A frescura dos "Verdes Anos" no Doclisboa
"Terreno", de André Picardo. Todas as fotos cortesia Doclisboa

FYI.

This story is over 5 years old.

cinema

A frescura dos "Verdes Anos" no Doclisboa

Nesta secção do festival lisboeta, há filmes portugueses de jovens realizadores e de estudantes das mais diversas áreas, para descobrir sem reservas.

O que é um festival de cinema se não a excitação da descoberta, do novo, da frescura de quem se apresenta no grande ecrã sem lastro, de olhos postos no futuro? No Doclisboa, a secção Verdes Anos é isso mesmo. O olhar para o futuro da produção cinematográfica nacional, para as escolas, para os cineastas em formação.

Uma programação corajosa, claro, assente no risco de mostrar o que mais ninguém ainda mostrou, a um público alargado e habitualmente criterioso. Depois dos quartos, das salas de aula, das mesas de café onde as ideias se formaram, depois dos elogios dos amigos, da mãe, do primo e da tia, a prova de fogo da exposição pública.

Publicidade

Num ano em que o cartaz do Doclisboa conta com 44 filmes portugueses, 11 em competição e todos em estreia mundial, excepto António e Catarina, de Cristina Hanes, em estreia nacional, depois de vencer o prémio de curtas-metragens no Festival de Locarno, mas incluíndo a nova obra de Manuel Mozos, Ramiro, com honras de Sessão de Abertura, as 21 propostas da secção Verdes Anos, que tem uma competição e júri próprios, é bastante prometedora.


Vê também: "Retratos do 'sangue novo' de Hollywood: Anna Rose Holmer"


"A secção Verdes Anos apresenta filmes portugueses de jovens realizadores e de estudantes das mais diversas áreas, pretendendo dar reconhecimento ao seu trabalho e apresentá-lo a um público alargado. Esta secção cria uma plataforma de diálogo e reflexão que pretende contribuir para o desenvolvimento de novos cineastas", explica a organização do Festival.

Para além das cinco sessões com os filmes em competição, a secção conta com mais alguns momentos especiais, entre os quais a Sessão de Abertura "onde se estabelece uma ligação entre três elementos importantes da expansão desta secção ao longo dos últimos anos: o trabalho resultante do primeiro Grande Prémio La Guarimba, uma residência na cidade de Cleto, no sul de Itália, por Robin Petré; a escola convidada do ano passado, a Universidade de Artes e Design de Karlsruhe; e a deste ano, a Escola de Cinema e Televisão da Academia de Artes Performativas de Praga".

Publicidade

O DocLisboa'17, que decorre de 19 a 29 de Outubro, em vários espaços da capital tem uma programação vasta para lá das competições, que, como avançou a sua directora, Cíntia Gil, durante a apresentação do evento reflecte "a diversidade de olhares e de idades dos realizadores, de formas e de propostas políticas e temáticas". A VICE estará presente na programação, com uma sessão especial de entrada gratuita, que decorre no sábado, 21, no Cinema São Jorge.

Abaixo podes ficar a conhecer melhor os 21 filmes da secção Verdes Anos.

"Púrpura", de Pedro Antunes

Verdes Anos 1 - 23 OUT / 16.15, SÃO JORGE – SALA M. OLIVEIRA

"Uma escavação pela expressão do género em dois corpos. Eles são eufóricos e disfóricos enquanto se perfuram na extracção da identidade que lhes pertence. A metamorfose acontece e deixa fragmentos de Stá e Nix num vórtice consciente na cidade de Lisboa".

"Nightcrawlers", de Oktay Namazov

"Todos os dias da semana, a meio da noite, dois homens entram nas ruas minúsculas, estreitas e escuras de Lisboa com o seu caixote do lixo barulhento. Um é do norte de Portugal e vivido. O outro é um lisboeta jovem e despreocupado".

"John 746", de Ana Vîjdea

"Dentro de uma sala repleta de todo o tipo de objectos, um homem passa o tempo a pintar um remake mural de Guernica, de Picasso, a dar livros e a cuidar do cão. Numa derradeira tentativa de chegar ao público, inventa um plano: a destruição da Arte".

Publicidade

"Jacarépaguá", de Maria Ganem

"O cineasta francês Alain Cavalier visita uma casa suburbana no Rio de Janeiro, nos anos 1980, e interroga-se sobre os ganhos da chegada da câmara portátil ao cinema".

"Medronho Todos os Dias", de Sílvia Coelho, Paulo Raposo

"Este filme acompanha destiladores de Monchique que revelam os saberes ancestrais da colheita e destilação da aguardente de medronho. Mais do que o processo e o resultado, é uma meditação sobre a duração e o tempo particulares da serra".

"Caderno de Viagem", Luísa Seara Cardoso

"O filme retrata a relação de João Catarino com os diários gráficos. Os cadernos são um elemento com presença demarcada no quotidiano deste artista que os usa para roubar instantes à rotina e transformar os tempos mortos numa oportunidade de contemplação".

"Casa na Serra", de Rita Isaúl

"Sambade, Trás-os-Montes. Antes de o pai morrer, Maria dos Anjos prometeu-lhe que ficaria com a casa e a reconstruiria. Passados 10 anos, vai uma última vez à casa, antes desta ser reconstruída, para se despedir e concluir os preparativos para as obras".

"Rabo Negro", de Tiago Silva

"Luís Henrique Jorge tem 80 anos e vive sozinho. Viveu grande parte da vida na América Latina, esteve preso duas vezes e diz não acreditar em Deus. Centra os problemas no último relacionamento, nos vizinhos e numa crise de religião que afoga diariamente no vinho".

"O Descanso na Intensidade das Cores", de Francisca Marvão eTatiana Saavedra

"A vida é uma viagem vertiginosa. O quotidiano das gentes de Săpânţa acompanha essa viagem, da morte ao nascimento, das cores ao seu descanso".

Publicidade

"Pulmões", de Bronte Stahl

"O parque convida à reflexão e o filme aquiesce. O público é levado para além do ponto onde normalmente a curiosidade se detém. Passeio aprimorado, repouso experiencial, a meditação prevalece enquanto homem, cidade e natureza convergem e se misturam".

"Garden Beautiful", de Oleksandr Soldatov

"Preparativos para o Natal ortodoxo em Portugal de três gerações de imigrantes ucranianos revelam um problema oculto: qual é a sua casa? A avó, a mãe e a filha têm respostas diferentes, mas têm de chegar a um entendimento".

"Pesar", de Madalena Rebelo

"Numa visita à última casa que os seus pais partilharam como casal, uma jovem cria o imaginário de um universo que nunca presenciou".

"Pelágico", de Pedro Koch

"Uma viagem sobre a evolução do peixe guiada pelas mãos do homem que não tem a certeza se o deve comer ou domesticar".

"Sculpting the Body; a Theatre of Physicality", de Samuel Meyle

"Uma forma teatral contemporânea conhecida frequentemente apenas como teatro físico – procurar explorar alguns dos processos criativos envolvidos na expressão de uma forma de arte performativa que inclui a palavra dita, mas provém principalmente do corpo humano".

"Entre o Céu e o Mar", de Giuliane Maciel

"O filme nasce da necessidade de respostas, da busca da realizadora pelas suas origens junto de memórias e antigas cassetes filmadas por si e pelos seus pais".

"Brthr", de Inma Veiga

"A primeira vez que vi o meu irmão, não gostei dele e disse à minha mãe para o devolver. Dezassete anos depois, Brthr mostra a sua transição do fim da adolescência para o início da idade adulta. Um filme sobre a procura de identidade e auto-aceitação."

Publicidade

"Terreno", de André Picardo

"Um lugar perdido no tempo continua a emergir na memória de Celine. A partir de um conjunto de fotografias do álbum de família, ela procura reconstruir e aproximar-se de uma série de vivências de infância, entre a Colômbia e a Alemanha".

"Quando o Dia acaba", de Pedro Gonçalves

"O retrato de uma família homoparental. Marta e Mariana são casadas e vivem com os dois filhos – Matias (4 anos) e uma menina de um ano, Maria Mar – e um dálmata. Como é que o amor entre estas pessoas se pode materializar em pequenos gestos?".

"Ex-Venus in Furs", de João Martinho

"Um casaco de peles pousado numa cadeira, no meio de uma sala apalaçada. A quem pertence? A Larissa, a Coco Chanel do rock 'n' roll, rosto do Studio 54 e da alta-costura americana dos anos 1970 e 80, uma diva eterna".

"Lemons", de Srinivas Reddy Sanikommu

"Uma rapariga e a sua amiga tentam roubar limões do pomar da igreja, o que leva a uma inesperada conversa íntima sobre religião e liberdade pessoal. As discussões inspiram uma demanda de reconquista da sua autonomia de uma instituição religiosa".

"Norley and Norlen", de Flávio Ferreira

"A linguagem silenciosa de dois irmãos, intimidade física. A diferença através da igualdade. Norley e Norlen são gémeos. Umas vezes lutam… e outras não".


Este ano, a VICE Portugal associa-se ao festival lisboeta e integra a programação com três produções internacionais que pretendem espelhar o compromisso da VICE com o jornalismo de investigação, documental e de actualidade, que reflecte assuntos cruciais no contexto da sociedade global em que vivemos.

Raised Without Gender (ver trailer abaixo), sobre a educação de crianças na Suécia, num paradigma em que o género não binário é aceite e incentivado pela sociedade, Lights in Dark Places: The Refugee Crisis in Greece, realizado pela actriz, modelo e activista Lily Cole, numa abordagem muito pessoal à crise dos refugiados na Europa, e El mundo de los transgénicos en España, uma produção VICE Iberia, para o programa televisivo DIARIO VICE, que analisa, sem preconceitos, as verdades, mentiras, fobias e medos que se escondem por detrás dos transgénicos, são os documentários escolhidos.

Podem ser vistos numa sessão especial, marcada para 21 de Outubro, sábado, a partir das 18h00, na sala 2 do Cinema São Jorge. A entrada é gratuita e limitada à capacidade da sala.

Segue a VICE Portugal no Facebook, no Twitter e no Instagram.

Vê mais vídeos, documentários e reportagens em VICE VÍDEO.