​Esta jovem de 22 anos descobriu quatro planetas – incluindo um 'Netuno quente'
A canadense Michelle Kunimoto, 22. Crédito: Martin Dee/University of British Columbia

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​Esta jovem de 22 anos descobriu quatro planetas – incluindo um 'Netuno quente'

Ao que tudo indica, o tal Netuno alternas pode ter uma lua habitável.

A canadense Michelle Kunimoto, 22, graduanda da Universidade da Colúmbia Britânica, cresceu assistindo à série original de Jornada nas Estrelas, o que explica seu interesse por planetas longínquos.

Para um projeto de curso, Kunimoto teve que analisar dados do Telescópio Kepler, o que levou à descoberta de quatro exoplanetas (planetas que orbitam outras estrelas que não nosso sol) anteriormente desconhecidos, entre eles um curioso "Netuno quente" que pode, ao que tudo indica, ter uma lua habitável.

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"Me deram curvas de luz (gráfico da intensidade de uma certa onda eletromagnética de um objeto celeste) que os cientistas do telescópio já haviam analisado", disse Kunimoto, nascida na província de Abbotsford, no Canadá. Ao procurar sinais de trânsitos astronômicos — falhas na luz de uma estrela que indicam a passagem de um planeta — ela descobriu indícios da existência de planetas que haviam sido ignorados.

"Dois deles têm mais ou menos ou tamanho da Terra. Um deles é do tamanho de Mercúrio. E o último é um pouco maior do que Netuno", diz. "O planeta parecido com Netuno é o mais empolgante."

O tamanho dos quatro planetas, em comparação aos planetas Mercúrio, Terra e Netuno. Crédito: Michelle Kunimoto, Jaymie Matthews /UBC

Sua translação dura 637 dias, diz ela, e está na "zona habitável" de sua estrela, o que significa que as temperaturas no planeta permitiriam a presença de água líquida em sua superfície.

Para fins de comparação, nenhuma poça de água poderia se formar em Netuno, o planeta mais distante de nosso sol (esse título costumava pertencer a Plutão até ele ser rebaixado à condição de planeta anão em 2006). Entretanto, um planeta como esse poderia ter uma lua habitável, como é o caso de Pandora, do filme Avatar.

"Não consideramos planetas gelados como Netuno e Urano possivelmente habitáveis", disse Jaymie Matthews, professor de física e astronomia da UBC e orientador de Kunimoto. Esses planetas não são como a Terra, isto é, rochoso onde se formam lagos e oceanos. "Netuno é um planeta gigante com muito hidrogênio, metano congelado e amônia — ou seja, um lugar muito difícil de se pousar."

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"Se Neil Armstrong tivesse tentado pisar na superfície de Netuno", continuou Matthews, "isso seria um grande passo para a humanidade, já que ele atravessaria as nuvens e seria esmagado pela pressão".

Em resumo, é bem improvável que haja vida nesse novo planeta descoberto por Kunimoto — ao menos vida como a conhecemos. "Mas no nosso sistema solar, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno possuem um grupo extenso de luas. Essas luas funcionam como uma miniatura do sistema solar."

Algumas dessas luas foram apontadas como possivelmente habitáveis, entre elas Enceladus, uma lua gelada de Saturno, e Titan, que tem metano líquido em sua superfície e uma atmosfera espessa.

"Ainda não detectamos nenhuma lua na órbita desses exoplanetas", disse Matthews, que é também conselheiro da missão Kepler. "Mas teremos uma resposta em breve. Já estamos desenvolvendo esse tipo de tecnologia."

Encontrar planetas como esse "Netuno quente" é um bom começo. Eventualmente, os cientistas serão capazes de também identificar a presença de exoluas.

Já Kunimoto, cuja pesquisa foi enviada ao The Astronomical Journal, espera continuar estudando exoplanetas (ela está no último ano de sua graduação na UBC).

Para comemorar seu sucesso, a estudante comprou um ingresso para a comemoração do centanário da UBC, onde ela conheceu um de seus heróis: William Shatner, o ator que interpreta Capitão Kirk em Jornada nas Estrelas, que estava lá como orador.

Tradução: Ananda Pieratti