FYI.

This story is over 5 years old.

Motherboard

Como a internet espalha a febre amarela no Brasil

Exames contraditórios, informações ilegíveis, fake news, medo e Dr. Google criam uma falsa epidemia do vírus pelas redes sociais.

Febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. Em 0,36 segundos, Dr. Google entrega mais de 4 milhões de resultados de busca desses sintomas no Brasil – os primeiros, certeiros para um diagnóstico de febre amarela.

Infecção aguda causada por um vírus da família Flaviviridae, a doença atrai atenções de diversos cantos do país: autoridades, biólogos, biomédicos, médicos, jornalistas, gente que mora nas áreas de risco e, sim, gente que mora a quilômetros de qualquer vestígio do agravo amarílico. É quase um viral.

Até 31 de março, o Ministério da Saúde confirmou 574 casos da doença. Ao todo, foram notificados 1.987 casos suspeitos (entre eles, 487 ainda em investigação, e 926 descartados). Das 282 mortes registradas, 187 foram confirmadas (71 estão em investigação e 24 foram descartadas). Desde o início do ano, doses extras da vacina estão sendo encaminhadas para Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, onde há casos suspeitos e, nos últimos dias, o Ministério autorizou o repasse de R$ 19 milhões para intensificação das ações de vacinação.

Em tal contexto, as fake news se espalham nos dois extremos: o mito "quanto mais doses, melhor", e a mentira "a vacina é um veneno mortal, pois contém mercúrio". Filas se formaram nos postos pelo país e, em muitos deles, as doses acabaram antes do previsto. Segundo o ministro Ricardo Barros, as notícias causam "alarde desnecessário" e ansiedade na busca por vacinas.

Se, por um lado, as autoridades não traduzem informações científicas muito bem, às vezes a internet traduz demais, misturando diferentes tipos da doença. O que torna a questão preocupante é a notícia (e sua repercussão via redes sociais) de que, com 180 casos confirmados e 65 mortes (no dia 6 de fevereiro), o surto de febre amarela silvestre é o maior desde 1980, quando o Ministério da Saúde passou a disponibilizar dados da série histórica.

Leia o resto da reportagem em Motherboard.