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cinema

Filmes: Turbo

Apanha de tomates e trabalho de equipa.

Turbo
2013
7/10 É Verão, finalmente. O termómetro já rebentou com a escala e o que apetece mesmo é uma caracolada com uma imperial numa esplanada com uma excelente companhia. Sendo Verão, chegam também os blockbusters, as grandes animações e eis que um filme decide ser mesmo dedicado aos homens do amanhã, mostrando aos miúdos o que há de bom na vida: caracóis e bólides. Pois é, o filme chama-se Turbo e é mesmo dedicado a todos os gajos da vida, dos nove aos 81 — desde que ainda mantenham o sangue a borbulhar. Afinal, a história de um caracol de corrida é mesmo para isso. Os senhores responsáveis por filmes como Madagáscar e Como treinar o teu Dragão estreiam uma comédia de animação sobre Teo, um caracol comum que é fã de corridas a alta velocidade. As suas noites são passadas em frente à televisão, a desejar estar dentro de um dos bólides que vê a circundar a pista. Mas é um caracol, e o que pode ele fazer para cumprir o seu sonho? Nada, na verdade. Fica, assim, a trabalhar na apanha do tomate (sim, a sério) e a sonhar com grandes momentos seus nas corridas. Teo acaba por se afastar de casa, encontrando-se, por acidente, no meio de uma corrida de estrada onde fica embebido em óxido nitroso em excesso que o transforma num super-caracol, dotando-o de uma velocidade invejável, para além de faróis nos olhos e pisca-pisca no rabo. O destino volta a dar uma ajuda a Teo quando este é apanhado por Tito, um jovem dedicado às corridas de caracóis e a ajudar o seu irmão na venda de Tacos. É neste momento que Turbo começa a mostrar as diferenças de outras animações. Os personagens humanos fogem dos estereótipos disneyanos e aventuram-se noutros terrenos. Tito é hispânico, a senhora da manicure é coreana, quem toma conta da oficina de automóveis é uma rapariga e o ídolo/adversário de Teo é Gagné, um piloto francês ou canadiano multi-campeão da Indy500. Foge-se aqui ao ideal WASP que costuma dominar o desenho de personagens das animações mainstream americanas. Em todo o filme procura-se representar aquele canto da América como uma mistura de culturalidades longe do ideal apregoado ao longo dos anos. Infelizmente, Turbo volta a explorar a máxima eternamente gasta de luta-pelos-sonhos-de-uma-forma-irresponsável-que-tudo-vai-por-milagre-correr-bem-no-final. O que Turbo tem, acima de tudo, é a mensagem constante relativa a trabalho de equipa. Desde a apanha de tomate dos caracóis, passando pelos donos das lojas do Sunshine Plaza e, finalmente, nas corridas, tudo é conseguido por trabalho de equipa. As ambições de Teo em concorrer no Indy500 são também conseguidas pelo esforço de Tito e dos seus amigos, assim como de uma equipa de caracóis que ganham o respeito de Teo, por mais lentos que sejam. No final, temos um filme que consegue fugir à narrativa de Carros, apesar das aparentes semelhanças óbvias entre ambos os filmes. Tecnicamente, não há muito a falar. A qualidade da animação desta equipa está num patamar de excelência que vai envolver-te em cada frame do filme. No entanto, se já tiveres filhos, sobrinhos ou se fores babysitter, uma palavra de aviso: prepara-te porque, depois de verem este filme, os putos vão encher o teu Verão com corridas alucinantes de caracóis à enorme velocidade da imaginação deles.