Um mar de petróleo e lava
Cotopaxio icônico vulcão equatoriano, dá sinais de vida após 139 de repouso. Crédito: Frederick Bernas

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Um mar de petróleo e lava

O Equador agora depende de um preço de commodity que está além de seu controle. Para piorar, o vulcão Cotopaxi está voltando à ativa pela primeira vez em 139 anos.

O futuro do Equador depende de um preço de commodity que está além de seu controle. Para piorar, o vulcão Cotopaxi está voltando à ativa pela primeira vez em 139 anos.

No último dia de março de 2014, o presidente Rafael Correa derramou lágrimas ao vivo na televisão. Closes extremos mostraram o líder lutando para suprimir a emoção enquanto escutava a estudante Daniela Armijo agradecê-lo por gerar "esperança por um novo Equador".

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Armijo não era uma estudante qualquer. E não se tratava de um evento político habitual. O discurso dela inaugurou a "Cidade do Conhecimento" em Yachay, descrito por Correa como "o projeto mais importante da história do país".

Um bilhão de petrodólares públicos foram injetados no empreendimento. Construído ao redor da Universidade Yachay Tech, onde Armijo se matriculou entre os 174 acadêmicos da primeira turma, o plano completo prevê um uma cidade futurista pós-industrial, um Vale do Silício resplandcente para a América do Sul.

"Uma nova pátria está nascendo", pregou Correa em Yachay. Em suas apaixonadas palavras, prometeu um "salto para o futuro" e a construção de uma "sociedade de conhecimento" a fim de superar a pobreza.

Nada poderia simbolizar melhor a onda de gastos populistas que sustentou a agenda de Correa desde que se tornou presidente, em 2007. Com preços de petróleo que ultrapassaram os140 dólares por barril em 2008, ele farejou uma oportunidade para transformar o Equador em uma potência progressista, abastecida por educação e inovação

Uma "Revolução Cidadã" ambiciosa foi lançada para inserir o Equador no século 21 na velocidade da luz. O programa mais do que duplicou os gastos em educação, gerou empregos, construiu hospitais, expandiu o crédito imobiliário e estabeleceu quatro "mega universidades", incluindo a Yachay.

Mas nem tudo saiu conforme o planejado. O Equador está à beira de se tornar um petro-estado falido. E sobre a instabildade, encontra-se outro desastre em potencial: o vulcão icônico do país, Cotopaxi, está voltando à ativa pela primeira vez em 139 anos.

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O petróleo permeia todos os aspectos da vida equatoriana. As vendas chegaram a 102 dólares por barril quando Correa apresentou a Cidade do Conhecimento, em março de 2014. Em dezembro de 2015, o preço afundou para 37 dólares. Agora, ele precisa enfrentar as falhas da prosperidade volúvel. Depois de anos surfando no boom global de commodities, o presidente foi forçado a reduzir seu investimento público insustentável, alvejando assim as instituições democráticas que ficaram perdidas no fogo cruzado de sua busca pela modernização e cobrindo o seu paradigma político com camadas e camadas de campanhas publicitárias alegres.

No ano 2000, o Equador adotou o dólar americano como moeda após uma crise econômica brutal. Combinado com a profunda necessidade de petróleo, isso criou uma espiral tóxica de dependência. O futuro da petrocracia andina de Correa está presa aos caprichos do mercado global, e não tem como voltar atrás.

"É uma forma inédita de agir"

Tudo se resume a oferta e demanda. O aumento da produção de petróleo inchou o mercado, ocasionando o preço mais baixo em 14 anos, menos que 28 dóalres por barril, no começo do mês passado. E capaz que caia ainda mais. Os Estados Unidos quase dobraram a produção nos últimos anos, ao passo que o Irã começou a extrair novamente, depois que sanções econômicas paralizantes foram suspensas.

Petro-estados parceiros, como Nigéria, Rússia, Brasil e a vizinha andina do Equador, a Venezuela (outro país campeão em gastos sociais pesados), foram devorados por dificuldades econômicas. Os frequentes contos terríveis sobre Caracas denunciam a escassa oferta de itens básicos, como leite. A crise no país também causou um terremoto político. O partido socialista do presidente Nicolás Maduo, hoje no poder, foi derrotado nas eleições parlamentares, em dezembro.

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Seria Equador o próximo?

Uma tocha cospe fogo no céu perto da área petrolífera da Amazônia Equatoriana. Crédito: Frederick Bernas

Dos sonhos ingênuos de Yachay a Lago Agrio — uma cidade de perfuração em poço de água doce, soterrada pela floresta amazônica —, a favelas sombrias na metrópole arenosa de Guayaquil, o gueto mais notório do Equador, a história segue o rastro da verdade do petrodólar, tomando as pessoas e os lugares que foram marcados pela visão revolucionária de Correa.

Afastar a economia equatoriana do petróleo é o objetivo-chave do grande projeto de Yachay. Executivos insitem que o orçamento será mantido, apesar dos cortes em outras áreas. "O risco é alto", admite Hector Rodríguez, CEO da Yachay EP, "mas a única maneira de escapar da dependência do petróleo é quebrar o ciclo investindo em empreendedores e cientistas".

Menos de dois anos após a apresentação inaugural de Correa, negociações foram estabelecidas com a Microsoft, a Cisco, a IBM, a Siemens e empresas do tipo, seduzidas por uma zona econômica especial que lhes oferece incentivos fiscais carnudos. O banco chinês EXIM lançou uma linha de crédito de 260 milhões de dólares. Empresas petrolíferas, incluindo a Halliburton, conduzirão pesquisas em hidrocarboneto e criarão programas para treinar a próxima geração de engenheiros químicos.

Muitos prédios de Yachay ainda estão em construção. A expectativa é que a cidade esteja em pleno funcionamento em 2045. Crédito: Frederick Bernas

A aula inaugural da universidade contou com uma fornada fresquinha de estudantes. Cerca de 800 alunos estudam hoje na Yachay Tech, que contratou professores do mundo inteiro. Uma faculdade comunitária também está operando, com um misto de programas tradicionais e tecnológicos, como carpintaria e biotecnologia.

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"Estamos sonhando alto", disse Ricardo Silva, reitor do Instituto 17 de Julio, ao observar os trabalhadores no telhado de um laboratório de telecomunicações 4G. "É um município, mas não é gerido por um prefeito. É uma cidade administrada por corporações. É uma forma inédita de agir", declarou.

"As raízes já ganharam terreno", continuou. "É incrível! Três anos atrás, isso era pasto puro. Não havia nada ali."

Do outro lado da rua, em frente ao instituto técnico de Silva, as portas de um bangalô soltário, de cor ocre, encontram-se trancadas por fora, com cadeado. Um par de cães cochilam no alpendre, mas o interior está vazio; do telhado, escorre uma fiação antiga, lastimável. Em uma colina distante, um outdoor massivo da Yachay emerge sobre um vale exuberante, repleto de canteiros de obras. O que à distância parece um campo fértil na verdade alardeia plantações ressequidas de feijão e milharais às traças.

A casa abandonada de Yolanda Morillo fica do outro lado da estrada, de frente para o instituto técnico de Yachay. Crédito: Frederick Bernas

"Morei 35 anos na minha casa. Tínhamos tomates, cenouras, abacates, pimentões, gado. Deixei tudo para trás. Meu projeto morreu", lamenta Morillo, sentada em um apartamento térreo desordenado, em Urcuquí, a minutos do complexo Yachay. A fazendeira de 73 anos de idade tem cabelo curto, fortes linhas de expressão e mãos imaculadas, que traem o caráter de seu negócio.

Em outubro de 2011, as autoridades enviaram a Yolanada um aviso de despejo. Três meses para arrumar as coisas e deixar sua propriedade de 10 hectares (0,1 km²), localizada em um terreno privilegiado, no centro do empreendimento emblemático de Correa.

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"Procurei advogados, mas ninguém aceitou o trabalho", lembra ela. "Disseram que era impossível resistir ao govenro, mas tive que batalhar para conseguir um preço justo pela minha terra."

Sua busca por fim logrou, e o caso de Yolanda rasteja pelo sistema legal do Equador desde janeiro de 2012. Ela disse que um encontro ao acaso com o próprio Correa a deixou esperançosa frente a um possível acordo: "O presidente ficou assutado com a minha ansiedade e começou a falar pelos cotovelos. Ele disse que me ajudaria se eu me acalmasse. Me ofereceram terra em outro lugar em troca."

"É muita terra e muito dinheiro"

Mas não deu em nada. Em abril deste ano, um juiz mandou Yolanda aceitar uma oferta que ela alega equivaler apenas a metade do valor de sua propriedade, montante que ela usou para comprar um terreno menor longínquo – a única opção acessível.

A Cidade do Conhecimento se apropriou de 47,9 quilômetros quadrados no total, demovendo dezenas de famílias e eliminando centenas de empregos. Em Urcuquí, muitos trabalhadores reclamam que programas governamentais prometidos para tapar a lacuna de empregos não se materializaram.

"Enviei meu currículo para Yachay várias vezes, mas dizem que todas as vagas já foram preenchidas", conta Edison Peña, 45, que vive com a esposa e três filhos na região de Mercedes. "Parece que isso tudo não passa de fraude e mentiras."

"Costumávamos ter trabalho permanente o ano todo", acrescenta o líder da comunidade Manuel Quimbiamba. Ele estima que aproximadamente metade dos 500 trabalhadores rurais de seu bairro estão dando duro para sobreviver. "Agora, os únicos trabalhos que encontramos são temporários", continuou. "Precisamos de algo mais estável."

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Não conseguimos contatar René Ramírez, o Ministro de Educação Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação do país, e uma grande força por trás de Yachay.

Yolanda Morillo em seu apartamento, em Urcuquí, onde ela tenta viver na miúda. Crédito: Frederick Bernas

A Yachat Tech está coberta de controvérsias. Em julho, o reitor foi demitido após reclamar de receber o mesmo salário que os diretores sediados na Califórnia, que raramente pisam no campus.

"Alguém que ganha 16.300 dólares por mês do governo deveria ter a decência de morar no Equador", Fernando Albericio, químico renomado, declarou a um portal de notícias local. "Fui honesto com eles, e me mandaram embora."

"Yachay é um projeto legal, mas muito mal planejado", suspira Yolanda. "Não estão envolvendo a comunidade. É muita terra e muito dinheiro."

Yolanda diz que está passando por uma "crise emocional, como uma roleta girando". Seus olhos cinza brilham. "Perdi todas as minhas forças nesses anos. Eu me sinto fraca, mental e psicologicamente. Não me resta nada."

* * *

Na edição de 31 de outubro de 2015 do programa "Citizen Link", transmitido ao vivo todos os sábados, Correa apresentou o orçamento de 2016 ao povo. Parecia que o ex-professor estava dando uma aula de álgebra à nação, traçando linhas vermelhas embaralhadas em slides de PowerPoint para ilustrar produção e faturamento.

"Economia é como um jogo de malabarismo chinês com pratos", ele sorriu, enquanto explicava a previsão de 2,5% de déficit no orçamento do ano por vir. "Mas não se preocupem! È algo perfeitamente administrável com o barril de óleo a 35 dólares."

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O programa televisivo semanal do presidente Correa dura de 3 a 4 horas. Crédito: Frederick Bernas

Mega-projetos como Yachay tornaram-se uma obsessão pessoal do presidente, que gastou petrodólares em mais universidades e uma refinaria no Pacífico, assolada por problemas.

"O petróleo hoje é como banana, coco e café eram no passado", explicou Alberto Acosta, economista que serviu de Ministro da Energia durante um breve período em 2007. "É fundamental para o Equador."

Mas o mandato de Correa foi "incapaz de perceber o enfraquecimento gradual do mercado internacional, e não superou a dependência do petróleo – sequer sugeriu uma alternativa", Acosta escreveu em um artigo recente. "Na verdade, o país está consolidando essa dependência ao expandir fronteiras e caçar as últimas reservas disponíveis".

Acosta disse que Correa falhou em diversificar a indústria nacional, e citou dados que apontam que o petróleo representou 52 por cento do total de exportações de 2007 e apenas um ponto percentual a menos em 2014. Os encargos de extração cobrados por extratores de fora significam que, com um preço global tão baixo, ficou quase impossível para o governo lucrar com vendas. Ao mesmo tempo, acordos com países como a China prometem produções futuras antes mesmo dos barris se encherem.

Enquanto isso, Correa criou um estado esquerdista de redistribuição abastecido por um capitalismo galopante, ávido por recursos, proferindo discursos como "não gosto de petróleo e mineração, mas gosto mais deles do que pobreza e miséria" para recompor sua imagem pública com essa separação curiosa entre ideologia e economia.

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Um elemento crucial de sua estratégia de marketing é a Secretaria do Buen Vivir ("bem-estar"), nomeada com base em um plano nacional homônimo, publicado pela primeira vez em 2009. No papel, a secretaria seve como um ministério do pensamento, concebida para imbuir o governo com altos ideais e erguer noções tradicionais de desenvolvimento.

"Economia é uma coisa, felicidade interna é outra", disse Freddy Ehlers, Ministro do Bem-Estar. O entuiasmado Ehlers, ex-jornalista, que abriu mão da imparcialidade para apoiar a primeira campanha presidencial de Correa, fala em termos abstratos sobre sua missão para "redefinir o que significa progresso" com uma ênfase em bem-estar em vez de riqueza.

Em uma reunião com jornalistas de outros países, em outubro, Ehlers e um painel de conselheiros batalharam para articular sua mensagem, injuriando "O Sistema" e passando um vídeo berrante com a música-tema do departamento, bem brega. Quando foram questionados sobre as mudanças concretas que foram realizadas com o orçamento de 12 milhões de dólares, citaram uma série televisiva sobre Buen Vivir e um "semáforo nutricional" nas embalagens de alimentos produzidos no país.

"Não sei muito bem o que ele faz", admitiu Santiago Rojas, um advogado com carinha de bebê da equipe jurídica do ministro, a respeito de seu chefe, "mas ele vive em reuniões, e ele medita".

Buen Vivir está por toda parte no Equador. Faz parte da decoração de uma rede nacional de creches infantis. Os discursos de Correa são temperados com o mantra do bem-estar, apesar de significar uma guerra cultural declarada contra a própria doutrina econômica.

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Freddy Ehlers (centro) discursa em uma reuinão com jornalistas internacionais, em outubro de 2015. Crédito: Frederick Bernas

"Esse governo é pura propaganda e hipocrisia", disse Alberto Acosta, que concorreu à presidência em 2013. "É como um motorista que indica que vai virar à esquerda, mas vira à direita. Correa é um dos maiores capitalistas do Equador."

No fim de novembro, o presidente evitou um confronto constitucional ao prometer não se candidatar para as eleições de 2017. Talvez tenha sido uma medida perspicaz evitar a responsabilidade pela indisposição econômica iminente do Equador. Mas ele abriu as portas para um retorno presidencial em 2021: a proposta de emenda que remove os limites de mandato foi aprovada pelo Congresso em dezembro.

"Em países subdesenvolvidos como o nosso, a continuidade de projetos bem-sucedidos como a nossa revolução é fundamental", Correa tuitou para cerca de 2,5 milhões de seguidores.

Mesmo sem um balanço bancário inchado pela bonança do petróleo, o presidente de 52 anos permanece com uma força formidável, com aprovação pública acima dos 40 por cento. Os gastos radicais de Correa tiraram vários equatorianos da pobreza, mas ele preside uma nação cada vez mais dividida. A ira está se intensificando em comunidades que não foram convidadas para a festa do petrodólar.

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Envolta por uma densa floresta tropical, a meia hora da fronteira inquieta com a Colômbia, a cidade de Lago Agrio carrega no nome a tradução espanhola de "Sour Lake" – município americano onde a Texaco se estabeleceu em 1901. Setenta anos depois, a corporação batizou a irmã sul-americana em homenagem a seu nexo de sucesso.

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A primeira concessão de petróleo do Equador foi outorgada em 1878, catalizando uma onda de produção na península de Santa Elena ao longo do século 20. Quando a Texaco descobriu os depósitos ricos da Amazônia, no fim dos anos 60, marcou o começo de uma nova era: a população andina se preparou para subir no palco do mundo, revitalizar suas fortunas econômicas e deixar para trás um passado agrícola em prol de um futuro altivo, petro-cêntrico.

Vista aérea de uma instalação de excavação de petróleo perto de Lago Agrio. Crédito: Frederick Bernas

Ao redor de Lago Agrio, a floresta verdejante está marcada por poços de petróleo profundos sob as árvores. Chamas dançam no céu, sobre os enormes tanques e oleodutos que correm paralelos à estrada. Engenheiros de jalecos pesados trabalham em expedientes de 40 horas, no calor tropical, seis ou sete dias por semana, colhendo sonecas rápidas sempre que possível.

"É como estar casado com a empresa", admitiu um técnico de Schlumberger, virando uma cerveja gelada de uma só vez, pesaroso, nos aposentos do hotel, onde vai ficar até começar seu próximo turno extenuante.

Perto dali, a praça central da cidade estava alvoroçada com a noite de sexta-feira. Adolescentes se reuniam no parquinho com brinquedos de plástico para assistir a jogos dramáticos de vôlei ou saborear o frango frito do KFC de Lago Agrio, novinho em folha. Uma música pop kitsch ecoava de uma torre de observação central, adornada com uma parede de vidro com cascatas de água, iluminada com cores cintilantes.

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Do terraço, ao norte, a vista era dominada por um centro desportivo da era espacial. Foi inaugurado em 2014 para atender uma nova geração: Entre 2001 e 2010, a população provinciana cresceu mais que 60% (para 176 mil), ao passo que trabalhadores migraram atrás de novas oportunidades, depois da recessão dos anos 90. Muitos sonhavam com empregos nessas empresas petrolíferas que nunca param de escavar.

Ao sul, fileiras de árvores ocultavam uma extensa faixa de residências de favela, com telhados de metal corrugado enferrujados e janelas sem cortinas nas paredes de concreto.

"Construímos essas casas porque não tínhamos onde morar", contou Angel Chamba Cuenca, que divide um barraco com a esposa e a filha na ala leste da comunidade. Sob um brilho neon sinistro, ele torna água de um balde azul sobre sua cabeça ensaboada, lavando as camadas de suor da floresta.

A casa de Angel Chamba Cuenca está a metros do centro recreativo de Lago Agrio. Crédito: Frederick Bernas

"Vendíamos coisas nas ruas, mas o prefeito queria que nosso trabalho fosse legalizado para podermos receber apoio do governo", explicou Cuenca, migrante oriundo da região sul de Loja. Ele é um dos 200 pequenos comerciantes que moram e trabalham na Avenida Petrolera há oito anos.

As casas deles encontram-se espremidas atrás das lojas, em uma avenida comercial que recentemente foi cortada ao meio por despejos, limpando a entrada para um novo parque com trilhas naturais e instalações turísticas.

"Formamos um comitê e eles prometeram construir um mercado para nós, mas ainda estamos à espera", acrescentou Cuenca. Ele contou que o grupo foi largado no limbo pelos dois perfeitos subsequentes, incluindo Yofre Poma, aliado de Correa que foi elevado ao posto de governador provinciano em 2014.

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"A polícia aparecia para nos incomodar o tempo todo, então pedimos para eles consertarem a rua no lugar. Queremos trabalhar livremente, mas o governo está nos negando", disse Cuenca, enquanto mascava um pedaço mandioca, cozida no fogão instalado ao lado da cama de sua filha. "Correa diz que está trazendo unidade e igualdade para todos. Não é bem assim. Somos todos contra Correa."

"A vida costumava ser ótima aqui"

"A vida costumava ser ótima aqui", continuou. "Tinha bastante produção de coco e café. Eles nos adiantavam os pagamentos, e todo mundo tinha emprego. Mas agora é tudo petróleo, e você precisa de qualificação para trabalhar nessas empresas. Não é para todo mundo."

Outras pessoas de Lago Agrio associam o boom do petróleo com uma riqueza extraordinária.

"Quando o barril custava 120 dólares, todos nós estávamos gargalhando", lembrou-se Antonio, que administra um estande móvel de venda de água de coco a 50 centavos por copo. Ele alega ter faturado 17 mil dólares em poucos meses como chef particular de um supervisor seletivo da Petrobras, e contou que, com essas economias, comprou uma casa para seus filhos.

No centro desportivo reluzente, a poucos metros de sua casa, Angel está de volta à labuta. Seu segundo trabalho é cuidar dos banheiros públicos, coletando 15 centavos de cada usuário e oferecendo os confeitos da disposição organizadinha da vitrine de vidro.

"Você tem que se sacrificar, ou não come", lamentou. "Correa diz que está acabando com a pobreza, mas para isso ele está matando os pobres."

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A 640 quilômetros de Lago Agrio, a capital comercial do Equador é uma metrópole em movimento. Com três milhões de habitantes, Guayaquil também é a maior cidade, construída ao redor de um porto que lida com 80 por cento da carga do país. Contêiners coloridos de flores, frutas e peixes, bem como barris de petróleo bruto e cubas de gás, são transportados por navios-tanques pesadões a mercados ao redor do globo.

O centro sujismundo é uma floresta de lojas de cotação de ouro, arquitetura retrô dos anos 70 e bancas de empanadas fritas; um parque cheio de iguanas amigáveis é a principal atração. Nas margens do rio Guayas, o calçadão Malecón 2000 ostenta fileiras de estátuas de bronze e torres de observação ocupadas por adolescentes aos beijos, que ignoram o leve odor de chorume advindo da água encardida logo abaixo.

Uma roda-gigante glamorosa será inaugurada ano que vem. "É que nem Miami!", exclamou um segurança, enquanto flertava preguiçoso com uma vendedora de sorvete de um estande deserto. O canteiro de obras mal parece estar em operação.

Mais adiante, o primeiro cinema IMAX da América do Sul é ligeiramente ocultado por um morro chamativo, pintado em cores pastéis. A primeira construção de Guayaquil foi edificada em Cerro Santa Ana em 1536, onde hoje se gaba um calçadão cafona, repleto de bares e restaurantes, apelidada de "Disneyland" pelos locais, coroada com um farol ornamental de brinquedo que parece ter saído de um desenho do Pato Donald.

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Cerro del Carmen e Cerro Santa Ana ficam perto do centro urbano congestionado de Guayaquil. Crédito: Frederick Bernas

Um morro vizinho comanda a vista do topo, mas seus prédios de cores vibrantes já perderem a vitalidade.

"Não vá até lá", alertou um policial cauteloso a postos na base de Cerro del Carmen. "Vão roubar tudo. Só subimos quando acontece alguma coisa."

"Se eu levá-lo até lá, a polícia vai pensar que quero roubá-lo", disse um pedreiro que tem primos no bairro, rindo. "E você definitivamente não deve ir sozinho."

Os petrodólares de Correa ainda não chegaram a Cerro del Carmen. Cães ladram nas varandas de casa semiconstruídas e crianças chutam uma bola em uma ruela estreita, sob teias de cabos dependurados que sugam energia dos postes de luz das calçadas. Em vez de um farol, o cimo da colina ancora um monumento gigantesco de Jesus, de cobre, cercado por torres magrelas de satélites que cortam o céu nublado. O lixo sufoca parte do morro, duelando por superioridade com ervas daninhas e trepadeiras.

"É a cidade velha e a cidade nova, dá para ver o contraste todo", disse María, 32 anos, moradora da favela, cujo terraço tem vista para o horizonte irregular dos edifícios à distância. Ela cuida de três crianças durante o dia e à noite trabalha no bar de uma boate do centro, servindo drinques para beberrões festeiros com dinheiro de sobra. "Os apartamentos daqueles prédios custam 200 mil dólares", acrescentou. "A casa de frente para a minha custa 20 mil."

Gaby é uma mulher trasngênero que mora em Cerro del Carmen. Crédito: Frederick Bernas

"Vemos muitos crimes e drogas aqui", continuou sua amiga Nicki, uma colombiana que passou muitos anos na área e volta de vez em quando. "Muitas pessoas reclamaram, mas as autoridades não se importaram até que uma pessoa importante foi roubada uns meses atrás. Se for alguém como o filho de Correa, vão derrubar o meliante como um animal!"

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A mulher contou que a polícia invadiu seu bairro e prendeu diversos infratores após o incidente, embora ninguém saiba dizer quem foi a vítima de peso. A atmosfera permanece volátil.

"Às vezes, parece que vivemos em exílio"

Mais tarde, um policial mostrou um vídeo de dois turistas desafortunados assaltados à mão armada em plena luz do dia, em Cerro Santa Ana, onde os guardas patrulham a zona Disneyficada de visitantes quase o tempo todo. Um dos ladrões foi apreendido em Cerro del Carmen.

"Deveriam consertar tudo, como no outro morro", disse Nicki, "mas não só as partes que todo mundo enxerga, porque isso cria um mito".

O prefeito é conhecido por ativar equipes de pintura para retocar as fachadas antes de feriados nacionais, embora muitas escadarias permaneçam em condições precárias.Estatísticas indicam que quase 100 por cento dos residentes de Carmen contam com recolha de resíduos, mas sacolas largadas nas ruas sugerem o contrário.

"Dá para ver que fomos completamente esquecidos aqui", declarou Gaby, uma mulher transgênero que mora a uma quadra de María. Seu bafo exala um cheiro de álcool barato, e ela tenta propor um ensaio nu.

"Às vezes, parece que vivemos em exílio."

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Guayaquil é uma cidade mais longa do que ampla, espremida entre o rio Guayas e a densa floresta. Ao passo que cresceu sem parar, as comunidades se alastraram como ondas, até chegarem ao território de Isla Trinitaria, no sul.

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A seção norte da ilha recortada parece um coração humano distorcido, com duas pontes e duas artérias bombeando carros e motos e pessoas em um ciclo constante de tráfego. O portão avantajado denota uma fronteira invísvel bem acentuada, separando a massa urbana cinzenta da reserva verde em formato de folha, pontuada por um parque desportivo ecológico bem no centro.

Isla Trinitaria é a área mais notória do Equador. "Costumamos dizer que precisamos de quatro olhos por aqui: dois na frente e dois atrás", disse Esperanza de Trunquillo, 73, que mora na região há mais de 20 anos.

Há muitas histórias de guerras territoriais, atiradores em carros e líderes de gangues com apelidos sinistros. Os moradores especulam que a polícia solidariza com determinadas gangues. Em junho,um adolescente morreu em uma roleta russa da vida real.

"Drogas geram conflito", refletiu Evelyn García, enquanto balançava uma rede suavemente, onde dormia tranquilo um de seus dois filhos. A casa é de cimento, com paredes descascadas, decoradas com pôsters da Disney esfarrapados e brinquedos bagunçados, entulhados em um canto. Garcia trabalha embalando mangas, batalhando para conseguir os 75 dólares do aluguel para o bangalô que ela também compartilha com um irmão adolescente, que ela espera manter longe de problemas.

Após uma série de trabalhos esquisitos, Evelyn García hoje trabalha como embaladora de frutas para sustentar seus dois filhos pequenos. Crédito: Frederick Bernas

A jovem de 23 anos cresceu em um orfanato, pois foi abandonada por uma mãe sem-teto viciada em "H", um derivado da heróina "barato e pesado", vendido a um ou dois dólares por grama. García contou que sua mãe desapareceu recentemente, junto com o mais novo dos quatro irmãos, e foi encontrada pedindo dinheiro no terminal de ônibus de Guayaquil por um primo que passava por ali.

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"Crianças não podem trabalhar. Quando têm muito tempo livre, voltam-se para o crime. Querem uma vida fácil", disse García. Ela criticou um decreto de 2013 do governo, que estabelece um limite tolerante de posse de drogas entre usuários, concebido para evitar a criminalização excessiva de pequenos consumidores.

"Gostaria de pedir a Correa para mudar a lei de volta", disse. "Não está funcionando. Todas as drogas devem ser proibidas. Os traficantes estão vendendo 'H' nas escolas. Os jovens estão perdidos, desesperados, coletando lixo ou roubando só para conseguir mais uma dose."

Na delegacia local, os policiais se preparam para a visita de um supervisor sênior, espanam as janelas reforçadas e varrem o piso de concreto enquanto um rádio arranha um som ao fundo. A home do Facebook está aberta em uma tela em desuso. "Chefe, quero dormir. Estou cansado!", murmura um tentente, pescando em sua mesa de trabalho.

Ele se endireita quando uma garota alarmada entra no recinto, contando que seu telefone foi roubado por um suposto "amigo" que apontou uma arma para sua filhinha durante o passeio das duas. Uma viatura é enviada ao endereço do infrator. Em poucos minutos, pedidos de reforços chegam ao rádio ruidoso. "Às vezes, as famílias saem jogando pedras", disse outro policial, que saiu correndo para ajudar.

Mais tarde, uma van de patrulha circula nas ruas das casas humildes e para em uma esquina onde um garoto perplexo de moletom azul aperta uma pipa de crack. A batida é tão rápida, que nem dá tempo de alguém abrir a boca.

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"Nada", reportou o sargento. "Ele já fumou tudo."

Mapa policial de Isla Trinitaria, que se divide em comunidades chamadas "cooperativas". Crédito: Frederick Bernas

Isla Trinitaria nasceu quando Guayaquil ficou sem espaço. E quando a ilha já não tinha mais lugar a oferecer, as pessoas construíram barracos em estacas sobre um mangue pantanoso no estuário Salado, outrora famoso por águas cristalinas que inspiraram odes poéticas.

Em 2010, com o petróleo a aproximadamente 80 dólares por barril, o governo prometeu 73 milhões para resgatar o estuário de anos de negligência. Virou um lixão flutuante, envenenado pelos resíduos rançosos de uma metrópole florescente, não planejada, e favelas sem infraestrutura sanitária.

As margens surradas serão transformadas em um calçadão de 32 quilômetros, dividido em 11 seções, com parquinhos, áreas verdes e aparelhos de exercício. O presidente Correa fez uma visita em julho para inaguruar duas dessas novas vias e desprezou as questões acerca do racionamento econômico do plano.

"Os conservadores estão perguntando onde está o dinheiro, alegando que desperdiçamos o boom do petróleo", proclamou. "Eles deveriam deixar suas mansões e ilhas privativas e vir a Trinitaria, para ver que o dinheiro do povo finalmente está sendo manuseado por mãos limpas, mentes lúcidas e corações fervorosos, pelo bem da pátria e da maioria."

Quatro meses antes, centenas de policias apareceram na conumidade de Mélida Toral, em lanchas, cavalos e helicópteros, liderando uma frota de escavadoras pela procissão. As ruas ferveram em ira ao passo que os residentes corriam para salvar as posses da demolição; suas casas estavam no meio do caminho do calçadão de Correa. Quarenta e sete famílias foram despejadas.

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Dia 13 de novembro,aconteceu de novo. Mais dezenove casas foram demolidas.

"Eu me sinto impotente. Estou doente e desempregado, sem ter onde ir com minha esposa e duas filhas", disse Walter Moreira, que foi despejado em ambos os dias. Ele alegou que autoridades do governo o autorizaram a reconstruir no terreno onde fiapos de sua casa de madeira são os únicos resquícios de vida.

Moreira permanece no limbo, apesar de um fundo de 110 milhões de dólaresprevisto pelo Ministério de Desenvolvimento Urbano e Habitação, destinado à realocação de 8.175 famílias que vivem no estuário.

"Correa declara, 'Os pobres estão comigo e levarei este país adiante', mas se não somos pobres, quem é?", disse Moreira, 52. Lagrímas escorreram de seus olhos. "Esse homem nos defraudou e humilhou. Ele não nos deu o que desejávamos. Fomos destruídos. Estamos acabados. Ninguém se importa conosco."

Os últimos vestígios dos destroços da casa. Crédito: Frederick Bernas

O arquiteto de Guayaquil Eduardo McIntosh é favorável à ideia de criarem uma "Veneza tropical" com a restauração do estuário, mas ele acredita que o governo gerou um "falso dilema" sobre a necessidade de "escolher entre a preservação do mangue ou a habitação humana no ecossistema".

Em umartigo denso para uma publicação política alternativa, McIntosh argumenta que os locais deveriam ser integrados como "Guardiões do Estuário", pois são as pessoas ideais para servir os turistas e cuidar das instalações. "Ter comunidades vivendo simbolicamente em conjunto com os mangues é a melhor maneira de preservá-los", escreveu.

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A noção de passatempo paradisíaco nas margens de um gueto é carregada de complexidade. Serviços essenciais como água, eletricidade e creches parecem estar melhorando em Isla Trinitaria. Mas essas provisões básicas estão longe de fazer jus ao grande projeto equatoriano de tunar a periferia e os bairros mais necessitados.

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Dia 14 de agosto de 2015, plumas de fumaça rosada emergiram de Cotopaxi, vulcão com a reputação de ser um dos mais ferozes do mundo, pela primeira vez em 139 anos. As autoridades de Quito, a apenas 45 quilômetros de distância, declararam estado de emergência.

No dia anterior, milhares de manifestantes paralisaram a capital com uma greve geral, o primeiro protesto em massa no mandato de oito anos do presidente Rafael Correa. Grupos indígenas, sindicatos, ambientalistas e rivais políticos se uniram em uma miscelânea em oposição às propostas constitucionais que podem estender a gestão de Correa indefinidamente.

Tremores e agitação também acompanharam a última grande erupção de Cotopaxi, em junho de 1877. Na cidade de Latacunga, nuvens pungentes de ácido sulfúrico desceram sobre as multidões queprotestavam contra o fechamento autoritário de uma igreja; o ar estava denso, marcado por instabilidade política, depois que o arcebispo de Quito fora envenenado, meses antes. À medida que uma coluna de oito quilômetros, em forma de cogumelo, aflorava do vulcão, homens e mulheres gritavam que era "Castigo de Deus!".

Traje de proteção contra o vulcão em uma vitrine de Quito. Crédito: Frederick Bernas

Cotopaxi voltou à ativa. Se entrar em erupção, mas de 300 mil pessoas podem ser afetadas, e 25 mil negócios, prejudicados. A economia do país ficaria travada com a suspensão de transporte e redes telefônicas interrompidas. Equipes especiais seriam enviadas para evacuar a população em perigo nas zonas e ofereceriam suporte médico emergencial.

O Equador reservou um fundo de 850 milhões de dólares para respostas a desastres. O montante também cobre o El Niño, que atualmente está se remexendo nas águas do Pacífico e, segundo previsões, é um dos fenômenos mais fortes já registrados. Em 1997, a última vez que o El Niño atacou, 50 mil pessoas ficaram sem casa e 286 morreram em enchentes, ao passo que as autoridades foram severamente criticadas por não agir de acordo com prognósticos certeiros.

Neste ano, o governo está concluindo o ano letivo escolar mais cedo em áreas de possíveis enchentes e aconselhando agricultores a segurar suas plantações. Centenas de milhões de dólares foram gastos em seis "mega-projetos" de gestão hídrica, que protegerão mais de 1.400 quilômetros quadrados de terras e 333 mil pessoas.

Mas apenas 200 milhões de dólares da verba de Correa para desastres emergenciais vêm de cofres públicos; o restante é crédito doBanco Mundial e de outros credores. Críticos veem isso como outro sinal de que os petrodólares foram desperdiçados.

"O governo sempre disse que seria melhor investir em vez de economizar para momentos difíceis. E quando esses momentos chegarem, deverão apelar para a dívida", disse Pablo Lucio Paredes, professor de Economia da Universidade San Francisco de Quito. "Quando os gastos do Estado chegam a 44 por cento do PIB, fica evidente que a maior parte não foi bem investida, como a refinaria do Pacífico, aeroportos com dois voos por dia e mais prédios para burocracia."

Residentes de Isla Trinitaria, Cerro del Carmen, Lago Agrio e Urcuquí não discordariam. Ainda assim, dados do governo sustentam que a "Revolução Cidadã" de Correa reduziu a pobreza de 37 por cento em 2007, quando ele assumiu o cargo, para 22 por cento em 2014, uma mudança drástica para apenas cinco anos.

A campanha Buen Vivir não hesitará em proclamar que a vida de milhões de equatorianos melhorou. Mas a que custo?

À medida que a instabilidade econômica força Correa a frear seu programa de modernização, o mundo precisa considerar as consequências de um desenvolvimento tão veloz assim. Sua falha fundamental em não economizar para um dia de chuva e não diversificar o modelo equatoriano centrado em petróleo pode ser diagnosticada como a clássica visão política a curto prazo, mas em uma escala assustadora.

Correa afundou o dinheiro do petróleo em projetos sociais para se tornar um dos líderes mais populares do mundo. Convenientemente, ele vai sair da linha de fogo ano que vem. Reformas constitucionais recentes impedem as autoridades atuais de se candidatarem nas eleições de 2017, mas elas podem voltar mais adiante. Bem capaz que Correa proclame essa inclusividade enquanto deixa um substituto nas mãos da ira pública, visto que os cortes de verba estão começando a mordiscar, antes de retornar em 2021 para resgatar a democracia em perigo e atender os cidadãos que clamam pelo campeão.

Soa como um grande plano astuto, mas Correa não vai se safar tão fácil. O ciclo de erupção do vulcão Cotopaxi continua flutuante, apesar do pânico minguar após os níveis de alerta baixarem. O El Niño ainda está à espreita, um espectro de caos.

O castigo divino de 1877 se perdeu na História. Mas a tempestade perfeita do Equador ainda está por vir.

Frederick Bernas é correspondente no Equador e trabalha com apoio do Projeto Repórter Internacional. Sua arroba no Twitter é @frederickbernas.

Tradução: Stephanie Fernandes