Fotografia do Hamed SaberNos últimos tempos saíram duas notícias de grande relevância sobre as potenciais causas deColapso das Colónias, a praga misteriosa que resultou na morte de biliões de abelhas e que despertou uma histeria ambientalista sem fim. Uma das notícias focou-se nos ácaros, a outra culpou os pesticidas.Agora que a lista de suspeitos se compõe,está a formar-se uma divergência entre os apologistas da indústria dos pesticidas, e os ambientalistas de sempre que estão contra o uso destes químicos. Anos após reportagens do género “temos-de-esperar-para-ver””, as coisas estão em piloto automático e as corporações podem mesmo ser as assassinas das abelhas.Estas notícias sobre abelhas a morrerem sem haver certezas do porquê têm servido de barulho de fundo durante anos. Quando saiuum péssimo artigo do New York Times, em 2013, dizendo que talvezmetade de todas as abelhas que são necessárias para a agricultura tenham morrido, ninguém quis saber. Inversamente quando a notícia do início do ano era que as mortes tinham abrandado um pouco, também não reparámos nisso.Mas têm sido tempos empolgantes no mundo das notícias “todas-as-abelhas-estão-a-morrer”.ABRIL: a culpa é dos ácarosFotografia porGilles San MartinNo dia 28 de abril, o Congresso dos EUArecebeu o testemunho de um especialista de abelhas que trabalha para a Bayer, que é produtora de pesticidas. Como seria de esperar, não culparam os pesticidas.Culparam os ácaros varroa, uma peste exótica que foi introduzida em plantações americanas nos anos 80. Parece que estes ácarosnão estão para brincadeiras. Infetam abelhas com uma doença chamada Varroatose, e ocupam as suas colónias.Publicações ambientalistas como aFriends of the Earthpassaram-se com o testemunho feito por parte da Bayer, dizendo que é “feito contra a própria ciência.” Esta revista culpa a Bayer, e a família de pesticidas não são produzidos pela Bayer. Em 2012,estudos começaram a culparneonicotinóidespelas mortes de abelhas.Durante anos, os neonicotinóides têm sido o bode expiatório do movimento da extrema-esquerda para toda esta confusão. Poderia haver alvo mais perfeito do que um veneno industrial baratofeito de nicotina? Só de ouvir cenas sobre esta porcaria apetece-me culpá-la até do conflito israelo-palestiniano ou do meu síndrome do cólon irritável. Mas isso seria uma reacção instintiva.Pergunta a um ambientalista qual é a causa de qualquer desastre ecológico, e inevitavelmente receberás a mesma resposta “comprovada”: ganância corporativista com a ajuda de um governo corrupto que falha sempre que lhe toca prevenir a situação porque a intimidação e os subornos falam mais alto.Ambientalistas, já vimos este filme, não já?MAIO: Não, são mesmo os pesticidas.Os resultados de uma experiência deChengshen Lu da Harvard School of Public Health seguiram-se a estudos anteriores sobre se os pesticidas neonicotinóides eram de facto os culpados. O seu relatório mostrou que provavelmente são.O estudo anterior de Lu em 2012 sugeriu que as abelhas eram afectadas pelos pesticidas mesmo com bom tempo, e depois morriam meses mais tarde por culpa dos efeitos a longo prazo dos pesticidas, que talvez se intensificassem devido aos ácaros.Mas as novas descobertas sugerem que os pesticidas estão a desencadear outro mecanismo biológico que as está a matar, aparentemente sem a ajuda das térmitas. “Nós demonstrámos neste estudo, mais uma vez, que os neonicotinóides são, muito provavelmente, os responsáveis por causar oColapso das Colóniasem abelhas produtoras de mel que eram saudáveis antes da chegada do Inverno”, dizia o relatório.Confirmando tudo isto, owebsite da USDA destaca uma notícia reconhecendo a possibilidade de culpar neonicotinóides, mas os pesticidas apenas são mencionados abaixo da secção dos ácaros varroa. Liguei para lá com o objetivo de descobrir se eles respondiam ao estudo do Lu, e eles recusaram fazer comentários. A pessoa com quem falei não tinha lido o relatório.Mas a Bayer já o leu. Publicaram uma resposta:Basicamente, não consideram o estudo do Lu válido porque foram usadas quantidades excessivas do químico.
No seu estudo, o Lu usou, de facto, uma concentração sete vezes mais forte de neonicotinóide do que aquela que usou em 2012. Mas o químico foi adicionado à porção de comida deixada ás abelhas, que a ingeriram voluntariamente.
A Bayer até pode dizer que a concentração é dez vezes mais forte do que aquilo que irá encontrar na vida selvagem, mas é difícil imaginar qual a quantidade utilizada por cada agricultor. As abelhas envolvidas na experiência digeriram essa quantidade e comportaram-se normalmente durante meses, até exibirem os sinais de disturbios – a maioria ficou deitada quieta e em decomposição, apesar de também existir a parte em que todas as abelhas saudáveis fogem da colmeia.
O novo estudo de Lu não é suficiente claro para banir os pesticidades, mas chega para que se exija que sejam feitas mais experiências. A história diz-nos que este tipo de alterações demoram anos a ser consumadas. Isto, presumindo que as abelhas durarão até lá.
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