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Pesquisadores uniram as mentes de três pessoas para jogar 'Tetris'

É a primeira vez que uma interface entre cérebros foi incorporada em mais de duas pessoas.

Por que ligar ou mandar mensagem para alguém quando você pode direcionar seus pensamentos para o cérebro da pessoa? Pode parece algo saído de Black Mirror, mas cientistas já conseguiram fazer algo parecido com mais de duas pessoas pela primeira vez.

É capaz de você já ter ouvido falar em interface entre cérebros. São ferramentas modernas de escaneamento cerebral que permitem as pessoas se comunicarem, em certo sentido, telepaticamente. Pois eis que, num estudo postado no arXiv semana passada, pesquisadores da Universidade de Washington, nos EUA, detalharam um novo exemplo dessa tecnologia usando três pessoas ao mesmo tempo, criando o que eles descreveram como uma “rede social” entre cérebros.

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O jeito como os participantes podem interagir ainda é muito limitado, mas mostra o potencial para esse tipo de comunicação sem palavras para tomadas de decisão em grupo no futuro.

Mas como isso funciona? Bem, não é tão simples. Os pesquisadores usaram grupos de três pessoas, dois “remetentes” e um “receptor”, todos em salas separadas. Os três participantes estavam ligados a máquinas de eletroencefalograma, que gravavam a atividade elétrica do cérebro. O “receptor” também estava ligado a um aparelho que fornecia estimulação magnética transcraniana (EMT), que estimulava certas reações no cérebro usando emissões curtas de energia magnética direcionada.

No experimento, os trios tinham a tarefa de jogar um Tetris super-simplificado. Os remetentes podiam ver a tela inteira, enquanto o receptor só podia ver as peças enquanto elas caíam, não a base onde elas aterrissavam. Para ganhar o jogo, os remetentes tinham que indicar ao receptor se ele tinha que rotacionar ou não a peça para se encaixar na fenda abaixo:

Um exemplo da tela da perspectiva dos remetentes. Imagem via arXiv.

É aqui que a telepatia acontece: se o remetente quer que o receptor gire a peça, ele precisa focar os olhos na parte direita da tela, onde havia uma luz LED piscando a 15 Hz. Isso gerava ondas cerebrais na mesma frequência, o que o eletroencefalograma pegava e transmitia para o EMT do receptor. O sinal fazia o EMT induzir um ponto de luz no campo de visão do receptor, que era o código para “girar o bloco”. O receptor então tinha que interpretar as dicas dos dois remetentes de maneira independente e decidir o que fazer.

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A tela que os remetentes usavam para decidir que mensagem transmitir para o receptor. Imagem via arXiv.

Usando essa técnica, trios conseguiram completar o jogo de Tetris com uma precisão média de 81,25%, segundo o estudo. Parece mais preciso que ter um amigo gritando “Vira! Vira” atrás de você num fliperama. E isso fora o fato que, para alguns testes, os pesquisadores faziam um dos remetentes mandar a instrução errada, então o receptor tinha que descobrir qual remetente estava falando a verdade e qual estava tentando atrapalhar.

Essa não é a primeira vez que pesquisadores conseguiram fazer pessoas se comunicarem com interface entre cérebros. Experimentos anteriores permitiram aos pesquisadores criar um “computador orgânico”, ligando quatro ratos; mostraram que pessoas podem completar um jogo com 20 perguntas por meio de transmissão entre cérebros, e fizeram macacos controlarem colaborativamente um modelo de braço em 3D usando só seus pensamentos.

“Usando só informação entregue pela BrainNet, os receptores conseguiram aprender a diferenciar entre informação confiável mandada para seus cérebros por outros participantes, e escolher o remetente mais confiável”, explica o estudo. “Isso torna a informação compartilhada pela BrainNet similar a comunicação social na vida real, nos levando um passo mais perto de 'redes sociais de cérebros'.”

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