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Vice Blog

Irmãos belgas são apontados como os homens-bomba de Bruxelas – a caçada pelo terceiro suspeito continua

Ibrahim e Khalid el Bakraoui tinham acusações por assalto a mão armada, mas nenhuma ligação conhecida com militantes islâmicos até então.
Imagem de um dos três suspeitos no aeroporto de Bruxelas em 22 de março. Crédito: Polícia Federal da Bélgica/ EPA

A Bélgica confirmou a identidade de dois dos terroristas que participaram dos ataques ao aeroporto e metrô de Bruxelas que deixaram 31 mortos. O promotor federal belga Frederic van Leeuw nomeou dois irmãos entre os homens-bomba. Um terceiro terrorista, visto num vídeo de segurança do aeroporto na terça-feira, fugiu da cena e agora está sendo caçado pelas autoridades. Elas ainda não o identificaram.

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Em entrevista coletiva na manhã de quarta, o promotor disse que Ibrahim el Bakraoui era um dos terroristas que realizaram o ataque ao aeroporto de Bruxelas, onde duas explosões aconteceram na manhã de ontem. Ele teria sido o homem-bomba responsável pela primeira explosão.

O oficial também identificou o irmão dele, Khalid, como o homem por trás da explosão na estação de metrô Maelbeek, que aconteceu logo depois do ataque ao aeroporto. A última contagem dos dois ataques aponta 31 mortos. Os irmãos nasceram na Bélgica e tinham acusações por assalto a mão armada, mas nenhuma ligação conhecida anteriormente com militantes islâmicos.

A dupla foi identificada por vídeos das câmeras de segurança e impressões digitais.

O homem que fugiu da cena ainda não foi identificado. Mais cedo na quarta-feira, a mídia belga informou que um dos principais suspeitos do ataque tinha sido preso. O homem foi identificado inicialmente como Najim Laachraoui, mas essa informação foi desmentida mais tarde.

A DH, que foi a primeira a divulgar a história, também disse que o homem detido no distrito de Anderlecht tinha sido identificado de modo equivocado. O DNA de Laachraoui foi encontrado nas casas usadas pelos terroristas de Paris no ano passado, disse o promotor na segunda. Ele acrescentou que o suspeito tinha viajado para a Hungria em setembro com o principal suspeito pelos ataques de Paris, Salah Abdeslam.

Alguns meios de comunicação apontaram Laachraoui como o terceiro terrorista que fugiu do aeroporto usando um chapéu azul, mas as autoridades ainda não confirmaram a informação.

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O presidente turco Recep Tayyip Erdoğan disse na quarta que um dos terroristas de Bruxelas foi deportado da Turquia junho passado e que alertou a Bélgica de que ele era um militante. Em entrevista coletiva, Erdoğan disse que o homem foi deportado para a Holanda a pedido dele e que a Turquia também notificou as autoridades holandesas.

A primeira bomba no aeroporto explodiu perto do balcão 11 às 7h58, horário local, e a segunda explosão aconteceu nove segundos depois no balcão dois no terminal de embarque, disse Van Leeuw.

Segundo o promotor federal, os três homens pegaram um táxi para o aeroporto. O oficial também confirmou que os suspeitos eram do bairro de Schaerbeek, Bruxelas. As autoridades já revistaram um apartamento na área e descobriram um notebook junto de um bilhete de Ibrahim dizendo que não queria acabar na cadeia.

O promotor disse que o bilhete de Ibrahim, que tem sido identificado como um testamento, dizia: "Sempre fugindo, sem saber o que fazer agora, sendo procurado por toda parte, não estando mais seguro e sabendo que se esperar mais, ele se arrisca a acabar numa cela".

Durante a entrevista coletiva, Van Leeuw disse que era "muito cedo para fazer uma ligação direta com os ataques de Paris" em novembro e as explosões em Bruxelas.

O país fez um momento de silêncio ao meio-dia da quarta-feira, seguido por uma entrevista coletiva conjunta entre o primeiro-ministro Charles Michel e seu colega francês Manuel Valls. Michel cancelou uma viagem agendada para a China para ficar na Bélgica. "Estamos determinados, mesmo com uma sensação ruim no estômago, a agir", disse Michel. "França e Bélgica estão unidas na dor mais que nunca."

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O alerta de segurança na Bélgica continua no nível máximo, e o sistema de metrô e o aeroporto de Bruxelas continuam fechados pelo segundo dia. Alguns trens e ônibus alternativos foram estabelecidos e estão rodando.

Duas pessoas foram detidas para interrogatório, um delas já foi liberada. Numa operação em Schaerbeek na terça à noite, a polícia encontrou 15 quilos de explosivos, 150 litros de acetona, 30 litros de água oxigenada, detonadores e uma mala cheia de parafusos e pregos, além de materiais como caixas plásticas, usadas para embalar os explosivos.

Ibrahim, 29 anos, tinha alugado um apartamento com um nome falso no bairro Forest, na capital da Bélgica, onde a polícia matou um atirador numa batida semana passada, disse a RTBF. Na batida, os investigadores encontraram uma bandeira do Estado Islâmico (EI), um fuzil, detonadores e impressões digitais de Abdeslam, preso três dias depois.

Van Leeuw disse que as batidas aconteceram por toda a Bélgica, mas se recusou a dar mais detalhes sobre esses esforços. O Estado Islâmico assumiu a responsabilidade pelos ataques. Estima-se que cerca de 300 belgas lutaram com grupos islâmicos na Síria, o que torna o país de 11 milhões de habitantes o maior exportador de combatentes europeus e um foco de preocupação para a França e outros vizinhos.

Especialistas em segurança acreditam que as explosões provavelmente foram preparadas antes da prisão do francês Salah Abdeslam, 26 anos, na sexta. Os promotores o acusam de ter um papel-chave nos ataques de 13 de novembro em Paris.

Tradução: Marina Schnoor