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Tecnologia

Prêmio Dará 1 Milhão de Dólares Para Quem Criar uma Fonte da Juventude

E é claro que há um investidor do Vale do Silício por trás disso.
Créditos: Shutterstock/amnachphoto

A cidade de Palo Alto, na Califórnia, se transformou em arena científica para um torneio de imortalidade. Equipes de cientistas de todas as partes do mundo foram convidadas para participar de uma nova competição, valendo 1 milhão de dólares, no Vale do Silício, com apenas um objetivo: acabar com o envelhecimento.

O Prêmio de Longevidade de Palo Alto foi lançado recentemente por Joon Yun, médico defensor da extensão da vida e investidor. Até então, 11 equipes aceitaram o desafio (o prazo de inscrição é até janeiro de 2015).

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As regras do campeonato são bem simples: cada equipe tem que correr atrás de dois objetivos de aumento de longevidade, e cada objetivo vale 500 mil dólares. A data final para apresentação dos resultados é setembro de 2018.

Um dos objetivos é bem fácil de entender, pois se resume a estender o tempo de vida de um "mamífero de referência" em até 50%. Ratos são, de longe, os mamíferos mais populares para experimentos do gênero, então, pelas minhas contas, isso significa que os cientistas terão que fazer um roedor alcançar a venerável idade de quatro anos e seis meses, visto que a expectativa de vida de um rato em cativeiro é de aproximadamente três anos.

O outro desafio é mais técnico, e tem a ver com a restauração da capacidade homoestática de um mamífero. Capacidade homoestática é o poder do organismo de se manter sob controle – por exemplo, ao manter a temperatura do corpo estável, ou a pressão arterial regular. O site do prêmio a descreve como algo semelhante a "um joão-bobo, o brinquedo infantil popular, autocentrante". Essa potencialidade se dissipa ao longo dos anos, e em indivíduos da terceira idade, está tudo perdido. A ideia de restaurar a capacidade homoestática equivaleria, portanto, a uma "juventude" mais longa.

A equipe vencedora tem que "restaurar a capacidade homoestática (usando a variabilidade da frequência cardíaca como medida) de um mamífero de referência em processo de envelhecimento, assemelhando-a à capacidade de um jovem adulto".

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O modo como fazer isso, claro, está aberto a experimentações. Cada equipe listada tem sua própria abordagem. Alguns creem que a chave está em órgãos específicos, como o hipotálamo ou a hipófise; outros são mais adeptos de táticas sistêmicas, como otimizar o potencial das células-tronco, ou mirar em inflamações, ou tentar manipular completamente os genes.

Essa variedade de abordagens é compreensível, devido à própria natureza do envelhecimento – um fênomeno complexo e abrangente, que envolve muitos elementos do organismo.

Joon Yun, benfeitor do prêmio. Créditos: YouTube/Prêmio de Palo Alto

O patrocinador da competição, Joon Yun, contou ao Washington Post que espera que pelo menos uma equipe promova algum avanço, ajudando a "decifrar o código do envelhecimento". O prêmio de um milhão de dólares vem de suas finanças pessoais, e ele criou o mecanismo do prêmio principalmente para fazer os pesquisadores anti-envelhecimento se mobilizarem juntos em torno do objetivo compartilhado – restaurar a homoestase. Mas ele também espera que a competição chame a atenção de investidores.

Pesquisadores interessados em longevidade reclamam que a área geralmente é subfinanciada, e que esse é o estado atual das coisas porque é um campo ambicioso (talvez demais) e, até agora, pouco lucrativo.

Em um vídeo postado no site, um dos competidores, David Mendelowitz, da Universidade de George Washington, reclamou de como cientistas que trabalham na disciplina anti-envelhecimento às vezes tem de penar para obter qualquer financiamento.

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Mesmo fundações renomadas, como a SENS, criação de Aubrey de Grey, gerontólogo e garoto-propaganda da extensão da vida (que também faz parte do conselho consultor do Prêmio de Longevidade de Palo Alto), têm orçamentos anuais de cerca de 4 milhões de dólares.

Então um milhão de dólares, embora não seja uma quantia grande para pesquisas científicas, pode representar um avanço e tanto para a situação atual.

Mas, de qualquer forma, é capaz que esse quadro mude. A comunidade do Vale do Silício está flertando cada vez mais com a ideia de estender a vida de uma maneira radical, conforme o anúncio de uma nova instalação para uma misteriosa companhia do Google, em busca de longevidade, demonstrou ano passado.

Parece que tecnólogos estão correndo cada vez mais atrás de uma vida longa, e o torneio talvez esteja apenas semeando o campo para uma missão contínua, maior, para derrotar a mortalidade como a conhecemos hoje.

Tradução: Stephanie Fernandes