O que inicialmente era pra ser uma temporada de férias para o fotógrafo e colaborador da VICE Apu Gomes em Taubaté, São Paulo, acabou virando quase uma semana registrando um dos maiores treinamentos do Exército Brasileiro. Hospedado no sítio de um amigo – que serviu de base principal das operações –, ele acompanhou o treinamento de cerca de quatro mil militares, que aconteceu em diversas cidades da região entre 29 de outubro a 6 de novembro novembro de 2012. Apu só se lembrou dos registros quando as notícias da intervenção militar no Rio de Janeiro começaram a surgir.
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O treinamento consistiu na criação de um cenário de conflito entre dois países, batizados de Azul e Marrom, contra o Exército Marrom Verdadeiro (EMV), cujas ações eram focadas no tráfico de drogas, terrorismo, assassinatos e sabotagens de estruturas militares dos países. Segundo a a assessoria de imprensa do Exército, o chamado Exercício Agulhas Negras – Operação Paraibuna contou com a participação de diversas Organizações Militares do Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás.
A narrativa da operação se dividiu em duas partes, começando com o Governo fictício do país Marrom pedindo ajuda ao Azul para intervir contra o EMV. Assim, as tropas dos azurros ocuparam territórios estratégicos para garantir a mobilidade dos habitantes da região. Na segunda fase, foi o início da chamada Guerra Moderna, onde o exército azul ocupou a região e neutralizou o comando do EMV para estabelecer a paz do país Marrom.Após dois dias de espera e negociações, o fotógrafo conseguiu a autorização do comando do Exército para fotografar o treinamento nas ruas dos municípios de Caçapava, Taubaté, Jambeiro, Natividade da Serra, Paraibuna, Redenção da Serra, São Luiz do Paraitinga e Tremembé.Durante os treinamentos, Apu acompanhou negociações com emissários do exército da ONU, neutralizações de homens-bomba e ações nas quais o inimigo está supostamente mesclado com a população. Militares eram encarregados de se vestirem como civis para o exercício. De acordo com o próprio Exército, o “exercício desenvolve capacidades para atuar em cenários contemporâneos complexos, envolvendo conflitos armados ou não, buscando proteger populações civis envolvidas, bem como neutralizar as ações das forças oponentes”.
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Em 2017, o mesmo exercício do Agulhas Negras chegou na sua 22º edição e, segundo o mesmo, “tem a oportunidade de trabalhar suas Unidades subordinadas em conjunto”.Saque mais fotos do treinamento registrado pelo fotógrafo.
Militares tomam posição durante deslocamento para localizar inimigos e minas terrestres na zona rural de Natividade da Serra. Foto: Apu Gomes/VICE.