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Tecnologia

​Cientistas escavarão cratera resultante do meteoro que matou os dinossauros

No Golfo do México, pesquisadores adentrarão 66 milhões de anos no passado para revelar a história geológica da colisão devastadora.
Desenho conceitual da colisão. Crédito: Fredrik

O Golfo do México, rico em depósitos de petróleo, conhece bem a rotina de perfurações marítimas. Mas pela primeira vez uma equipe de cientistas irá à região, na costa de Yucatán, em busca de amostras da cratera de Chicxulub, onde um meteoro de 10 quilômetros de largura colidiu com a Terra há 66 milhões de anos. O desastre ecológico destruiu metade da vida no planeta, incluindo os dinossauros, e levou à ascendência evolucionária de pássaros e mamíferos.

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Por essa cratera ancestral ser o fulcro de uma catástrofe global, cientistas das mais diversas áreas se coçam para estudá-la de perto. O problema é que petroleiras tomaram a região há décadas e, ao longo dos anos, todas as incontáveis tentativas de retirar amostras da enorme cratera de 177 km de largura foram impedidas.

Além dos obstáculos impostos pela indústria, há diversas complicações tecnológicas a serem superadas para a obtenção de amostras da cratera original, enterrada há cerca de 800 metros do leito sedimentário oceânico ao longo de milhões de anos.

Localização e dimensões da cratera. Crédito: NASA/JPL-Caltech/David Fuchs

A situação só mudou quando, no ano passado, um grupo liderado pelos geofísicos Sean Gulick e Joanna Morgan conseguiu levantar 10 milhões de dólares para bancar uma expedição de dois meses no "anel" da cratera, no entorno do ponto de impacto.

No final de março a equipe andará com seu barco 20 km pela costa de Progreso, onde as águas chegam a 16.000 metros de profundidade. Se tudo der certo, os pesquisadores começarão a perfuração em busca de amostras no dia 1º de abril. Eles esperam penetrar 1,5 km no leito oceânico – ou, se preferir, adentrar 66 milhões de anos no passado rumo à era Mesozóica.

As amostras, muitíssimo esperadas, podem revelar a história geológica da colisão devastadora, bem como servir de registro da ressurgência da vida após o desastre.

"Temos algumas hipóteses quanto ao que descobriremos", disse Gulick à CNN na quinta-feira.

"Pode-se presumir que no ponto de impacto lidamos com um oceano estéril e, ao longo do tempo, a vida se renovou", disse. "Talvez aprendamos algo para o futuro."

Por enquanto, porém, é empolgante o bastante saber que os cientistas estão chegando perto de coletar amostras valiosas deste furo de bala planetário no fundo do Golfo do México, onde contos de colapso ecológico e recuperação estão escritos na própria Terra.

Tradução: Thiago "Índio" Silva