Meio Ambiente

Vê o nosso doc climático: "Make The World Greta Again"

A VICE acompanhou Greta Thunberg e outros activistas, enquanto preparavam aquela que foi a primeira grande greve climática estudantil global.

Aos 15 anos, a sueca Greta Thunberg percebeu que o nosso Planeta está, literalmente, a morrer e decidiu agir. Em Agosto de 2018, numa sexta-feira, a adolescente faltou às aulas para protestar, sozinha, à porta do parlamento Sueco. Todas as sextas-feiras seguintes, Greta fez a mesma coisa. Até que as pessoas começaram a reparar, não só no seu país, mas por toda a Europa.

A sua simples acção entrou em modo bola de neve e não tardou a que surgisse um movimento mundial, liderado por jovens e inspirado por Greta, chamado Friday’s for Future. Centenas de milhares de estudantes começaram a faltar à escola às sextas-feiras para saírem às ruas, como forma de exigirem aos governos que percebam que salvar o nosso Planeta da extinção em massa não só é urgente, como, incontestavelmente, é uma boa ideia.

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Anuna De Wever (à esquerda) com Greta Thunberg (ao centro). Foto: VICE

Apesar de ser um movimento internacional, cada país seguiu o seu próprio caminho, com os seus próprios líderes locais a gerirem os grupos de estudantes focados no clima e a tentarem direccionar os seus governos à sua maneira. Mas, há um fio condutor nestes movimentos: todos são liderados por jovens mulheres. Greta na Suécia e Luisa Neubauer, de 22 anos, na Alemanha, que tem sido peça fundamental para espalhar os protestos por 186 cidades alemãs. Na Bélgica, Anuna De Wever, de 17 anos, é a cara e a porta-voz do país no Youth for Climate Movement, que ajudou a aumentar o número de participantes de sete mil para 35 mil em apenas duas semanas. E no Reino Unido, Anna Taylor de 17 anos, que co-fundou o Student Climate Network, um grupo que tem sido responsável pela coordenação das principais manifestações.

Que tantas mulheres jovens estejam liderar um movimento tão global e decisivo para o futuro é uma das coisas mais importantes a sair do “Friday’s for Future”. É por isso que no novo documentário da VICE, Make the World Greta Again (que podes ver acima), decidimos acompanhar Greta e outras líderes activistas, no momento em que organizavam a maior greve climática da história – uma demonstração global, que contou com a participação de 1.6 milhões de estudantes em mais de 125 países.

Testemunhámos a forma como estas raparigas coordenaram esforços a partir de países diferentes e como é que lidaram com os políticos condescendentes que parecem preocupar-se mais com salas de aulas vazias do que com a extinção em massa completamente evitável. Mas, também testemunhámos mais um exemplo de como mulheres inteligentes que não têm medo de dizer o que pensam em público têm de aturar muita merda. “Claro que recebo muito ódio”, diz-nos Greta. E acrescenta: “Há pessoas que passam o tempo a tentar espalhar rumores e mentiras e a ocultar informação. Tratam a Luisa muito mal, por exemplo, inventam rumores sobre ela, o que eu acho absurdo”.

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Luisa Neubauer

"Ninguém te pode preparar para todo o ódio que recebes", confirma Luisa Neubauer. E revela: "Houve alguém que meteu todas as fotos do meu Instagram no Twitter e calculou a minha aparente pegada de CO2, porque no passado fiz viagens de avião; e muito daquilo estava errado. Faz com que te sintas um pouco despida, porque sabes que há gente à procura de coisas sobre ti, mas não tens forma de interferir".

Como resposta, Louisa desenvolveu várias formas de afastar o abuso, para se poder focar, em primeiro lugar, naquilo que está a fazer. “Uma coisa importante que rapidamente aprendi, foi que algumas pessoas, categoricamente, não gostam de mim – diga o que diga, elas odeiam”, explica. E justifica: “Acusam-me de só fazer isto para ter seguidores no Twitter. Já aceitei que não há maneira de chegar a elas, por isso é mais fácil para mim concentrar-me em lidar com outras coisas”.

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O abuso que estas jovens mulheres recebem vai mais além do ódio destilado pelos trolls da Internet. “Recebo muitas ameaças de morte online e mensagens de pessoas a dizer que me vão violar e assim – é muito mau”, revela Anuna. E acrescenta: “É triste que as pessoas tentem encontrar qualquer coisa para odiar, só porque não querem abrir os olhos para o que estamos, de facto, a fazer”.

Apesar de todo o ódio, Greta, Anuna e Luisa estão admiravelmente optimistas. “É bom sinal que as pessoas nos vejam como uma ameaça”, salienta Greta. E conclui: “Acho que é sinal de que alguma coisa está a acontecer neste debate”.


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