Descobrir uma espécie nova já é um acontecimento empolgante, porém, a descoberta da Tingmiatornis arctica, uma ave recentemente identificada e descrita como um cruzamento entre uma gaivota e um cormorão, foi excepcional por causa de sua localização inusitada.Os restos fossilizados da ave foram descobertos na ilha remota de Axel Heiberg, no extremo norte do Canada, no Círculo Polar Ártico, durante uma expedição liderada por John Tarduno, diretor de Ciências Ambientais e da Terra da Universidade de Rochester. O pesquisador e seus colegas anunciaram a descoberta da espécie nova na Scientific Reports.
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Uma ave como a T. Artica não sobreviveria nas condições extremas da ilha Axel Heiberg nos dias de hoje, em que as temperaturas raramente ficam acima de zero. Entretanto, durante a era Turoniana do período Cretáceo, aproximadamente 89 a 93 milhões de anos atrás, essa área passou por um período de aquecimento. Naquela época, a região polar enfrentou temperaturas anuais mínimas de 14 graus Celsius (ou 57,2 F), um clima que se assemelha mais à Florida dos dias de hoje do que com Nunavut.O ecossistema exuberante que a ave habitou em outras épocas jaz em meio aos depósitos de fósseis da ilha, fornecendo um retrato do norte do Canadá quando ele era formado por pântanos vulcânicos e ativos, com uma abundância de biodiversidade."Os fósseis nos contam como o planeta deve ter sido em um mundo sem gelo no Ártico", afirmou Richard Bono, candidato a PhD na universidade de Rochester, em artigo. "Ele teria sido muito diferente de hoje, em que há tundra e menos animais."Se as mudanças climáticas causadas pelos humanos continuarem aumentando as temperaturas, talvez o Ártico volte a se parecer com o antigo Turoniano. Nesse meio-tempo, o fóssil do T. arctica nos mostra uma visão dos ecossistemas ricos que outrora prosperaram no extremo norte do planeta.Tradução: Amanda Guizzo Zampieri