foram presos. No total, dez suspeitos ligados aos ataques desde o mês de março estão detidos. Para a secretaria o Centro Regional Integrado de Inteligência do Nordeste, que começará a funcionar ainda neste semestre em Fortaleza, vai contribuir para diminuição do número de homicídios e assaltos no estado. “O equipamento reforça o entendimento do Governo Federal, através do Ministério da Segurança Pública, de que a violência tem sido uma problemática nacional, e que requer o envolvimento de todas as esferas para combatê-la”, diz a SSPDS.Com o início da campanha política, o tema da segurança pública será explorado por todos os candidatos, uma vez que é uma das principais preocupações dos eleitores brasileiros. Em uma checagem recente realizada pelo Truco nos Estados, da Agência Pública, críticas à atual segurança pública do estado pelos candidatos ao governo foram classificadas como verdadeiras, enquanto declaração do atual governador defendendo a secretaria foi apontada como incorreta. O tópico promete dominar a campanha eleitoral em todo o país, mas terá uma relação especial com o eleitor cearense.Siga a VICE Brasil no Facebook , Twitter, Instagram e YouTube.
O primeiro semestre de 2018 registrou um aumento de 3,5% no número de assassinatos em relação ao mesmo período de 2017. Mas em julho deste ano, o estado apresentou uma redução de homicídios pelo quarto mês seguido: foram 378 registros, uma queda de 20,3% em relação a julho do ano passado.Questionada sobre a onda de violência no estado, a SSPDS afirmou à VICE Brasil que “não tem medido esforços para combater as mortes violentas e vem reforçando ações de enfrentamento à criminalidade em todo o território cearense.” De acordo com a secretaria a redução de homicídios nos últimos meses deve-se entre outras medidas a expansão das 16 bases de policiamento 24 horas em pontos estratégicos em periferias na capital cearense e a contratações de novos profissionais, aquisição de equipamentos e viaturas.Em resposta aos cinco dias de ataques a prédios públicos e coletivos no fim de julho, a SSPDS informa que quatro suspeitos foram presos. No total, dez suspeitos ligados aos ataques desde o mês de março estão detidos. Para a secretaria o Centro Regional Integrado de Inteligência do Nordeste, que começará a funcionar ainda neste semestre em Fortaleza, vai contribuir para diminuição do número de homicídios e assaltos no estado. “O equipamento reforça o entendimento do Governo Federal, através do Ministério da Segurança Pública, de que a violência tem sido uma problemática nacional, e que requer o envolvimento de todas as esferas para combatê-la”, diz a SSPDS.Com o início da campanha política, o tema da segurança pública será explorado por todos os candidatos, uma vez que é uma das principais preocupações dos eleitores brasileiros. Em uma checagem recente realizada pelo Truco nos Estados, da Agência Pública, críticas à atual segurança pública do estado pelos candidatos ao governo foram classificadas como verdadeiras, enquanto declaração do atual governador defendendo a secretaria foi apontada como incorreta. O tópico promete dominar a campanha eleitoral em todo o país, mas terá uma relação especial com o eleitor cearense.Siga a VICE Brasil no Facebook , Twitter, Instagram e YouTube.