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Tecnologia

Skyrim: Serei eu, bem lá no fundo, um psicopata?

Uma partilha das minhas preocupações existenciais, uma reflexão sobre a vida em geral e, quiçá, um aviso.

Relaxem, isto não é uma crítica fora do prazo sobre o Skyrim. É sim, uma partilha das minhas preocupações existenciais, uma reflexão sobre a vida em geral e, quiçá, um aviso (já vão perceber).

“O que é que este retardado está para aqui a dizer?”, pensam vocês depois de lerem o parágrafo anterior (para os que não pensaram isso, obrigado por não me chamarem de retardado), pois bem, é necessária uma breve contextualização antes de prosseguir com o meu raciocínio.

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Skyrim, ou The Elder Scrolls: Skyrim – assim é que é – foi considerado pela crítica como o melhor videojogo do ano passado. Trata-se de um RPG na primeira pessoa (para quem não sabe o que isto significa, levantem os braços para a frente e imaginem que estão a segurar um machado de guerra; Estão a ver? Pronto, é isso…) passado numa era de fantasia medieval. Resumidamente, somos um gajo qualquer que se vê envolvido numa guerra civil entre Imperiais (os gajos que mandam nesta merda toda) e Stoarmcloaks, os rebeldes que não concordam com os Imperiais e querem fazer de Skyrim uma terra independente, por razões demasiado complexas para explicar aqui (ok, não são assim tão complexas, mas isto é o suficiente). Ah, e também há um problema comum a ambas as partes: por algum motivo desconhecido, dragões (uma espécie supostamente extinta), voltaram à terra para lixar tudo.

Tudo isto é Skyrim!

Como qualquer videojogo deste género, são-nos oferecidas uma imensidão de possibilidades, quests para resolver, partidos para se tomar, e opções morais para se fazer que vão determinar a evolução do nosso personagem e a narrativa da própria história.

Há quem defenda que o gamer transporta a sua identidade para o personagem do jogo, desde a criação do avatar à própria maneira como decide resolver os problemas que lhe são postos ao longo da narrativa. Claro que isto vale o que vale, supostamente aquele maluco norueguês que matou aquela gente toda no verão passado era um tipo cinco estrelas no World of Warcraft.

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Dito isto, quando comecei a jogar Skyrim, foi de maneira bastante humilde, a tentar ganhar o reconhecimento e o respeito das personagens virtuais (não acredito que estou a dizer isto), como de resto faço na vida real, ou pelo menos tento fazer, às vezes dou uma primeira impressão bastante merdosa.

A ajudar esta aspirante a comerciante a seguir o seu sonho.

Com o passar do tempo, fui evoluindo de nível, aprendendo novas técnicas e aprimorando outras.

Olhem eu aqui a queimar este zombie com raios! Altamente, não é?

À medida que fui resolvendo as quests com que me ia deparando, também fui arrecadando riquezas e ganhei a admiração de todos nos quatro cantos de Skyrim. Cheguei ao ponto de ter uma casa em cada cidade do território.

Eu sei que não parece, mas eles adoram-me.

Lá para o nível 50 (umas 200 horas de jogo, nada de mais) já tinha atributos suficientes para partir a boca a qualquer dragão, humano, morto vivo, elfo, trol, demónio ou criatura infeliz que se atravessasse no meu caminho.

O meu anti-stress de escolha.

Mas foi aí que, sem eu notar sequer, passei de herói a vilão. Quando já não havia mais nada para fazer, mais nenhum canto por explorar, quando ganhar mais ouro era igual ao litro porque já não ia gastar o que tinha mesmo que vivesse cem vidas e com todo aquele poder face ao qual nenhum exército poderia fazer frente, o inevitável aconteceu. Empalei uma aldeã inocente.

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Soube mesmo bem!

A partir daí foi o descalabro total, como podem imaginar. Genocídio atrás de genocídio.

HAHAHAHAHAHAHA!

Quando se tem o poder de um semi-deus, a impunidade é total. Juntando isso ao facto de ter visto e experimentado tudo o que se pode fazer (num mundo virtual, pelo menos), as peças estão lançadas para uma vaga de terror e caos aleatório. Tornei-me num autêntico Patrick Bateman desta fantasia medieval, mas em vez de uma faca de cozinha, tinha ao meu dispor uma panóplia de armas, algumas maiores que gente grande, e poderes que fazem lembrar ataques de napalm ou mini ogivas nucleares (isso existe sequer?).

Mas como disse mais lá atrás, isto vale o que vale e mesmo que fosse verdade, pelo caminho das coisas nunca vou ganhar mais do que o ordenado mínimo, ter poderes acho que é mesmo seguro riscar à partida e, com sorte, vou até Quarteira no Verão (na brinca, odeio Quarteira).