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​Novo vale descoberto em Mercúrio é bem maior que o Grand Canyon

O facto de o planeta encolher é a causa mais provável para o aparecimento da fenda massiva na superfície de Mercúrio.
Representação do recém-descoberto vale de Mercúrio, em azul-escuro, com base nas observações feitas pela nave MESSENGER da NASA. Imagem cortesia NASA/JHUAPL/Carnegie Institution of Washington/DLR/Smithsonian Institution

Este artigo foi originalmente publicado pela nossa plataforma Motherboard.

De acordo com uma investigação revelada pela publicação norte-americana Geophysical Research Letters, cientistas terão descoberto um vale gigante em Mercúrio.

A fenda estende-se por mil quilómetros ao longo da cratera Rembrandt, no hemisfério sul do Planeta, ainda não tem nome e é maior do que o Grand Canyon, nos Estados Unidos da América, cujas medidas são de 446 quilómetros de comprimento e 29 quilómetros de largura. Em termos de extensão, o valor é quase o mesmo, por exemplo, que a distância entre Lisboa e Barcelona.

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Entretanto, sabe-se que, ao contrário do desfiladeiro terráqueo, o vale recém-descoberto de Mercúrio não foi formado por erosões fluviais lentas. Os investigadores acreditam que o vale tenha resultado da resistência do pequeno Planeta enquanto se contrai para formar uma bola ainda menor.

"O grande vale de Mercúrio é resultado da contracção de um planeta que se encolhe numa placa", explica Tom Watters, cientista sénior do Museu Nacional Smithsonian Air and Space e autor principal da investigação.

Há já algum tempo que os cientistas suspeitam que Mercúrio é um planeta que se "encolhe", citando a NASA. Décadas de investigação e exploração revelaram que este pequeno Planeta, apenas cerca de 1,4 vezes maior que a Lua, é dominado por um núcleo denso que ocupa 85 por cento do raio do Planeta (em comparação, o núcleo da Terra estende-se por somente 50 por cento do seu raio).

Animação em vídeo do novo vale de Mercúrio. Vídeo: NASA/JHUAPL/Carnegie Institution of Washington/DLR/YouTube

Desde a origem do Sistema Solar, o núcleo de Mercúrio tem arrefecido e tem-se contraído, o que fez com que todo o Planeta encolhesse. Como as entranhas de Mercúrio estão "seladas" dentro de uma única placa de litosfera, esse efeito de contracção fez a sua superfície dobrar-se ao longo das falhas. De acordo com Watters e a sua equipa, essa é a explicação mais plausível para a criação do vale gigante e das rugas massivas em seu redor.

De facto, observações da nave MESSENGER da NASA sugerem que Mercúrio é cerca de 15 km menor em diâmetro do que era há quatro biliões de anos. Não é, por isso, de estranhar que tenha essa característica retorcida na sua superfície. Assim como uma abóbora esquecida por muito tempo em cima do frigorífico, o Planeta mais ao centro de nosso Sistema Solar está a entrar em si mesmo à medida que o seu interior entra gradualmente em colapso. E, assim, deixa os seus restos à mostra.