Crédito: Chmee2/Wikimedia Commons
Na manhã do último sábado, a polícia do Afeganistão matou um pássaro muito suspeito que relaxava na beira da estrada. O pássaro os assustou porque carregava uma antena. Uma averiguação mais minuciosa do corpo do animal revelou que ele também estava carregando um GPS e uma câmera.Visto que a região norte do Afeganistão tem um histórico considerável de ataques do Talibã, os policiais acharam que o pássaro era uma bomba — uma teoria bem razoável, dado o longo histórico de uso militar de animais pela humanidade. No verão passado, o Hamas, uma organização militante da Palestina, carregou um burro com explosivos e o lançou em direção ao exército israelense.Mas um pássaro-bomba treinado pelo Talibã? Extremamente improvável. Nas imagens da mídia local compartilhadas pela NBC, podemos ver uma etiqueta que informa que esse animal é objeto de estudo do Centro de Conservação de Houbaras (ECCH) no Uzbequistão, localizado logo após da fronteira.O houbara é um pássaro de médio porte originário do Norte da África e do Oriente Médio, e que já foi um dos pássaros mais importantes da falcoaria árabe. Hoje, sua decrescente população mundial é diminuta o bastante para ser considerada como "vulnerável", um nível acima da classificação "em extinção". A polícia afegã estava, em parte, certa: esse pássaro não é comum à área.Yves Hingrat, o cientista que coordena o ECCH, não respondeu imediatamente ao nosso pedido de declaração sobre o assunto. Além de coordenar os esforços de conservação dos houbaras do Uzbequistão, ele também coordena programas de reprodução de houbaras no Marrocos, em Abu Dabi e no Cazaquistão.No ano passado, oficiais do governo do Sudão capturaram um abutre em risco de extinção equipado com uma câmera e um GPS, acreditando que o animal era um espião israelense. Apesar desse pássaro-bomba ser, muito provavelmente, um caso semelhante, utilizar animais para carregar explosivos é uma prática real.Além de utilizar pombos-correio para carregar mensagens do século 6 até a Segunda Guerra Mundial, os EUA chegaram a desenvolver mísseis guiados por pombos na década de 40. Eles também tinham um programa semelhante envolvendo morcegos. Na mesma época, oficiais do governo britânico consideraram o uso de pombos em bombardeios ou em ataques bio-químicos.
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Os Soviéticos estavam mais interessados em cães do que em pássaros. Eles treinaram cães anti-tanques, também conhecidos como "minas caninas", para entrar embaixo de tanques carregando bombas que explodiam quando a alavanca amarrada às costas do cachorro entrava em contato com o fundo do veículo. Os soviéticos usaram 40.000 cachorros em seus combates contra a Alemanha na Segunda Guerra Mundial; mas no final, suas tropas caninas se mostraram ineficazes por diversos motivos, incluindo o fato de que os cães-bomba corriam para debaixo dos tanques soviéticos (como eles haviam sido treinados para fazer) ao invés de explodir os tanques alemães.O primeiro animal usado como aparato incendiário de que se tem notícia foi um porco selvagem, utilizado em 240 AC pelos romanos. O porco era besuntado de piche, aceso, e mandado em direção às tropas inimigas. O primeiro incidente conhecido envolvendo animais explosivos ocorreu durante a Guerra Civil Americana quando os Exército Confederado colocou pólvora em burros — mas o tiro saiu pela culatra. A primeira bomba instalada em uma carroça explodiu em 1920, do lado da sede do JP Morgan Chase em Nova Iorque.A maioria dos países parou de treinar animais para a matança. Hoje, os animais utilizados para fins militares são treinados para tarefas de defesa e detecção de minas terrestres. O Oriente Médio é o único lugar que continua a utilizar animais como bombas; no entanto, eles preferem os burros aos cachorros. Além do incidente do Hamas, um burro explosivo matou um policial afegão e feriu três pessoas no ano passado. O Irã comprou os golfinhos-bomba suicidas treinados pela marinha russa em 2000, mas o país não aparenta ter nenhum plano para eles.A guerra é foda.Tradução: Ananda PierattiO PRIMEIRO ANIMAL USADO COMO APARATO INCENDIÁRIO DO QUAL SE TEM NOTÍCIA FOI UM PORCO SELVAGEM