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Tecnologia

​O Apple Music Não Parece Tão Matador Quanto Gostaria de Ser

O novo serviço de streaming tem uns recursos bacaninhas, mas nenhuma música exclusiva.
Crédito: Apple

A Apple enfim anunciou seu serviço de streaming de músicas que competirá com Spotify e Rdio. A pergunta é: você, fã de música, deveria optar por ele?

Antes da resposta, precisamos falar sobre expectativas.

Como tudo da Apple, rumores não faltaram antes do anúncio — será que a Apple conseguiria fazer que as gravadoras pressionassem o Spotify para acabar com seu streaming gratuito? O nome do novo serviço seria Beats? Teria conteúdo exclusivo? Kanye lançaria seu próximo disco por lá? E Drake? Dre, cadê o Detox?

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Ao ser apresentado, o Apple Music aparentou ser um serviço de streaming musical bem competente. Não parece um desastre como o Tidal e pelo visto toca uns sons, o que é ótimo. Mas não tem nada que me faria largar o Spotify e não tem nada, além da enormidade da Apple, que me faça pensar que os grandes serviços de streaming perderão seu sono com tal lançamento.

Crédito: Apple

A mensalidade é igual a do Spotify, e como anunciado, não existe exclusividade. Em vez disso, a Apple espera que três funcionalidades o diferenciem dos rivais.

A primeira se chama "Connect" e permite que artistas e fãs, olha só, se conectem. Não está lá muito claro como isso funcionará. Parece um misto de Twitter e página de biografia de artista do Spotify com um tiquinho assim de Myspace das antigas.

A segunda, vamos lá, é a nova Beats Radio Station, que irá ao ar 24 horas por dia, 7 dias por semana pro mundo inteiro por meio do aplicativo e tocará "só as melhores do mundo inteiro".

E por fim, a Apple afirma que suas playlists personalizadas serão selecionadas por "gente de verdade", tipo o Trent Reznor do Nine Inch Nails. Não será só algoritmo.

A Apple adora vender seus produtos como visionários e diferentes, mas toda a perfumaria em torno do Apple Music é só isso: umas funcionalidades bacaninhas extras que, na melhor das hipóteses, serão ignoradas pelo público e, na pior, arruinarão o aplicativo.

O Spotify é um dos meus aplicativos favoritos porque tem um monte de músicas e as toca de forma nada intrusiva. Ele me permite baixar e ouvir o que quiser quando estou offline, além de me deixar passar do meu computador para o celular sem tretas. Também me permite mandar músicas para os meus amigos e criar playlists com eles. O que mais você precisa em um aplicativo musical?

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Como tentar "interagir" com um artista no Connect será diferente de tuítar a eles? Por que eu ouviria uma única rádio global genérica? Por que eu gostaria de saber o que o Trent Reznor quer que eu escute em vez do que meus amigos recomendariam? Ou em vez do que os artistas já recomendam em suas páginas pessoais?

Para deixar tudo em panos limpos: nenhuma dessas funcionalidades é ruim. Elas só não são inovadoras. São coisas que você usa uma ou duas vezes, daí volta a ouvir aquele disco vergonhoso que adorava no ensino médio.

Para derrubar o Spotify (e a Apple quer mesmo fazer isso), a empresa precisaria fazer com que usar o Spotify fosse algo inconveniente ou desvantajoso. Para tanto, a Apple teria que descolar um contrato exclusivo com uma grande gravadora ou artista. Ou então passar a rasteira no preço.

A Apple Music parece bacana e tenho certeza que muita gente irá usar. Mas já tenho um aplicativo bonito e fácil com todas as minhas músicas. Por que deixá-lo? Hein, Apple, por quê?!

Tradução: Thiago "Índio" Silva