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Como é que os millennials vivem as relações sem sexo

Os motivos variam de caso para caso. No entanto, estudos recentes garantem que a geração millennial está a enfrentar uma crise sexual, mesmo apesar do sucesso massivo das aplicações que prometem sexo simples e descomprometido.

Este artigo foi originalmente publicado na VICE UK.

Não viveste verdadeiramente se, até agora, não passaste por pelo menos uma seca sexual. Há alguma coisa num período de celibato não intencional quando és solteiro que coloca toda a tua existência em perspectiva. Ou, pelo menos, acho que era isso que Josh Hartnett estava a tentar ensinar-nos em 40 Dias e 40 Noites.

Mas, hoje, com estudos que mostram que os adolescentes estão a beber menos, consomem drogas e fumam erva com menos frequência e, geralmente, se transformam em gajos de 40 anos aos 25, assistimos também à falta de sexo a infiltrar-se nos relacionamentos. Um estudo publicado em Agosto descobriu altas taxas de inactividade sexual entre os millennials nos EUA. Um resultado que, de certa forma, vai contra aqueles artigos de opinião sobre o Tinder que tentam demonizar a app em que namoro pela Internet e sexo casual colidem.

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Parece que as secas não são apenas um cliché individual, por isso falámos com algumas pessoas sobre como acabaram por dar por elas num relacionamento sem sexo.

"Estaria mais interessada se ele fosse melhor na cama"

"Estaria mais interessada em sexo se a pessoa com quem estou hoje fosse melhor na cama. Sempre que vou a sua casa, os preliminares são bastante fracos, por isso comecei a dar desculpas. Ele também nunca me faz sexo oral.

Fiquei chocada a primeira vez que fizemos sexo. Ele tinha saído de uma relação longa e, por isso, achei que tinha muito mais experiência. Já tive parceiros sexuais muito bons no passado, mas nem posso mencionar isso, porque a namorada dele traiu-o e ele não aceita críticas. Até chorou quando tentei acabar com ele uma vez. Neste momento, tento evitar ir para a cama com ele. Não sei quanto tempo é que isto pode durar".

— Laura, 24 anos

"Para ser honesta, nem sinto assim tanta falta de sexo"

"Perdi o meu emprego há cerca de um ano atrás e ganhei muito peso, portanto sexo é a última coisa que me passa pela cabeça. O meu namorado mudou-se não muito tempo depois e agora vemo-nos apenas em finais de semana alternados, portanto, no início, sexo não era realmente um problema.

Mas, desde então, quase não pinamos e, para ser honesta, nem sinto assim tanta falta de sexo. Nunca tive um desejo sexual muito alto. Agora dou desculpas para não me encontrar com ele, já que sei que ele quer sexo. E se nos encontramos, tento marcar para quando estou menstruada. Nem sempre consigo safar-me, todavia. Já fui para a cama com ele algumas vezes só para evitar outra discussão, mas depois acabo por me sentir mal. Ele menciona sempre isso quando discutimos por coisas como lavar a louça, por exemplo, por isso sei que está mais incomodado do que deixa transparecer.

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Vê: "O que é que se passa com o amor?"


Mas, honestamente? Não me apetece. Acho que não sinto tanto desejo por ele quanto costumava. Já me senti tentada algumas vezes, mas nunca por ele. Às vezes por um colega de trabalho, às vezes por um amigo. Mas, o sentimento de culpa acaba sempre por levar a melhor.

No entanto, isto não é o suficiente para me fazer acabar com ele, pelo menos por enquanto. Passámos por muita coisa juntos e acho que não conseguiria começar do zero agora. Já para não falar que acho que nenhum outro gajo aceitaria passar meses sem pinar. Espero voltar ao ponto onde gostaria de estar, mas irá isso acontecer em breve? Duvido".

— Steph*, 25 anos

"Hoje em dia já tenho sorte se ela me masturbar"

"Não consegui acreditar da primeira vez em que fui para a cama com a Emma*. Já nos conhecíamos há algum tempo e enrolávamo-nos às vezes quando estávamos bêbados, mas ela tinha acabado de sair de um relacionamento complicado e dizia sempre que não queria avançar muito e muito menos ter alguma coisa séria. Mas, para minha surpresa (e de todos os meus amigos), a dada altura ela quis mesmo ficar comigo. Tornámos o namoro oficial alguns meses depois.

Tínhamos uma vida sexual incrível. Às vezes ela até tomava a iniciativa. Mas, depois de acabarmos a universidade e ela voltar para casa dos pais, a nossa vida sexual tornou-se muito pouco excitante e, basicamente, inexistente. Hoje em dia, tenho sorte se ela me masturbar. Sei que a Emma sofre de depressão, por isso tento não levar isto para o lado pessoal, mas não te sentes muito bem contigo mesmo, quando a tua namorada não quer ter sexo contigo.

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Agora moro sozinho, mas sempre que a Emma fica cá em casa e tento aproximar-me dela, nunca dá em nada. No entanto, acho que posso esperar, se isso significar ficar com ela".

— Jack*, 24 anos

Passamos um mês no Minder, o Tinder muçulmano

"Se calhar não estou assim tão interessado em fazer sexo com ele"

"A maioria dos meus amigos estão agora noivos ou casados e não é segredo que senti uma pressão para me acomodar. Conheci o meu actual namorado numa aplicação de encontros. Ele preenchia todos os requisitos: tinha um bom emprego, vestia-se bem e era incrível em todos os aspectos, excepto que quase não temos sexo desde que o fizemos pela primeira vez. Sinto-me culpado, mas não houve uma altura em que realmente tenha sentido muita vontade de o fazer.

Dito isto, há um mês conheci um gajo alguns anos mais novo num bar. Passámos semanas a "flirtar" no WhatsApp e, finalmente, marcámos uma data para nos encontrarmos. Recuei no último minuto, mas isso fez-me perceber que não é uma questão de não estar interessado em sexo, se calhar não estou é assim tão interessado em fazer sexo com ele. Sei que devia acabar tudo, mas vem aí um Inverno e, honestamente, não gosto de passar por isso sozinho".

— Georgie, 26 anos

"Nunca fomos até ao fim. Ele era casado"

"Sei que é um cliché, mas apaixonei-me por um homem casado. Apesar de termos "namorado" seis meses, nunca fomos até ao fim. Por mais bizarro que pareça, acho que teria sido ir longe demais. Ele dizia que estava tudo bem e costumávamos fazer outras coisas, o que, para mim, estava óptimo.

No entanto, no fim de contas, um relacionamento sem sexo não ia funcionar para mim. Acabou por causar uma ferida no nosso relacionamento, já que estávamos sempre com tesão sem podermos matar a vontade. E parece que ele, por sua vez, afinal não estava a aceitar as coisas assim tão bem. Acabei por lhe ver o telefone um dia e descobri que ele andava com conversas com outras CINCO raparigas. Fiquei muito feliz por não ter cedido".

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— Olivia*, 22 anos

*Alguns nomes foram alterados a pedido dos entrevistados.


@its_me_salma

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