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Tecnologia

Cientistas desvendaram o mistério das cachoeiras de sangue da Antártida

As águas vermelhas caem de uma geleira de 30 metros.
Imagem: Wikipedia

A Blood Falls, ou Cachoeira de Sangue, é um ponto na Antártida que recebeu esse nome muito adequadamente. A corrente de água de mais de 30 metros que corre ao lado de uma geleira é de um vermelho cor de sangue vivo e profundo.

Embora saibamos há décadas as causas dessa cor vermelho-sangue, levou mais de cem anos para que os cientistas desvendassem as causas da Cachoeira de Sangue: um lago subterrâneo antigo e secreto.

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A cachoeira de sangue foi descoberta por Griffith Taylor, um explorador australiano, durante uma expedição em 1911. Na época, ele e outros pesquisadores se questionaram se a cor vermelha poderia ser causada por algas que vivem na água.

“É algo surreal e de outro mundo”, contou Steve Martin, historiador da Antártida, ao Motherboard. “Quando o explorador Griffith Taylor e seus companheiros viram a cachoeira de sangue jorrando do topo da geleira, eles devem ter pensado que se tratava de mais uma bizarrice em uma parte muito estranha do mundo.”

Embora mais tarde os cientistas tenham percebido que era a alta concentração de ferro que tornava a água vermelha (a água oxida e fica vermelha quando exposta ao ar), eles ainda não sabiam de onde a água vinha ou como a queda se formava.

“Não sabíamos de onde vinha a água salgada. Não sabíamos como ela chegava até a geleira”, explicou Erin Pettit, um dos cientistas que desvendou o mistério da Cachoeira de Sangue. “Se a água salgada começasse na base da geleira, ela deveria ter continuado a fluir até a base.”

Mas, em vez disso, essa água salgada jorrava do topo da geleira e fluía para a borda, terminando em um lago próximo.

Para compreender como ele se formava, Pettit e sua equipe fizeram uma trilha pela geleira e realizaram medições com um sensor de ondas de rádio, um instrumento que envia pulsos de rádio pelo gelo.

Os cientistas notaram que, quando as ondas atingiam as águas salgadas que vão para a Cachoeira de Sangue, elas se espalhavam. Isso permitiu que eles mapeassem exatamente onde a água estava serpenteando através da geleira. Eles por fim identificaram que a imensa pressão de gelo comprimia a água que estava presa em um lago antigo e subterrâneo.

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“Foi muito poderoso pressurizar a água salgada naquele canal”, afirmou Pettit. “Mesmo que não esteja sempre jorrando do topo da geleira, está sempre dentro do gelo, como uma espécie de massa de gelo pressurizada e lamacenta.”

A equipe publicou seus achados e foi capaz confirmá-los quando uma equipe de perfuração visitou a região no ano seguinte. Por meio do mapa criado por Pettit e sua equipe, o time localizou o local onde a fonte subterrânea estaria e começou a trabalhar. Como era de esperar, água salgada vermelha como sangue jorrou ao redor da broca.

Os cientistas também forneceram mais contexto para as formas de vida que já haviam sido descobertas lá: pequenos microrganismos capazes de sobreviver em águas supersalinas e geladas, com grande concentração de ferro, sem a luz do sol e sob a geleira. Estudá-los pode nos ajudar a compreender como a vida pode sobreviver em outros ambientes extremos, como, por exemplo, o espaço.

“Essa primeira descoberta está nos levando em um caminho de mais descobertas e explicações”, Martin afirmou. “A Antártida ainda não nos revelou todos os seus segredos.”

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